Filas gigantes e falta de gasolina mostram impacto da greve dos caminhoneiros


Em Ilhéus e Itabuna, parte da frota de ônibus foi tirada de circulação


 

Filas nos postos de combustíveis, em busca de um restinho de gasolina em Itabuna (Foto: Oziel Aragão)

Por Celina Santos

Filas de carros à espera dos últimos litros de gasolina; elevação de preço nas verduras e botijões; aeroportos com funcionamento comprometido por falta de querosene. Esse é o cenário desta semana, nos quatro cantos do Brasil, onde os caminhoneiros decidiram entrar em greve por causa de mais um reajuste no óleo diesel.

Na quinta-feira (24), em Itabuna, motoristas e motociclistas amanheceram determinados a abastecer os veículos com o “restinho” de gasolina que ainda tem nos postos de combustíveis. Filas e impaciência, então, estiveram juntas nos estacionamentos.

Devido à greve dos caminhoneiros, o reabastecimento de combustíveis não está acontecendo. Desde a noite de quarta-feira (23), a correria já era notada. Em alguns postos, não havia gasolina.

Até consultas foram remarcadas na quinta em Itabuna. Quando o médico também atende em outra cidade, tem dificuldades para voltar, justamente pela escassez de combustível. Uma profissional que atende em Ipiaú, por sinal, não conseguiu retornar. Os pacientes para ela agendados têm que esperar.

Segundo a direção do posto Bavil, situado na avenida Inácio Tosta Filho, centro, na quinta já não era possível fazer uma previsão até quando terá gasolina para abastecer os veículos. “Sem a reposição, fica difícil; não temos uma prévia de nada”, reconhece.

Em Ilhéus e Itabuna, parte da frota de ônibus foi tirada de circulação, devido à escassez de óleo diesel.

O movimento, apesar de todos os transtornos, recebe manifestações de apoio da população, que leva comida e água para os motoristas parados nas rodovias. Afinal, a política de sucessivos aumentos nos combustíveis afeta a todos e recai sobre os demais setores.

Protestos e interdições

A exemplo do que acontece em todo o Brasil, no sul da Bahia as principais rodovias seguem como palcos de protestos. Os caminhoneiros, parados nos acostamentos, só permitem a passagem de ônibus, caminhões com cargas vivas e automóveis. O movimento também é contra os altos impostos a incidir sobre o preço final dos combustíveis.

Para se ter ideia de um dos dias da paralisação, falemos da quarta-feira (23). Logo pela manhã, manifestantes fecharam a BR-415, no trecho Itabuna-Ibicaraí, perto do Parque de Exposições Antônio Setenta. Só foram liberados carros de passeio e ônibus, até 17 horas. Na BR-101, entre outros trechos, houve manifestações no Km-507, também em Itabuna. Caminhoneiros usaram pneus e outros objetos, para interditar os dois sentidos da pista.

No Km-361, na altura de Gandu, a pista foi parcialmente interditada. Impediram veículos de carga de seguir viagem. Na BR-330, em Ipiaú (km 772), a pista também foi totalmente interditada, com fogo em pneus.

Enquanto isso, a presidência da Petrobras já deixou claro que será mantida a política de preços dos combustíveis.

As negociações

A CNTA (Confederação Nacional dos Trabalhadores Autônomos), mais representantes de sindicatos e associações levaram as reivindicações da categoria ao Governo Federal. Reunidos com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Secretaria de Governo, Carlos Marun; e dos Transportes, Valter Casimiro Silveira, trataram sobre o aumento no preço dos combustíveis.

Segundo o presidente da CNTA, Diumar Bueno, o Palácio do Planalto estava ciente da paralisação desde o dia 16. Agora, vem a discussão sobre a redução de tributos que incidem sobre os combustíveis e a Petrobras anunciou a diminuição de 10% no preço do diesel pelos próximos 15 dias.