Compasso de espera



O processo sucessório do Palácio de Ondina, a moradia mais desejada pelos políticos, só vai ficar desembaçado depois que ACM Neto decidir se disputa ou não o governo da Bahia.

Enquanto não houver uma decisão do alcaide soteropolitano, o cenário permanece envolto por uma grande neblina, provocando diversas especulações e disse-me-disse.

Na minha modesta opinião, o alcaide soteropolitano é candidato. Aliás, sempre achei que a decisão de não disputar o pleito teria mais consequências negativas do que uma eventual derrota.

O grupo de oposição, com seus vários vereadores, prefeitos, deputado estaduais e federais, ficaria órfão de pai e mãe, sem falar na debandada para o governismo.

Toda culpa pelo insucesso eleitoral, principalmente em relação à reeleição dos deputados, seria atribuída à ausência de ACM Neto na disputa.

O democrata, alçado à presidência nacional do DEM, vive o seu maior dilema político, do tipo se correr o bicho pega e se ficar o bicho come.

Se ACM Neto sair candidato é porque existe a possibilidade de ganhar a eleição. Do contrário, continuaria na prefeitura, cumprindo o seu segundo mandato.

Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que os políticos, com algumas exceções, se movimentam no cenário eleitoral de acordo com as pesquisas de intenção de votos.

Quando as consultas indicam uma eleição dura, alguns políticos costumam tomar posições dúbias, seja para valorizar o passe ou deixar a porta aberta para mudar de lado.

O presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Ângelo Coronel, do PSD do senador Otto Alencar, parece adotar essa tática da dubiedade, do suspense eleitoral.

Volta e meia, o Coronel deixa o PT e suas principais lideranças, aí incluindo obviamente o governador Rui Costa, na dúvida quanto ao seu apoio.

Na sua última entrevista, o Coronel fez críticas a Rui Costa e elogiou ACM Neto. Disse que o chefe do Executivo estadual é um “centralizador”.

Everaldo Anunciação, dirigente-mor do PT baiano, ex-vereador de Itabuna e ex-geraldista, para amenizar a situação, falou que a intenção do Coronel era “só ajudar”.

Outro que está deixando a base aliada governista com a pulga atrás da orelha é o vice-governador João Leão, em que pese suas declarações de fidelidade a Rui Costa.

Leãozinho, como é chamado carinhosamente por Rui, ainda não decidiu o que realmente quer na majoritária, empurrando sua decisão para mais perto da convenção do seu partido, o PP.

É bom lembrar que o governador, sob o receio de perder Leão para a oposição, já avisou que ele pode escolher entre continuar como vice ou ser candidato a senador.

O que se comenta nos bastidores é que o prefeito ACM Neto tem uma pesquisa que aponta a viabilidade de sua candidatura, que essa enquete estaria deixando muita gente indecisa.

O que é inquestionável é que a disputa vai ser acirrada. Muita gente, por exemplo, dizendo que Rui Costa faz um bom trabalho, mas é hora de mudar.

Esse crescente sentimento de mudança, detectado nas pesquisas, é o maior obstáculo para o segundo mandato de Rui Costa.

Cuspindo no prato

O presidenciável Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados, é o mais novo integrante da oposição ao governo Temer.

Como pré-candidato ao Palácio do Planalto, o demista sabe que ficar juntinho de um governante com uma estrondosa rejeição é suicídio político.

Agora, depois de usufruir das benesses decorrentes da sua aproximação com o poder palaciano, começa a cuspir no prato que comeu.

E cospe com nojo, com um arrependimento de quem ingeriu uma comida estragada, servida fria e sem sal, que é o “rei dos temperos”, como diria o saudoso Zito Cordiêr, o Zito Tintas.

Continuo achando que Maia não será candidato na sucessão de 2018. Sua postulação é para colocar o DEM nos holofotes e, como consequência, na mesa das negociações.

É bom lembrar que Maia quase que não se elege deputado federal pelo Rio de Janeiro. Obteve menos de 54 mil votos, o que equivale a um percentual de 0,69%.

