CORRUPÇÃO E VIOLÊNCIA. 



Quem imaginaria, quarenta ou cinquenta anos atrás, que iríamos ver em nosso país, cenários que hoje são mostrados diariamente, escancarando a degradação dos costumes na sociedade brasileira, apesar do notável avanço da tecnologia que torna mais fácil e mais agradável a vida das pessoas; nos meios de comunicação, então, o progresso foi  grande  e rápido e hoje a criança cresce nesse ambiente de tecnologia avançada e acessível a todos; a humanidade sempre conviveu com atos de violência e assim será até o fim dos séculos, pois isso está intrinsicamente ligado à natureza  humana; só não imaginávamos que atingiria um patamar tal que chega a impedir o sagrado direito de “ir e vir”; ou será que alguém teria a coragem de ir, despreocupadamente, tal como passado, a qualquer rua ou bairro de alguma cidade brasileira?

A corrupção foi outra praga que se alastrou como fogo, nos últimos anos e, diariamente, somos “brindados” com novas notícias mostrando atos de corrupção nas diversas esferas da vida nacional, principalmente, no mundo da política; já ouvi de algumas pessoas que o assunto “está cansando” e isso reflete uma certa acomodação diante de um fato terrível pois trata-se do desvio do dinheiro público, dinheiro arrecadado do trabalho de todos os  brasileiros, para ser usado, justamente, na melhoria  das condições de vida da população.

Acredito ser dispensável repetir a situação da saúde pública e das condições dos nossos hospitais vez que se tornou notícia diária nos diferentes meios de comunicação, mas é interessante relembrar o recrudescimento da dengue e o aparecimento da Zika e da Chikungunya, viroses transmitidas por um mosquito, o Aedes Aegypti, doenças infecciosas bastante ligadas aos problemas de saneamento básico e ao nível de educação e esclarecimento de parte da população.

Mas, perguntará o leitor, o que isso tem a ver com corrupção? Tem muito a ver, pois se os recursos já não são satisfatórios para um bom atendimento, boa parte deles é perdida em ações de má gestão e de corrupção. Tenho feito citações do jornal Medicina, que é o órgão oficial do Conselho Federal de Medicina e que, na última edição de abril, diz o seguinte: “De acordo com a Controladoria Geral da União (CGU), desde 2002, em torno de 30 % dos recursos federais desviados no país, pertencem à área da saúde; de um total de 15,9 bilhões desviados, um terço teve origem em distorções no âmbito do Ministério da Saúde ou seja 4,5 bilhões de reais”.

A rede hospitalar brasileira, excetuando algumas “ilhas de excelência”, está em precárias condições econômico-financeiras, a exemplo de nossa quase centenária Santa Casa de Misericórdia de Itabuna; estamos sofrendo as agruras de um descaso com a saúde do povo brasileiro, numa mistura de corrupção e má administração do dinheiro público, que se acentuou nos últimos treze anos.

E assim vamos convivendo com problemas que outras nações, do porte da nossa, já resolveram há muito tempo; é bem verdade que no nosso país, pelas suas dimensões continentais, os problemas são maiores e ainda não suplantamos os imensos desníveis sócio-econômicos e culturais que existem entre as diversas regiões brasileiras, mas está ficando insuportável conviver com essa violência e não se tomar providências duras em relação aos casos de corrupção.

João Otavio Macedo.