As reformas, o parlamento e a oposição



Não tem como acreditar em um país com a grande maioria dos parlamentares atrás de dinheiro para votar as reformas propostas pelo governo.

Não se tem uma posição assentada na convicção, no pensar de cada um, justificando por que é contra ou a favor. É tudo na base do toma lá, dá cá, do “faz-me rir”.

É uma dinheirada oferecida em troca de votos. Não é à toa que o sistema político-partidário é considerado podre. O Congresso Nacional parece um balcão de negócios sem limites de compra.

Já foram votados projetos com impacto de R$ 30 bilhões nas contas públicas e mais de R$ 3 bilhões de emendas parlamentares. Sem falar nos R$ 500 milhões para as centrais sindicais.

O governo sabendo que é assim, e com o agravante de uma rejeição histórica, portanto sem apoio popular, não tem outra saída que não seja a da prostituição parlamentar.

São bilhões em troca de votos para a reforma previdenciária, tudo feito escancaradamente, sem nenhum tipo de constrangimento.

Até a verba do fundo partidário é usada nas negociações. Ou seja, os parlamentares que votarem contra a reforma da Previdência vão ficar sem o dindin.

O problema não é ser contra ou a favor. É deixar de ser contra e a favor em decorrência de outros motivos que fazem com que o Parlamento fique cada vez mais desacreditado.

Como não bastasse todo esse vergonhoso troca-troca pecuniário, tem as legendas de oposição radicalizando suas ações, o que é um grave e preocupante erro.

Agindo assim, fica parecendo que o oposicionismo, mais especificamente em relação à reforma previdenciária, é contra a qualquer mudança.

Os partidos de oposição, como o PT, PDT, PCdoB – citando apenas três –, passam a ser defensores da manutenção de aposentadorias escandalosas no serviço público, privilegiando uma casta da sociedade.

Não tem como ser esperançoso, sonhar com um Brasil melhor, mais justo e correto, com um Congresso Nacional abarrotado de “homens públicos” que trocam seus votos por dinheiro e uma oposição que só pensa nas urnas.

Lula, PT e as alianças

Todos os presidenciáveis têm o seu eleitorado cativo, aquele que vota independente de qualquer coisa que possa surgir contra o candidato.

O de Lula, no entanto, é o que mais impressiona. Parece que as notícias negativas sobre o petista, por mais graves que sejam, só fazem aumentar essa, digamos, paixão desenfreada.

Nos bastidores, os oposicionistas já admitem que Lula não será abatido por acusações, mesmo robustecidas de contundentes provas.

A conversa agora gira em torno da inelegibilidade, do julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) como o único meio de evitar a vitória de Lula nas urnas.

O lulismo, principalmente na região nordeste, responsável direto por colocar o petista na frente nas pesquisas de intenção de votos, continua inabalável.

Outro ponto interessante é que a grande maioria do eleitorado de Lula não se importa com as alianças que ele vem fazendo, visando ao terceiro mandato presidencial.

A prova inquestionável dessa indiferença com os acordos de Lula é sua reaproximação com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que responde a 12 investigações no Supremo Tribunal Federal – STF.

Renan Calheiros é o exemplo-mor. Se dependesse de Lula, o PT não faria nenhuma restrição ao PMDB. É bom lembrar que o parlamentar foi peça indispensável no impeachment de Dilma Rousseff.

A militância do Partido dos Trabalhadores não é mais exigente, se rendeu ao pragmatismo e ao vale-tudo para chegar ao poder.

O filme se repete

Quem apostou que a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna era mais uma promessa em período pré-eleitoral, como aconteceu outras vezes, pode ganhar.

A Secretaria do Tesouro Nacional (STN), órgão do Ministério da Fazenda, acaba de informar que a Bahia está entre os 12 estados impedidos de receber garantias da União para contrair novos empréstimos.

Existem quatro tipos de classificações: A, B, C e D. Somente as duas primeiras garantem operações de crédito com o aval da União.

A Bahia tem nota C desde 2014. Ou seja, está impedida de fazer empréstimos em decorrência de níveis baixos de investimentos, conforme avaliação da STN.

Portanto, a tão sonhada duplicação da BR 415 é novamente um pesadelo. O filme se repete e os protagonistas são os mesmos: os senhores políticos.

Pedido de vista gera desconfiança  

O assunto mais comentado hoje em Itabuna, não só nos bastidores como em todo lugar, é o julgamento do TSE sobre a cassação do mandato de Fernando Gomes.

Os que apostam no afastamento do prefeito acreditam que os julgadores da instância máxima da Justiça Eleitoral não vão passar por cima do parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) e do acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU).

Vale ressaltar que o parecer do MPE é muito incisivo e cheio de contundentes provas contra o alcaide. Sem falar no placar de 6×0 no TCU.

Do outro lado, os fernandistas dão como favas contadas um pedido de vista no TSE, empurrando o processo para o ano de 2018.

Sobre o instrumento jurídico de “Pedido de vista”, o professor Ivar Hartmann, da FGV Rio, tem razão quando diz que “o problema maior é o uso unilateral do pedido de vista como uma maneira de vetar uma decisão da Corte, à revelia do presidente do tribunal e do relator do processo”.

DEM, PT e a nova pesquisa

ACM Neto X Rui Costa

Não é verdade que a recente enquete da Paraná Pesquisas sobre a disputa do Palácio de Ondina agradou o PT e a base aliada do governo.

A diferença ente ACM Neto e Rui Costa até que diminuiu, mas não no que era esperado. Petistas mais otimistas falavam até em empate técnico.

Criou-se em torno do “Rui Correria” a expectativa de que na próxima pesquisa o governador estaria colado no prefeito de Salvador. Ledo engano.

Vale ressaltar que as realizações de ACM Neto se restringem a Salvador. Ao contrário de Rui, que é uma espécie de “prefeito” de toda a Bahia.

A diferença de 15% a favor do demista, em uma eventual eleição no segundo turno, é considerável. Não pode ser tratada com indiferença. É preocupante.

Outro detalhe é que essa dianteira de ACM Neto fortalece as articulações para que partidos aliados ao governador passem para o lado da oposição, como o PP e o PR.

O comando nacional dessas duas legendas já discute a possibilidade de apoiar Neto. O oposicionismo sonha com uma coligação DEM-PSDB-PMDB-PP-PTB-PR-PV-PPS e outros partidos de menor expressão.

Portanto, não é aconselhável nenhum tipo de comemoração por parte dos aliados do governador Rui Costa, que é um fortíssimo candidato à reeleição.

Vai ser uma eleição dura, acirrada do começo ao fim. Aquele “já ganhou” do PT, dizendo que o segundo mandato de Rui era favas contadas, escafedeu-se.

O engraçado é que a empresa Paraná Pesquisas, antes desacreditada pelo petismo, passou a ser considerada. Não se fala mais cobras e lagartos do instituto.

As manchetes dos segmentos da imprensa ligados ao PT foram as mesmas: Cai a diferença entre ACM Neto e Rui Costa. Do lado do DEM: ACM Neto na frente de Rui Costa.