Escolhas


"Escolhemos algo que reverbere e que faça sentido às nossas crenças, aos nossos conteúdos, vivências e visão de mundo"


A vida é feita de escolhas. Isso todos nós sabemos muito bem. Tem uma frase de Sartre, notável filósofo francês, que diz que viver é ficar o tempo todo se equilibrando entre as escolhas e as consequências. Mas até que ponto estamos plenamente cientes disso, meu amadíssimo leitor? Quando faço esse questionamento, dois aspectos e vertentes – que se complementam – surgem aqui na minha cabeça: nosso inconsciente e o papel de vítima. Mas vamos por partes. Pegue na minha mão, siga meu raciocínio e embarque nessa viagem junto comigo.

Por que escolhemos o que escolhemos? Escolhemos o que somos. Escolhemos algo que desperte afinidade, familiaridade, conhecimento, reconhecimento. Escolhemos algo que reverbere e que faça sentido às nossas crenças, aos nossos conteúdos, vivências e visão de mundo. Em que momento, ao longo de nossas vidas, paramos para pensar efetivamente nas escolhas que fazemos? Nossas escolhas são, em sua grande maioria, inconscientes. Baseadas em padrões, em mecanismos automáticos de comportamento. Passamos uma vida planejando mil coisas: comprar isso, ter aquilo, fazer tal coisa, viajar para aquele lugar, conhecer o mundo, ter uma casa com cachorros, um apartamento com gatos e as mais infinitas possibilidades de planos, sonhos e escolhas. Mas o que nos leva a escolher tais coisas? Entendeu? É tanta coisa para planejar, escolher que não sobra tempo para falar e pensar sobre nós mesmos. Para entender o porquê das escolhas que fazemos. Qual a motivação por trás. O que desejamos alcançar com tal escolha e de que forma as situações nos levam a tal escolha. Que padrão se repete? Quais as crenças, quais os condicionamentos, quais os medos?

É a partir da busca por este entendimento, a busca por nós mesmos, que podemos compreender que, muito embora a maior parte de nossas escolhas se dá por questões inconscientes, a única pessoa que tem a capacidade de tomar as rédeas e o controle das próprias escolhas somos nós mesmos. Repare. Digamos que você, aí do outro lado que está lendo esta coluna neste exato momento, identifica e percebe que tem um padrão de escolhas que reflete sempre na necessidade de agradar o outro. Então você faz tudo por todo mundo, se coloca em décimo quinto lugar na sua escala de prioridades, acredita que precisa sempre resolver o problema do mundo inteiro, ao passo que se anula, que sente uma incompletude e uma angústia que não sabe de onde vêm. Ok? Identificou o padrão. Massa! Mas e agora? Quem é a única pessoa na face do Planeta Terra que tem a possibilidade de mudar – ou continuar – com esse comportamento? Isso mesmo. Você. Entendendo isso, passamos a evitar um comportamento vitimista. De culpar os outros, de ser refém dos outros, de esperar que surja o Superman, o Batman, a Mulher Maravilha – ou o esquadrão inteiro da DC e da Marvel juntos – para nos salvar dos nossos problemas.

A grande questão é, de fato, assumirmos que vivemos as nossas vidas da forma que decidimos. Inclusive, podemos escolher não dar trela para nada dessa conversa de inconsciente e autoconhecimento; mas precisamos observar que ninguém nos obriga a escolher entre uma coisa e outra, a agir de “x” ou “y” maneira. Fazemos o que fazemos porque queremos – lógico que existem motivações inconscientes e que a chave do sucesso é identificar por que escolhemos o que escolhemos – e o discurso de vítima não nos cabe mais, até porque ele só nos paralisa.

Assumir a responsabilidade de nossas escolhas – e mudanças – nos permite seguir na direção que julgamos mais adequada e toda escolha que fazemos é uma semente que plantamos. Se estamos plantando abacaxis, é impossível colher uvas!

O que você está escolhendo?

– Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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