Comunidade do Colégio Médici quer mudar nome para Valdelice Pinheiro


Mudança foi aprovada em votação que envolveu pais, professores e alunos


O Colégio Presidente Médici tem 500 alunos

 A comunidade escolar do Colégio Estadual Presidente Médici, no bairro Califórnia, em Itabuna, realizou uma votação para alterar o nome da instituição. Conforme a escolha de 214 dos 325 votantes, a unidade deverá receber o nome da saudosa professora e poetisa Valdelice Pinheiro. A segunda alternativa colocada para apreciação foi o nome do escritor Adonias Filho, que recebeu 103 votos. Já os brancos e nulos, somaram oito.

A próxima etapa, adiantam os organizadores da votação, será o encaminhamento do resultado com a documentação necessária para a Secretaria Estadual de Educação e Assembleia Legislativa, para os procedimentos burocráticos.

Um dos mais tradicionais da rede estadual em Itabuna, o referido colégio completou 46 anos dia 11 de agosto de 2018. O nome, vale lembrar, homenageia o então presidente da República, General Emílio Garrastazu Médici, que teve seu governo marcado como um dos mais duros e repressores da história do país.

Atualmente, 500 estudantes estão matriculados no Ensino Médio, com Educação Integral e uma proposta de ensino voltada para práticas cidadãs. “Como espaço de livre pensamento, sempre foi um foco de construção democrática e tem cumprido ao longo da história um importante papel na defesa da educação e dos Direitos Humanos”, traduz a equipe envolvida com esta escola.

Antes de colocar em votação a mudança do nome do colégio, a comunidade escolar participou de discussões, estudos e análises dos documentos divulgados pela Comissão Nacional da Verdade. Por isso, resolveu externar sua insatisfação com a contraditória denominação que eterniza a memória do general dos anos de chumbo da ditadura militar.

Médici foi responsável pelo endurecimento das perseguições políticas e pela efetiva implementação do nefasto Ato Institucional nº 5 (AI 5), responsável por mortes, desaparecimentos forçados e torturas de presos políticos. “Manter a homenagem aos algozes do povo brasileiro significa uma violência permanente”, concluiu a equipe.