COLUNA WENSE: Rui, os aliados e a sucessão de Salvador


"O ministro da Justiça e da Segurança Pública, em uma escala de 0 a 10, teve nota 7,3"


 Quem mais sabe que não será candidato ao Thomé de Souza, que a possibilidade de receber o apoio do governador Rui Costa é um grande pesadelo, percentualmente 0%, é o próprio deputado federal Cacá Leão, do Partido Progressista (PP).

Ora, até as freiras do convento das Carmelitas, pelo menos as mais politizadas, sabem que Cacá Leão está muito longe de ser um prefeiturável. Quando o assunto é a sucessão de ACM Neto, o parlamentar não joga o jogo sucessório, é carta fora do baralho.

Cacá é filho do vice-governador João Leão, que controla o PP com mãos de ferro. A legenda caminha de acordo com sua vontade e conveniências políticas, o que é inerente a todos os dirigentes partidários que se acham donos de partidos.

Ao insinuar uma candidatura à sucessão soteropolitana, Cacá pressiona o governador Rui Costa (PT) por mais espaços no governo. Sem cerimônia, diz que o PP “tem interesse em uma pasta que, ao menos, ofereça a condição dos deputados fazerem a discussão das suas demandas”.

Esse “ao menos” leva à dedução de que os deputados estaduais não estão sendo atendidos nos seus pedidos, que querem mais, muito mais, um cafuné mais convincente. O tratamento dado ao PP precisa de uma revisão.

Cacá lembra, como mais um ingrediente para fortalecer o toma lá, dá cá, para oxigenar a pressão sobre o chefe do Executivo, que o PP já perdeu espaço com a extinção da Sudic e a privatização da Bahia Pesca.

É evidente que Rui Costa vai fazer de tudo para agradar o filho do vice-governador e, por tabela, o PP e o pai. Nada melhor do que um vice satisfeito, sem queixa, que olhe e cuide exclusivamente do seu quintal.

A insinuação de Cacá – vista por muitos petistas como uma ameaça –, de que poderá disputar a prefeitura de Salvador, além de não ter sido levada a sério, provocou a unânime opinião, no governo e na oposição, que a “candidatura” é de mentirinha ou brincadeirinha, o que termina sendo a mesma coisa no contexto analisado.

Confesso, francamente, que é mais fácil o nosso Cacá ser candidato a prefeito de Itabuna, do que Cacá, filho do vice, disputar a sucessão de ACM Neto (DEM). Falo do bom radialista Cacá Ferreira, da Rádio Difusora Sul da Bahia.

Os Leões, João e Cacá, pai e filho, não querem deixar de ser os “leões” da terra de todos os santos e orixás, politicamente fortes e de olho no futuro. Afinal, a política não costuma socorrer os que dormem.

O imbróglio para o governador é que os outros partidos que integram a base aliada não se acham inferiores ao PP. Também querem ser “leões”, com juba grande, garras e dentes afiados.

As outras agremiações partidárias também têm o direto de “rugir”. Não vão ficar miando como bons “gatinhos”. Querem também ser “leões”.

Moro na frente

Sérgio Moro
General Mourão

Pesquisa da XP Investimentos em parceria com a Ipespe, que mostra a popularidade de personagens políticas, coloca o ex-juiz Sérgio Moro na dianteira.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, em uma escala de 0 a 10, teve a maior nota: 7,3. Depois vem o presidente Jair Messias Bolsonaro pontuando com 6,7. O terceiro colocado é o ministro da Economia Paulo Guedes com 6,1. Logo em seguida, obviamente na quarta posição, o ex-presidente Lula com 5,5.

A nota do petista, preso em decorrência da Operação Lava Jato, serviu para deixar o staff bolsonariano sob alerta, reforçando a opinião de que Lula ainda é um incômodo, não é um defunto político enterrado sob 17 palmos de terra.

O quarto lugar do petista-mor, que junto com o PT comandou o país por quase 14 anos, é um importante aviso. Em conversas reservadas, alguns ministros já admitem que os esforços para manter Lula na prisão devem fazer parte do dia a dia do governo. Um olho no padre, outro na missa, como diz a sabedoria popular.

É evidente que a militância do Partido dos Trabalhadores comemorou a enquete e a preocupação dos bolsonaristas. Teve até petistas, sem dúvida os mais otimistas e eufóricos, dizendo que a nota de Lula é maior, que a XP Investimentos está a serviço do Palácio do Planalto.

Outro ponto levantado pelo lulopetismo, é que a grande maioria dos entrevistados é de regiões em que o antipetismo sobressai, onde o então candidato Fernando Haddad obteve uma fraca e decepcionante votação.

Os “mourãonistas”, correligionários do vice-presidente General Mourão, ficaram tristes com sua ausência nas primeiras colocações. Alguns chegaram a dizer que o caso da promoção do filho de Mourão no Banco do Brasil, triplicando o salário, contribuiu para a baixa nota.

A pesquisa foi boa para Moro, não só pelo fato de ter uma nota melhor do que a do presidente da República, como de ter seu concorrente mais direto ausente entre os primeiros colocados.

Moro e Mourão, se houver uma decisão de Bolsonaro de não se candidatar a um segundo mandato, via instituto da reeleição, são pré-candidatos na sucessão presidencial de 2022.

O caminho de Moro é menos espinhoso do que o de Mourão. Basta, como ministro da Justiça, combater a corrupção e as coisas erradas do governo, sem receio de desagradar fulano, beltrano, sicrano, gente próxima ao presidente ou da família. Ter do seu lado a Constituição, principalmente o princípio dos princípios: o que todos são iguais perante a Lei.

A Mourão fica o grande desafio de se livrar da pecha de que todo vice-presidente é uma figura decorativa. É bom ressaltar que o general vem fazendo de tudo para não ser um adorno, um enfeite palaciano.

O pior é que quando o vice não é discreto, os maldosos de plantão começam a inventar coisas para intrigá-lo contra o presidente de plantão. Vão ter que inventar muita coisa, já que Mourão está muito longe de ser uma figura decorativa.