Geraldo, Josías e o PT



Em decorrência de novas farpas trocadas, o relacionamento de Geraldo Simões e Josías Gomes fica cada vez mais complicado. Caminha para um inevitável rompimento.

A briga vem de muito tempo. E o pior é que tende a ficar mais intensa, já que ambos não querem levar desaforos para casa. Se pela imprensa tem esse pega-pega, imagine nos bastidores, longe dos holofotes.

O ex-prefeito de Itabuna criticou, de maneira veemente e firme, sem titubear, a iniciativa de Josías de fazer uma aliança com Fernando Gomes sem consultar o PT de Itabuna.

Sobre o apoio do democrata à reeleição do governador Rui Costa, Geraldo aproveitou o clima natalino para dizer que Josías “está acreditando em papai Noel”, que “Fernando Gomes não vai subir no palanque de Rui na eleição de 2018”.

Josías Gomes se defende dizendo que as conversas com o prefeito diplomado, adversário e inimigo histórico do petismo, “são em função da governabilidade, da aproximação dos governos estadual e municipal”.

Ora, ora, só que essa súbita paixão política do secretário de Relações Institucionais começou no dia seguinte do resultado das urnas. Ou seja, bem antes do julgamento do TRE sobre a inelegibilidade do demista.

A desculpa esfarrapada para camuflar a verdadeira intenção de Josías, sem dúvida o apoio de Fernando à sua reeleição para deputado federal, era de que o candidato do PDT, o médico Antônio Mangabeira, teria participado do “Fora Dilma”.

A certeza de Josías de que Fernando Gomes sairia vitorioso no Tribunal Regional Eleitoral deixou muita gente com a pulga atrás da orelha. Essa sua, digamos, premonição, foi festejada no staff fernandista.

O que ainda não se sabe é a posição de ACM Neto diante do novo cenário político de Itabuna, principalmente em relação ao DEM, que tem na presidência a incansável Maria Alice, fiel escudeira de FG.

O alcaide soteropolitano, mais cedo ou mais tarde, vai ter que cobrar um posicionamento do diretório municipal do Democratas diante da sucessão estadual, sob pena de intervenção e mudança no comando da legenda.

Geraldo Simões, que foi um dos fundadores do PT grapiúna, afastou qualquer possibilidade de deixar a legenda, mesmo com o forte argumento da inusitada, sorrateira, traiçoeira e escabrosa aliança.

PS – Como o alcance do “pressentimento” de Josías Gomes é estadual, os eleitores de Mangabeira esperam o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com bastante otimismo.

   Discussão intempestiva

O parlamentarismo implantado no Brasil, de 1961 a 1963, foi desprovido de qualquer convicção doutrinária. A intenção, com o apoio dos militares da época, era deixar o então presidente João Goulart de mãos atadas.

A discussão sobre o parlamentarismo volta à tona com os mesmos argumentos de sempre, sendo que o mais forte é o da exagerada concentração de poder com o presidente, que exerce a chefia de Governo e do Estado concomitantemente.

Até as freiras do Convento das Carmelitas sabem que falar de parlamentarismo com um Congresso desmoralizado, sem o respaldo popular, com a maioria de seus integrantes denunciados pela Lava Jato, é um inominável absurdo.

Como é que um Legislativo desse pode escolher um primeiro-ministro para ser chefe de governo e, se necessário, dar um voto de desconfiança para destituí-lo?

O Brasil precisa do voto popular. Em vez de ficar discutindo a implantação do Parlamentarismo, que se faça, urgentemente, uma proposta de emenda à Constituição para permitir eleição direta em 2017.

PMDB versus PSDB

A relação entre o PMDB e o PSDB é de uma falsidade, de uma desconfiança que supera a do PT com o PMDB no então governo Dilma Rousseff.

O cinismo salta aos olhos. Aliás, o PMDB paga um preço alto por ter agido da mesma maneira com a ex-presidente Dilma, trabalhando nos bastidores para golpeá-la pelas costas. Deu no que deu: o impeachment.

O tucanato só espera o momento certo para deixar o presidente Temer sozinho. Enquanto houver osso com carne, mesmo pouca, os tucanos vão continuar usufruindo das benesses do poder, bicando o resto da carne.

No mesmo caminho

A diferença entre o DEM e o PCdoB é abismal: sabendo o que um pensa, sabe da posição do outro, é só inverter. Ou seja, se o DEM diz sim, o PCdoB é não.

Só se parecem quando o assunto é a sucessão presidencial. Aí são iguaizinhos. A sabedoria popular costuma dizer que é “lé com cré”, duas bandas da mesma laranja.

O DEM diz que vai ter candidato próprio na eleição presidencial de 2018. O PC do B também. A estratégia é se cacifar para indicar o candidato à vice-presidente da República. Os democratas não sabem ainda em quem encostar, se no PMDB ou no PSDB. Os comunistas têm duas opções: Lula e Ciro Gomes, respectivamente pelo PT e PDT.

Os escondidos

Esse processo eletivo para a escolha dos membros que vão compor a mesa diretora da Câmara de Vereadores, principalmente do presidente, é sempre marcado por traição e hipocrisia, sem falar no tradicional toma-lá-dá-cá.

Mas o que mais impressiona é a fuga dos edis, na véspera da eleição, para um lugar secreto, de preferência uma pousada de luxo ou um hotel cinco estrelas. A alegação é de que o diabinho do “faz me rir” pode atentar.

      Cobaias

O cérebro se acostuma a atos desonestos, é o que diz a neurocientista Suzana Houzel: “Pequenas desonestidades geram desonestidades cada vez maiores, numa bola de neve que só faz crescer”.

Pois é. O Congresso Nacional, nas suas duas Casas Legislativas – Câmara dos Deputados e o Senado da República –, tem que contratar, em regime de urgência urgentíssima, neurocientistas para fazer um estudo científico sobre o cérebro de dezenas de parlamentares. Sem dúvida, boas cobaias.

Imbassahy

O ex-prefeito soteropolitano, Antônio Imbassahy, está procurando sarna para se coçar, como diz a sabedoria popular. Sua nomeação para o lugar de Geddel, como ministro-chefe da Secretaria de Governo, vai provocar o retorno das acusações que pesam contra o ex-alcaide, como, por exemplo, a do TCU sobre o desvio de verbas do metrô de Salvador durante a gestão do tucano.

                              * Marco Wense