Ilheense tem obra em catálogo do Teatro Gamboa Nova


Janete Lainha selecionada pela Fundação Cultural da Bahia


Janete Lainha dá cara do sul da Bahia à cultura popular

 “Meus trabalhos são marcados por minha trajetória pessoal”. Com esta definição, se apresenta a artista plástica ilheense Janete Lainha, mestra pela cultura popular que traz a obra “Logra e Logro” para a capa de agosto do catálogo do Teatro Gamboa Nova. A publicação integra o projeto Se Mostra Interior, promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb).

Negra, candomblecista e atual presidente do Conselho de Cultura de Ilhéus, a luta de Janete foi entalhada em madeiras que virou os formões de xilogravuras e cordéis por ela assinados. No currículo, 800 cordéis, cerca de mil xilogravuras e 40 exposições e feiras.

Mas vale lembrar que este é o primeiro concurso em que a xilógrafa é contemplada individualmente. “Eu comecei a ilustrar as capas de meus cordéis, foi aí que me chamaram atenção que eu deveria valorizar mais meu trabalho”, conta.

Bênção e pecado

A xilogravura “Logro e Logra”, que compõe o catálogo do Teatro Gamboa Nova de agosto, se baseia numa duplicidade feminina e diz sobre o sagrado feminino, lida com o pecado e a bênção, representando também a perseguição das mulheres e as suas conquistas. “As mulheres estão cada vez mais em evidência. Hoje tratamos das especificidades de mulheres negras, reafirmamos nossas conquistas no mercado de trabalho e debatemos o lugar de fala”, diz.

Para ela, apesar de ser reconhecida pela cultura popular, estar em circulação pelo “Se Mostra Interior” é revigorante. “Tenho 60 anos e isso me dá fôlego de mais 10 anos. Fazer parte do catálogo me põe em circulação na história da arte na Bahia”, afirma ela, cujos trabalhos começaram a circular pelo desenho da força de mulheres.