Falemos sobre ansiedade!



 

Mariana Benedito*

 

Que estamos vivendo em uma era imediatista, plastificada e altamente cobradora, isso é fato. Passamos a semana inteira esperando pelo final de semana, horas do dia no celular, troca de mensagens, visualizações de fotos. Queremos a resposta da mensagem enviada o quanto antes. Cobra-se por metas, objetivos, padrões. Vive-se de forma apressada, corrida. Vive-se pensando no futuro, sempre buscando defesas e saídas para as situações que podem acontecer – ou não. Precisa-se estar sempre um passo à frente. Precisa-se estar preparado para as adversidades. A vida se transformou num alvo a ser atingido, um objetivo a ser alcançado e a falsa ideia de cálculo exato que pode ser determinado com base nas variantes, ou do passado ou nas hipóteses infinitas do futuro.

Tudo isso cansa. Todo esse movimento para fora, para o externo, para a defesa cansa. E a mente sente toda essa carga. Uma das maiores queixas hoje, nas psicoterapias, é a ansiedade. Todos nós temos medos, receios e isso é altamente natural, até porque nos protege de um perigo iminente à segurança ou integridade física; a ansiedade é uma resposta cognitiva, fisiológica de apreensão ativada pela antecipação de uma situação que a mente interpreta como desagradável, desconfortável. Mas é fundamental perceber quando esse pensamento antecipado começa a prejudicar a vida cotidiana; quando o medo começa a bloquear atitudes, comportamentos.

Sempre eu bato na tecla da importância do autoconhecimento, se perceber, se entender. Observar a forma como a mente trabalha, os mecanismos que ela usa para se expressar e manifestar. Tudo isso favorece que possamos perceber quando uma sensação que antes era puramente de defesa, de proteção passa a ser impeditiva, a revelar um vazio interno, uma inquietude, uma busca incessante por algo que não se consegue, ao menos, categorizar: apenas sentimos internamente que algo nos falta e que nada que façamos externamente supre. É de suma importância que nos permitamos observar nós mesmos. E é de importância maior que falemos – de forma aberta e clara – sobre como a mente trabalha, sobre as faltas, os anseios, as angústias, os medos. A sociedade chegou a um patamar de conhecimento no qual já não é mais possível esconder ou fingir que não sentimos medos, ansiedade, receios; que temos conteúdos internos e inconscientes a serem olhados, identificados, entendidos.

Precisamos falar sobre ansiedade e todos esses conteúdos que trazemos.

Observemo-nos, então!

 

  • – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria. E-mail: [email protected]