“Eu me sinto na responsabilidade de mudar o conceito da política”



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Charliane Sousa

Única representante feminina na Câmara de Itabuna a partir de 2017, a vereadora Charliane Sousa (PTB) se diz convicta em agir de forma diferente daqueles que ela não aprovou quando apenas eleitora. Cautelosa com as palavras, a novata parece querer chegar “de mansinho”, ao invés de se envolver em polêmicas, e assim ir longe. Aos 40 anos, é contadora há 20, casada e tem uma filha.

 

O que a senhora coloca como principal para fazer ao chegar à Câmara?

Tenho que cobrar muito da saúde; no Santo Antonio tem um grande problema, que é o canal. Fiz um acordo com meus eleitores de, sendo eleita, cobrar [a cobertura] do canal. Soube que em projeto ele já é coberto. Agora, vou ter subsídios para saber o que falta para cobrir, qual o orçamento previsto, qual o prazo… De tudo isso eu pretendo dar informações à população.

 Quer, então, ter um mandato onde haja um canal direto com a comunidade…

Vou usar os meios de comunicação pra isso. Outra coisa: no Legislativo vou fazer aquilo que não foi feito pra mim. Como eleitora, sempre acreditei que os candidatos iam prestar esse serviço de retorno, de satisfação. Quero trabalhar em cima dos erros dos vereadores [anteriores], pra não repetir e cair no descrédito da população.

 Muito se diz que a senhora foi uma candidata que desbancou nomes tradicionais, como Ruy Machado, Gegéu Filho…

Em todo o processo, nunca fui acreditada por nenhum dos políticos. Por ser a primeira vez e por ser mulher. Dentre os nove partidos da coligação de Azevedo, vi como bons adversários Ruy e Gegéu. Fiz uma análise da votação anterior, pra superar essa votação. Mas não desmerecendo o trabalho deles, porque todos foram capazes.

 A vereança é um desafio a mais por ser mulher?

Eu vejo como um orgulho, mas fiquei surpresa por ser a única. Penso que nós poderíamos ter elegido mais mulheres.

 A que atribui a dificuldade de as mulheres se elegerem?

Não é por falta de competência. Eu atribuo ao momento da política, que está desacreditada.

 Como é o trabalho social que a senhora desenvolve?

Minha ação é direcionada aos moradores de rua e comunidades carentes. Saímos às quintas-feiras, entregamos sopa, cachorro-quente, em datas festivas entregamos presentes, abraçamos famílias carentes, promovendo campanhas. Mas em nenhum momento mexemos com dinheiro em espécie. Tudo eram doações em materiais. Mobilizamos grupos para ajudar outras pessoas. Temos um grupo no WhatsApp chamado “Bandys Solidárias”, composto por 380 mulheres. Abrimos exceções para alguns homens, que já estavam contribuindo com nossas campanhas.

 Foi esse trabalho que lhe deu popularidade para ter 827 votos?

Não só isso. A votação foi um conjunto de amigos e familiares de amigos que confiavam no meu trabalho. Com meu trabalho como contadora também já fiz muitas ações, já aposentei muitas pessoas. Tenho ações como voluntária em ONGs de cachorros e gatos e essas ONGs fizeram questão de participar. Foi uma campanha diferenciada, uma campanha de mulheres, atribuímos cores…

A senhora deseja fazer carreira na política?

Eu tenho essa pretensão. Sempre digo: se tenho pretensão de ir pra uma reeleição, meu trabalho começa em 1º de janeiro. Tenho que dar respostas. Eu me sinto na responsabilidade de mudar o conceito da política, principalmente no ingresso das mulheres. Elas têm que tomar gosto, assim como eu tomei.