E aí, o que vem depois?



             

Fim das eleições.

Todo aquele cenário de polaridade, segregação, vilão, mocinho, herói, salvador da pátria acabou. Acabaram os discursos cheios de acusação, julgamentos, raiva. Baixou-se o dedo em riste. Diminuiu-se o tom da voz. E eu te pergunto – e me pergunto também – amado leitor, o que vem depois de tudo isso?

Muita coisa ruim aconteceu nesses últimos dias. Famílias entraram em conflito, em atrito e brigaram feio na defesa de seus respectivos candidatos. Amizades longas, de infância, com anos de histórias compartilhadas foram afetadas, estremecidas, rompidas, desfeitas. As relações se dividiram; se você não estava do meu lado, é a favor de tortura ou se você está do lado de lá, você defende corrupção. Tomamos a parte pelo todo. Em um momento que nos cabe apenas uma opção, dentre duas possíveis, cada um escolhe enxergar pelo ângulo que melhor lhe convém. Fizemos escolhas, decidimos seguir pelo caminho que acreditávamos ser o melhor, cada qual com suas razões. Escolhemos enxergar e colocar nossa atenção naquilo que mais nos incomodava, no que mais abominávamos e precisamos, agora, voltar a cabeça para o lugar, com sensatez, lucidez e com a visão mais clara possível para passar a enxergar o todo, não só mais as partes.

Um lado ganhou, mas agora não se trata mais de lados e sim do nosso país. Precisamos voltar para o centro, porque a partir do momento que acreditamos que está tudo acabado ou que está tudo às mil maravilhas, algo está errado. Precisamos compreender que existem pessoas sérias, de bem, trabalhadoras, dedicadas, que buscam ser melhores a cada dia dos dois lados. Existem pessoas interesseiras, perversas, maldosas, agressivas dos dois lados também. Acredito, na minha humilde opinião, que o caminho agora é buscar a conversa entre os nossos familiares, amigos, parceiros, colegas de trabalho e ouvir o que pensam, em quê acreditam, o que defendem. Numa conversa franca, ouvir a opinião de quem votou em Haddad sobre a corrupção; ouvir de quem votou em Bolsonaro a opinião sobre as minorias, sobre a tortura. Buscar o entendimento. Cessar a briga, a separação.

Temos um objetivo em comum, que é o futuro do nosso país! Esperamos o melhor para ele, desejamos o melhor. Com o respeito, o diálogo, a empatia, a crítica. Acredito que esse momento foi de grande aprendizado, para quem se dispôs e se propôs a se observar. E agora temos uma caminhada pela frente, e será bem menos complicada, densa quando cessarmos as acusações, as agressões de ambos os lados.

Já passou da hora.


Mariana Benedito – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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