Dando um fim na autossabotagem!


"Todos nós temos, ao menos, três frases inconscientes de estimação que se repetem eternamente dentro da cabeça"


Novo ano. Novas oportunidades. Metas, promessas, planos, objetivos. Tudo novinho em folha, pra a gente arregaçar as mangas e correr atrás! Mas, meu querido leitor – que, diga-se de passagem, eu estava com saudades – nada muda se a gente não mudar. E uma das principais dificuldades que a gente tem em dar seguimento aos nossos projetos, planos e planejamentos é a autossabotagem.

Todos nós temos, ao menos, três frases inconscientes de estimação que se repetem eternamente dentro da cabeça. Eu não sou bom o suficiente. Eu não dou conta de realizar as coisas. Eu não tenho nenhum talento. Eu não tenho nenhuma habilidade manual. Eu não posso fracassar. Eu não consigo. E por aí vai. A gente se julga e se autocritica tão duramente que, muitas vezes, não somos capazes de receber nem sequer um elogio. Como já dizia Freud, podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio. De que forma você reage? Com alegria, aceitação, valorizando e reconhecendo a si mesmo ou existe algo aí no mais profundo do seu ser que se incomoda? Que faz até mesmo você rejeitar o elogio ou que, no resumo da ópera, simplesmente não acredita nele?

Isso acontece porque ainda não conseguimos nos livrar daquela sensação de que não merecemos ser amados, cuidados, reconhecidos ou de que não somos bons o bastante, temos infinitos defeitos e não somos dignos de nenhum reconhecimento. Daí a gente se sabota. Sabota o talento, o dom, o que faz o coração vibrar. É um constante abandono de nós mesmos e seguimos corroendo e destruindo nossos sonhos, desejos, planos por meio de um profundo, intenso e carrasco diálogo interno totalmente baseado na falta de confiança, insegurança e autodepreciação. E vamos vivendo uma vida baseada no medo, criando desculpas e nos colocando sempre depois de uma infinidade de outras “prioridades”. Não tenho tempo, não tenho dinheiro, não tenho como realizar e vamos deixando para trás até mesmo o primeiro passo.

E, olhe, nenhum de nós está imune a essas vozes que gritam dentro da gente, as vozes da sabotagem interna. Banir o nosso sabotador interior é um processo de uma vida, contínuo, dia após dia. É que nem tomar banho, escovar os dentes, lavar o cabelo. Requer manutenção. A gente não vai simplesmente banir essa vozinha da noite para o dia, de uma vez por todas. Ela volta! Mas o que a gente pode fazer é começar a reconhecer o tom da voz, o timbre, a entonação, assim que ela der os primeiros sinais. É estar alerta, vigilante. E entender que existem situações que a voz costuma falar mais alto: quando as coisas estão indo muito bem, pode ter certeza que ela está ali espiando, aguardando o momento de dar as caras – muitas vezes começa com o clássico: “está bom demais para ser verdade” ou “as coisas estão caminhando bem demais, vai acontecer algo ruim”. Cuidado! – ou quando estamos prestes a realizar alguma mudança, tentar algo novo, a voz estará à espreita, só esperando a oportunidade de atacar: o que você está querendo fazer é grande demais, acorda! É pequeno demais, quem vai ligar para isso? É fácil demais, qualquer um faz. Isso é difícil demais, você não vai conseguir.

É preciso coragem para lutar contra essas vozes que nos sabotam. Dizer “não” é muito difícil. Reconhecer que temos valor, merecimento, satisfação. Falar mais alto que o sabotador.

E é isso que eu desejo pra você este ano, meu amadíssimo leitor. Que você reconheça seu valor. Que você confie no seu valor. Que dê o primeiro passo. Que esteja atento ao momento em que as vozes que dizem que você não merece ou não é completo ou não é bom chegam para fazer uma visita e que você possa falar mais alto que elas.

É como disse Mandela: nos perguntamos quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível? Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?

 

* Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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