EMPODERAMENTO FEMININO: É CHEGADA A HORA!



Mariana Benedito

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Mês da mulher. É o período do ano em que mais se ouve falar em protagonismo feminino, respeito à mulher, papel da mulher na sociedade; grandes profissionais de diversas áreas são convidadas à mídia e aos eventos para estimular a atuação das mulheres no cenário sócio-político. Enaltece-se a importância delas na família, cuida-se com campanhas da saúde, alerta-se quanto à violência contra as mulheres. Tudo que gira em torno da função, profissão, papéis femininos ganha um grito mais forte. Que bom! Porém, pouco se fala – até mesmo neste período – de ser mulher, de sua essência feminina. Paradoxal? Nem um pouco…

Quando se fala em empoderamento, nada mais é do que reconhecer o poder de alguém. E quando se fala em empoderamento feminino, vai muito além dos papéis sociais, empresariais, governamentais, da equidade de gêneros e de direitos. Aspectos estes importantíssimos em uma sociedade que preza – constitucionalmente – pelos direitos isonômicos. Entretanto, as perspectivas emocionais, psíquicas e existenciais vêm sendo negligenciadas. A mulher é biológica e hormonalmente cíclica. O que significa que existem aspectos emocionais que são correlacionados e influenciados pelo ciclo menstrual e todas as oscilações que advêm deste processo. Vivemos numa época em que se cobra muito, tanto de homens quanto de mulheres.

Para elas, especificamente, tem-se as exigências sociais relacionadas à aparência, beleza, estado civil, maternidade, carreira profissional. São diretrizes que acabam por aprisioná-las, reprimi-las e adoecê-las. Porque precisa-se estar com o corpo bonito, com o cabelo bonito, ter uma profissão de renome – e ser bem-sucedida –, precisa-se de um relacionamento afetivo; se chegou em determinada idade, precisa ser mãe. Qualquer uma destas etapas, caso não seja seguida, é motivo de reprimenda, de julgamento e, consequentemente, de angústia e sensação de inadequação para aquela que não segue à risca os pré-determinados padrões.

Essa busca incessante por adequação, por aprovação, por aceitação vem distanciando a mulher de sua essência. Aspectos naturalmente femininos são vistos, por muitos, como fraquezas, negativos, menores. E, inclusive, pelas próprias mulheres. A menstruação, seus ciclos, suas naturais oscilações são encarados como problemas, como impedimentos desde que o ser mulher, nascer mulher foi visto como inferior.

Com isso, as mulheres precisaram abafar suas emoções, seus sentimentos, suas dúvidas, seus anseios e aceitar como certo esse tipo de comportamento. O medo, a submissão, a sensação de inferioridade, de inadequação aos padrões, a não aceitação de aspectos puramente femininos, o sangue sagrado da mulher sendo visto como algo sujo, a carência afetiva decorrente desses vazios de inadequação vêm assombrando e reprimindo veementemente grande parte das mulheres.

Faz-se necessário, agora, nesta era em que vivemos, com todo esse contexto de empoderamento feminino, as próprias mulheres se darem o poder de ser mulher! Despertar para a força e representatividade que ser mulher oferece; a conexão que existe com a vida, com a geração do novo. Fazer o caminho inverso: não mais guardar repressões, reprimendas, imposições e, sim, mostrar o seu valor, seus dons, talentos e verdade. Olhar para a sua verdade. Reconhecer a força criativa, criadora, poderosa, sensitiva que busca somente achar passagem livre para aflorar. Honrando estes arquétipos femininos, a observação dos conflitos psíquicos e dos conteúdos inconscientes que alicerçam o medo e angústia de inadequação ganha ferramentas poderosas de basta aos padrões, dando espaço à autoaceitação e à ressignificação.

Que neste mês, todos os dias, todos os meses e anos, as mulheres despertem para o seu poder.

Já é chegada a hora!

 

Mariana Benedito – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.