Artigo de João Otávio Macedo – ENFIM, O AEROPORTO


"“envio os parabéns e os agradecimentos ao itabunense Olívio Borges e seus pares do Aero Clube de Itabuna”


Nesse caldeirão de eventos ruins com que os meios de comunicação diariamente nos brindam, felizmente, uma grata notícia: o nosso aeroporto voltará a funcionar. Depois de tantos anos abandonado, justamente logo após a inauguração da pista asfaltada e das novas e confortáveis instalações de passageiros, parece que veremos, novamente, a movimentação daquele aeroporto, ou campo de pouso, como alguns gostam de chamar, trazendo mais um ponto de atenção da cidade e facilitando a vida de tantos que desejam uma viagem rápida, mesmo que não seja nas modernas e gigantescas  aeronaves, já que o tamanho da pista só permite, pelas leis que regem a aviação, aeronaves de médio porte.

Por algumas vezes, aqui neste jornal e, também, nas páginas  do “AGORA”, tive a oportunidade de comentar sobre o nosso aeroporto, a importância que teve nos anos cinquenta e sessenta e, até mesmo, na década de setenta, mesmo com pista encascalhada e precárias acomodações para atender os passageiros  e, dois anos atrás, comentei o esforço dos componentes do Aero Clube de Itabuna, pressionando o poder municipal para dar a sua cota de participação na reativação do nosso aeroporto.

Como costumamos fazer em nossos comentários, sempre contamos um pouco da história de Itabuna e, com o aeroporto, não tem sido diferente nos vários artigos em que abordamos a questão aeroviária, mostrando aos nossos jovens que, assim como já tivemos uma ferrovia que ligava Ilhéus a Itabuna, a Pirangi (Itajuipe), a Água Preta (Uruçuca) e a Poiri (Arelino Leal), que funcionou até  1964, também já tivemos um grande movimento aeroviário, iniciado em 1952, com alguns aviões de médio porte, principalmente os seguros DC-3, com saídas de Itabuna para Salvador, Belo Horizonte, Rio e São Paulo. Nos anos cinquenta e sessenta podia-se tomar um DC-3 da Varig, no nosso aeroporto Tertuliano Guedes de Pinho, às 07:05 da manhã, para Salvador, havendo outro que retornava por volta das 15,30 hs. Já relatei, em crônicas passadas que, em 1955, o então Presidente da República João Café Filho, aqui desceu com sua comitiva, pernoitando em nossa cidade e participando de uma reunião no Itabuna Club para, no dia seguinte, seguir para Paulo Afonso a fim de inaugurar a Usina do mesmo nome, que trouxe progresso para o nordeste. Um ano após, seria a vez de uma importante equipe carioca, o Botaofog, descer o seu elenco no nosso aeroporto, com Nilton Santos, Garrincha e outros bambas, sendo a primeira equipe do Rio de Janeiro a se apresentar nos gramados da antiga LIDA.

Pois bem, para tristeza de tantos quantos amam esta cidade e para desgosto dos que preferem o transporte aéreo, o nosso aeroporto foi modernizado e desativado; isso ocorreu nos anos oitenta e pensávamos que não haveria mais jeito. Felizmente vieram os jovens do Aero Clube de Itabuna, com persistência  e fé na sua capacidade, conseguindo reverter uma situação que parecia definida e eis que o aeroporto retornara.

Daqui destas páginas envio os parabéns e os agradecimentos ao itabunense Olivio Borges e seus pares do Aero Clube de Itabuna, pela teimosia que tiveram, quando tudo parecia perdido, trazendo um presente valioso ao povo de Itabuna e da região. Esperamos que o nosso aeroporto tenha vida longa.