Itabuna registra quase 140 novos casos de HIV



Otoniel Oliveira é integrante do GAPA e coordenador do projeto “Fluido Oral” (Foto: Diário Bahia)

 Por Júnior Riller*

 De janeiro até outubro deste ano, foram detectados 136 novos casos do vírus HIV em Itabuna. A informação foi passada por Otoniel Oliveira Azevedo, que faz parte do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (Gapa). Em entrevista ao Diário Bahia, ele afirmou que muitas pessoas, especialmente as mais jovens, não têm levado em conta os riscos das doenças sexualmente transmissíveis e acabam deixando de usar o preservativo.

Ainda segundo Otoniel, o número de casos tem aumentado porque a juventude banalizou a Aids. “Muitos considerem o HIV como uma gripe ou qualquer outra doença comum e isso é muito perigoso. Os jovens sabem, mas não viram Cazuza e Renato Russo, por exemplo, morrerem por conta da Aids. O avanço dos medicamentos faz com que eles tenham a ideia de que essa doença tem cura, quando na verdade não tem”, afirmou.

Ele também destaca que as descobertas na área da saúde permitem que pessoas vivam com a enfermidade por mais de 20 ou 30 anos, “mas o fato de terem que tomar medicamentos todos os dias já interfere no cotidiano, afeta o organismo”. E alertou: “Existem os remédios, são eficazes, mas a juventude tem que tomar consciência de que é preciso se prevenir, porque quem vê cara não vê Aids. Não há distinção de raça, gênero ou classe social. Qualquer um pode contrair a doença”.

Teste oral

Boa parte dos novos casos foi identificada através do projeto “Viva Melhor Sabendo”. Em parceria com o Ministério da Saúde/Departamento de IST/Aids e Hepatites Virais, o Gapa vem realizando, desde março, testes orais do HIV na população jovem de Itabuna. A iniciativa acontece em apenas 51 municípios brasileiros, sendo o único no interior da Bahia.

Com auxílio de um bastão, o procedimento utiliza o fluido extraído da gengiva e da mucosa da bochecha e, em aproximadamente 15 minutos, já é possível obter o resultado. “Nós não temos o HIV no suor, lágrima ou saliva, mas o teste mostra, através dos anticorpos, se a pessoa é reagente ou não-reagente ao vírus. Abordamos o jovem, o convencemos a fazer o teste, aplicamos um questionário e, quando constatamos que ele é reagente, o encaminhamos para os exames confirmatórios no Centro de Referência em Prevenção, Assistência e Tratamento (Cerpat)”, detalhou.

A meta do projeto, que termina em novembro, é alcançar duas mil pessoas com idade entre 15 e 24 anos. Até o momento, 1.500 testes já foram realizados. De março a julho, as abordagens foram feitas nas praças centrais da cidade. E de agosto até novembro, elas acontecem nos bairros.

Sob a orientação da presidente do Gapa-Itabuna, Suse Mayre Moreira, a equipe composta por Otoniel Oliveira, Miralda Chagas, Carol Barreto, Rogério Muniz, Karine Bertoldo e Marluce Muniz já percorreu diversas localidades, como Maria Pinheiro, Nova Ferradas, São Pedro, Santa Inês, Nova Califórnia, São Caetano, entre outras. Os distritos de Itamaracá e Mutuns também serão beneficiados.

 

* Júnior Riller é estudante de jornalismo da Unime