Greve de professores chega a 13 dias e negociação só no fim da semana


Educadores em desvio de função não receberam nem os salários de agosto


Os professores decidiram entrar em greve nesta assembleia, dia 03 de setembro (Foto: Jeremias Barreto)

Os alunos da rede pública municipal de Itabuna chegam à terceira semana sem aulas, mas a primeira rodada de negociação entre o Executivo e os professores só acontecerá na próxima sexta-feira (21), às 10 horas. Segundo a presidente do SIMPI (Sindicato do Magistério Municipal Público de Itabuna), Carminha Oliveira, é inadmissível que não haja incentivo aos educadores que buscaram aperfeiçoamento através da formação continuada.

Ela lembra que o município só concedeu aumento de 6,81% aos 125 professores que têm apenas a formação em magistério e estão no final da carreira. Então, a cobrança é que o mesmo reajuste seja oferecido aos docentes dos níveis II e III, cuja diferença salarial em relação aos do primeiro patamar é irrisória.

Para se fazer um comparativo, detalhemos: os profissionais do nível I (magistério) recebem R$ 2.455,35; já os de nível II (graduação), ganham R$ 2.438,43. Os do nível III (pós-graduação) têm remuneração de R$ 2.813,57. “Os professores que só têm o magistério ganham mais do que os que terminaram a universidade; a diferença é menos de 20 reais. Itabuna hoje não paga dentro do percentual do piso”, critica a sindicalista.

Além do reajuste, o movimento exige o pagamento de professores em desvio de função, que estão com a remuneração pendente desde agosto. Em número de 157, são aqueles que saíram da sala de aula devido a problemas de saúde e foram aproveitados em outras funções.

Decreto contra formação

Outra inquietação dos professores em greve é a aprovação de decreto municipal 13.036/2018, que revoga um anterior (nº 10.371/2013). O documento dispõe sobre a “Regulamentação da concessão de Licença com Vencimentos aos docentes da Rede Municipal de Ensino para frequentar cursos de pós-graduação ‘stricto sensu’ no país e no exterior”.

“Esse decreto fere os artigos 21 e 22 da lei do plano de carreira, impede os professores saírem para mestrado e doutorado. Quanto mais o professor estiver preparado, com mais formação científica, melhor para a sociedade”, argumenta a educadora.

Por fim, outro motivo da paralisação dos professores é o projeto do Executivo que altera o regime jurídico dos servidores de celetista para estatutário. A classe é uma das que se manifestaram de forma mais veemente contra a mudança, alvo de uma série de atos polêmicos envolvendo Câmara, sindicatos, servidores e Prefeitura.