A campanha de Mangabeira



Antonio Mangabeira (Foto: Evellin Portugal/Diário Bahia)

O deputado Félix Júnior, presidente da executiva estadual do PDT, está animadíssimo com a pré-candidatura do médico Antônio Mangabeira ao Parlamento federal.

Segundo Félix, o ex-candidato a prefeito de Itabuna, o segundo mais votado na última sucessão municipal, com quase 19 mil sufrágios, pode se eleger com 40 mil votos.

Na terça-feira (6), o dirigente-mor da legenda brizolista esteve na cidade para comunicar ao colégio Félix Mendonça sua emenda de R$ 600 mil, já disponível.

Para o experiente deputado, que é o líder da bancada baiana no Congresso Nacional, a eleição de Mangabeira é muito importante, não só para Itabuna como para o sul da Bahia.

“É um bom nome, um nome honrado, que faz a gente acreditar que a política tem jeito”, diz o cada vez mais empolgado Félix Júnior.

O ex-prefeiturável, que além de médico é formado em Direito e Administração de Empresas, também aluno de engenharia civil e ambiental, está confiante na sua eleição.

As pesquisas de intenção de votos, realizadas em Itabuna, apontam o pedetista na frente, mantendo uma boa diferença em relação ao segundo colocado. Mangabeiristas mais otimistas apostam em uma votação acima dos 30 mil votos.

No mais, é o eleitor votar em candidatos da Região, dando um chega pra lá nos forasteiros e oportunistas de plantão.

Os planos do PT

Depois do plano A, que é Lula como candidato ao Palácio do Planalto, veio o B com Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, e o C com Jaques Wagner, ex-governador da Bahia.

Já se fala agora no plano D com Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores do então governo Lula. Apoiar outro nome fora do PT é plano N, ene de nunca.

O plano A fica cada vez mais complicado. O B não empolgou. O C, com o indiciamento de Wagner pela Polícia Federal, foi para o espaço. O D é mais uma tentativa fadada ao fracasso.

Qual seria então o plano E, com o descarte do A, B, C e do D? Sem dúvida, uma pergunta de difícil resposta. O PT não tem mais opção eleitoralmente viável.

Os que ainda acham que o plano E é abrir mão de candidatura própria para apoiar um presidenciável de outra legenda podem mudar de opinião.

O PT é o PT e ponto final. Ciro Gomes, também postulante ao cargo maior do Poder Executivo, pelo PDT do saudoso Leonel Brizola, tem razão quando diz que “é mais fácil um boi voar do que o PT apoiar alguém”.

PDT, PCdoB e o PSB, como resposta a essa intransigência do PT, deveriam lançar um único candidato. Esse movimento partiria da Bahia, já que os três partidos estão sendo defenestrados na composição da majoritária governista.

Pedetistas, comunistas e socialistas caminhariam por outra estrada, deixando de lado a histórica dependência com o PT, principalmente no tocante à disputa presidencial.

Vale lembrar que o PDT, PCdoB e o PSB, com o aval das suas lideranças nacionais, pretendem formar um bloco de oposição ao governo Temer sem a participação do PT.

O novo bloco terá 66 deputados federais, superando os 57 do PT. O motivo da rebelião é o não cumprimento do acordo fechado no ano passado.

O PT não quer “largar o osso”, como diz a sabedoria popular. Ou seja, não quer ceder a cadeira de líder da oposição ao PDT, conforme combinado.

Pois é. Mesmo depois de ter seus planos sendo frustrados um a um, com a imagem cada vez mais desgastada, o PT insiste em não calçar as sandálias da humildade.

Que o PT faça uma reflexão e chegue à conclusão de que apoiar um presidenciável de outra legenda é um gesto de grandeza, enterrando de vez a concepção de que o petismo só pensa nele.

ACM Neto, sucessão e o DEM        

Assumindo o comando nacional do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, terá mais condições de atrair outras legendas em torno de uma eventual candidatura ao governo da Bahia.

O alcaide soteropolitano não iria assumir o controle do DEM sem exigir algumas contrapartidas, principalmente em relação ao processo sucessório do Palácio de Ondina.

Neto sabe que a prioridade do DEM é a sucessão estadual da Bahia, que a legenda não medirá esforços para derrotar o governador Rui Costa (PT-reeleição).

Além de um bom dinheiro do fundo partidário, o DEM vai tentar atrair o PP e o PR, agremiações da base aliada do presidente Temer, para a campanha de Neto.

Todo o esforço para atrair pepistas e republicanos será em vão, se as pesquisas indicarem que ACM Neto tem poucas chances de ganhar a eleição.

O PP e o PR são legendas 100% pragmáticas, só correm para o lado de quem tem mais perspectivas de vitória. São partidos do toma-lá-dá-cá.

Na frente do DEM, Neto vai se inteirar das articulações da legenda nos Estados, o que pode levar a um acordo aqui na Bahia.

Se o PR, por exemplo, tiver candidatura própria para o governo de um Estado, o DEM pode apoiar o candidato em troca do apoio a ACM Neto.

Todo mapa eleitoral do país será esmiuçado, com a candidatura do gestor de Salvador sempre como primazia e preponderância nas negociações.

Como a candidatura presidencial de Rodrigo Maia é de mentirinha, o DEM pode até negociar sua “desistência” para facilitar os acordos com o netismo.

Tudo será feito para derrotar o PT, mais especificamente o da Bahia. A reeleição de Rui Costa é tida como indispensável para o começo de uma reviravolta do petismo.