Dados da Uesc revelam menor evasão entre estudantes cotistas



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Mesa redonda discute resultados do sistema de cotas na Uesc

 

Por Celina Santos

 

O IX Seminário Anual de Ciências Sociais, realizado na Universidade Estadual de Santa Cruz, trouxe discussões em torno do tema “Ações Afirmativas no Brasil Contemporâneo: Dinâmicas e Perspectivas”. Uma mesa-redonda tratou, especificamente, do sistema de cotas, implantado na Uesc em 2006.

Para surpresa de muitos, o professor-doutor Marcelo Inácio Ferreira Ferraz, representando a instituição, apresentou dados que indicam maior percentual de conclusão de cursos e menor evasão/cancelamentos de matrículas entre estudantes cotistas – num comparativo com aqueles que ingressam pelo chamado “processo universal”, hoje exclusivo pelo Sisu. Ficou evidente, também, que tais discentes conseguem acompanhar o ritmo dos referidos cursos.

Ainda conforme as estatísticas trazidas pelo professor, após o Sisu, houve um equilíbrio entre as demandas por licenciatura e bacharelado. Na época do vestibular, os candidatos cotistas, em maioria, optavam por cursos de licenciatura e à noite. Revelou, inclusive, considerável número de formados em faculdades ditas de alto prestígio, a exemplo de Medicina e Direito.

O professor especialista Eduardo Régis, também presente à mesa-redonda, mencionou o contexto em que os movimentos sociais legitimaram a importância das cotas como ação de reparação à desigualdade na entrada da universidade. Boa parte dessas entidades, do eixo Itabuna/Ilhéus, é ligada ao MNU (Movimento Negro Unificado).

Já a professora mestre Larissa Pereira, citou o trabalho do Prodape (Programa de Democratização do Acesso e Permanência dos Estudantes das Classes Populares). A mediadora do debate, professora doutoranda Daniela Galdino, por sua vez, completou: “políticas afirmativas demandam ações que não se esgotam nas cotas”.

 

Pela permanência

O economista Wilton Macedo, que ingressou na instituição antes da implantação do sistema de cotas, após cinco vestibulares, estuda no mestrado o perfil do cotista. Ele considera ser um desafio uma política, efetivamente, voltada para a permanência desse público. “A Uesc tem cotas, mas não ações afirmativas”, criticou.

A mesma posição é compartilhada pela professora-doutoranda Maria Rita Santos, para quem toda a Bahia é carente de programas eficazes para a permanência do estudante de baixa renda na universidade. Ela considera que a ação da Uesc nesse setor deixa a desejar, porque se atém, principalmente, ao fornecimento de bolsas.

E reforça a importância de lutar pela implantação de políticas mais amplas para a permanência. “Não faz sentido acessar um espaço tão excludente sem pensar em outros negros que não estão aqui”, declarou.

Tanto Wilton como Maria Rita lembraram iniciativas desenvolvidas em Itabuna, com o intuito de preparar alunos para o ensino superior. É o caso do extinto Prune (Pré-universitário para Negros e Excluídos) e o PreAfro (Pré-universitário para Afrodescendentes), do qual ambos foram voluntários.