Coluna de Mariana Benedito – Onde colocamos nossa atenção


“Se só nos atentamos às negatividades, defeitos, faltas, pendências, elas crescem e ganham proporções absurdas”


 

Estava eu circulando pelo planeta Instagram dia desses e, navegando no explorar, me deparo com a foto de uma moça super bonita, num lugar super bonito, num dia super lindo de sol, aproveitando uma super piscina altamente convidativa. E eis que me deparo com a legenda que dizia mais ou menos assim: não prestem atenção no meu batom borrado.

Naquele exato momento, meu amadíssimo leitor, a última coisa que eu havia reparado foi no batom borrado dela e, após ler a legenda, eu só conseguia focar a atenção no tal do borrão milimétrico do batom. E aí, meu caro, pensei cá com meus cachos e botões que a gente tem o poder de colocar a atenção no que deseja. E isso vale para tudo, acredite! Pegue na minha mão e acompanhe meu raciocínio.

Existe uma fábula, misturada com ditado popular, que fala sobre os dois lobos que habitam em cada um de nós: o bom, que é o da alegria, paz, amor, serenidade, humildade, bondade; e o mal, caracterizado pela raiva, inveja, arrogância, mentira, orgulho e a reflexão de que vence aquele lobo que a gente mais alimenta. Ou seja, meu querido, trocando a coisa em miúdos, no que a gente coloca a atenção, cresce. Se só nos atentamos às negatividades, defeitos, faltas, pendências, elas crescem e ganham proporções absurdas. Nosso olhar se limita e só enxerga a escassez. Ao passo que, quanto mais focamos e colocamos a nossa atenção nas belezas, presentes e aprendizados desta vida, mais a percepção fica leve, com capacidades e habilidades de ver saídas e soluções para as situações mais adversas. É uma questão de prática. Faça o exercício. #ficaadica.

Outro ponto que acredito valer a reflexão é o fato de a gente estar vivendo uma era estranha. Ser normal, errar, não ser perfeito são problemas gravíssimos! A gente está tão preocupado em sempre suprir as expectativas alheias e, literalmente, estar bem na foto, que a gente se antecipa nas desculpas quando algo sai do trilho. Vivemos pedindo desculpas por coisas humanas. Pedimos desculpas quando choramos ao relatar algo que mexe com a gente, pedimos desculpas quando não conseguimos nos concentrar numa atividade por ter alguma coisa nos inquietando. Pedimos desculpas por sermos reais. Tentamos disfarçar, antecipadamente, falhas e erros reais por uma cobrança insana por perfeição e numa busca mais insana ainda por aceitação em um mundo que venera Barbies e Kens, bonecos estáticos.

E nós não somos perfeitos. Ainda bem!

Nosso batom borra, não ficamos bem de todos os ângulos, o cabelo despenteia, a maquiagem sai. E isso é meramente – e incrivelmente – o sinal de que estamos vivendo.

Onde nós estamos colocando a nossa atenção?

 

– Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.