Até quando Maia vai cuspir no prato que comeu? Nem o próprio Maia sabe, depende do formato das nuvens.

Tem até os diminutivos          

Os diminutivos começam a aparecer no processo eleitoral de 2018, quando teremos eleições para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais.

Na Bahia, o governador Rui Costa costuma chamar João Leão, seu vice, de “Leãozinho”. Quando soube das articulações lá de Brasília para tirar o PP da sua base, disse: “Leãozinho não vai me abandonar”.

Em decorrência de não ter colocado na pauta do mês de abril o imbróglio sobre a prisão depois do julgamento em segunda instância, a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, vem recebendo vários e-mails como “Carminha”.

“Valeu, Carminha! É isso aí, Carminha! Força, Carminha! Salta aos olhos que as mensagens são de eleitores antipetistas, que querem Lula encarcerado.

Se a moda dos diminutivos pegar, teremos aqui em Itabuna o Geraldinho, Augustinho, Babazinho, Samuquinha…

Vai votar em quem?

Confesso que ficava triste por nunca ter sido entrevistado por um instituto de pesquisa eleitoral, sequer por telefone ou outro meio.

Mas na primeira quarta-feira de março, dia 7, essa tristeza teve um fim: em plena Cinquentenário, avenida principal de Itabuna, respondi aos quesitos da enquete.

A consulta era sobre as eleições na Bahia, desprezando a sucessão do presidente Michel Temer ou qualquer outro assunto relacionado ao governo federal.

No início, não deu para desconfiar de nada. Ou seja, qual o grupo político que teria encomendado a pesquisa. As primeiras perguntas eram de praxe.

Vai votar em quem para governador? Já tem candidato a senador? As opções para as Câmaras federal e estadual eram citadas pelo entrevistador.

Para deputado federal, por exemplo, constavam os nomes de Davidson Magalhães, Antônio Mangabeira, Samuca Franco, Babá Cearense, Bebeto Galvão, Roberto José, Solon Pinheiro e mais dois ou três.

Duas perguntas, no entanto, em relação a deputado estadual, deram a pista de quem teria encomendado a pesquisa: 1) Você já ouviu falar de Rafael Moreira? 2) Você já ouviu falar de Sérgio Gomes?

Ao responder “sim”, uma outra pergunta era feita de pronto: “Já ouviu falar alguma coisa ruim ou boa sobre Rafael Moreira e Sérgio Gomes?

Podemos afirmar, então, que a pesquisa foi encomendada pelo grupo de Rafael ou de Sérgio, ambos ainda sem uma definição partidária consolidada.

Com efeito, Rafael deixou o PSB. Ao se filiar ao partido socialista, presidido pelo médico Renato Costa, o pré-candidato cometeu o seu primeiro erro de campanha.

Não só pela questão da dificuldade de se eleger pela legenda da senadora Lídice da Mata, mas pelo fato de muitos eleitores acharem que Rafael e o socialismo não têm nada a ver.

O ex-prefeito de Itabuna, Geraldo Simões de Oliveira, diria que esse enlace de Rafael com o PSB, é o mesmo que o de Fernando Gomes com o PT: “Casamento de cobra com jacaré”.

Salta aos olhos que a curiosidade de Moreira e Sérgio vai ficar por conta das respostas sobre suas vidas fora da política, se os fatos vão influenciar negativamente nas suas legítimas pretensões eleitorais.

Esperando o STF

Uma perguntinha bem interessante: Como vão se comportar os advogados de Eduardo Cunha, Geddel e Maluf diante de uma decisão do STF favorável ao princípio da presunção de inocência?

Ou seja, “ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado de sentença penal condenatória” é o que preceitua o artigo quinto da Carta Magna.

A aplicação do princípio da presunção de inocência pode evitar uma injusta condenação como pode também levar à impunidade em decorrência da morosidade da Justiça.

E como fica o instituto da inelegibilidade com esse confronto entre a presunção de inocência e a Lei da Ficha Limpa?