A Síndrome do Impostor


É preciso estar atento! Quantas vezes você descaracterizou ou minimizou os elogios que recebe?


Tá, antes de qualquer coisa deixa eu explicar o que é esse novo comportamento que vem sendo observado principalmente entre as mulheres, em especial aquelas que se destacam no meio profissional ou acadêmico, mas os homens também podem apresentar. A Síndrome do Impostor é caracterizada pela sensação de incapacidade; não importa o nível de sucesso ou de destaque que uma pessoa atinja em sua vida profissional, as provas externas de sua competência, ela permanece convencida de que não merece todo esse sucesso e que é, de fato, uma impostora.

Ano passado, Emma Watson, uma das grandes estrelas do sucesso Harry Potter, declarou em uma entrevista que parecia que quanto melhor ela se saía, maior era o sentimento de inadequação, porque pensava que, em algum momento, alguém iria descobrir que ela era uma fraude e que não merecia nada do que tinha conquistado. Outra grande atriz que também declarou esse mesmo sentimento, foi Kate Winslet, que fez Rose no Titanic, ela disse em uma entrevista também que acordava de manhã, antes de ir para uma gravação, e pensava que não podia fazer tudo aquilo, que ela era uma fraude.

É algo muito delicado, meu caro leitor, porque perpassa pela ideia que a pessoa possui de si mesma. É, de fato, uma característica que abala profundamente a autoestima. Porque por mais que recebam todos os elogios, os melhores feedbacks, o maior reconhecimento por aquilo que fazem, sentem-se indignas de receber tanto destaque, não se consideram inteligentes ou capazes. Mais ainda, elas estão profundamente convencidas de que todos estão enganados sobre suas habilidades, que elas chegaram onde chegaram por acaso, por sorte e que, em algum momento, irão descobrir isso.

Não se achar merecedor. Acreditar que existe algum “defeito de fábrica” que nos faz sentir menos do que as outras pessoas e, consequentemente, que não merecemos as coisas que queremos viver. E o mais incrível disso tudo é perceber de que forma a gente se comporta diante disso tudo. Se dar conta dos condicionamentos que criamos, das defesas que estabelecemos para precisar provar a todo tempo que somos bons e suficientes – o que cria uma bola de neve, já que sempre há algo a ser melhorado – da forma como somos responsáveis pela maneira que nos mostramos e nos apresentamos ao mundo. É, digo a gente porque também já me vi nesse processo. De acreditar que tudo que fazia não era suficiente, não era bom o bastante, que existem pessoas mais inteligentes, melhores, mais bacanas e incríveis do que eu e que, essas sim, mereciam ter as coisas que queriam. Mas, observar esse movimento aqui dentro foi crucial para despertar para o fato de que, pensando dessa forma, aí é que eu não tinha mesmo as coisas que eu queria. Percebe?

Além do sentimento de não merecimento, a Síndrome do Impostor impede que desfrutemos de nossos sucessos, já que precisamos gastar muito mais energia para manter a produção, a criação, o alto nível, a alta performance; criando padrões elevadíssimos para nós mesmos, resultando ou no excesso de trabalho, de estudo, de preparo ou levando à procrastinação, a não conseguir terminar nada.

É preciso estar atento! Quantas vezes você descaracterizou ou minimizou os elogios que recebe? Quantas vezes deixou de olhar para as tentativas de construção de um projeto, por exemplo, e olhou somente para o fato de que não deu certo?

Olhar de forma positiva para os nossos próprios resultados, avanços, caminhada. Reconhecer os méritos, valorizar o trabalho. Tirar proveito das falhas, dos erros, encarar como lições e aprimoramentos e tentar não dar tanto ouvido à vozinha interior que fica gritando que não somos capazes, não somos suficientes, não somos merecedores.

É um exercício diário!


Mariana Benedito – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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