Itabunense de 15 anos vai dos campos amadores à Seleção Brasileira



Sandry tem todas as credenciais para ser um astro no futebol

Uma goleada na rede da vida, com lances de absoluto talento. Assim podemos começar a narrar o jogo do volante itabunense Sandry Roberto Santos Góes, já escalado para a Seleção Brasileira Sub-15. O menino, vindo do bairro Califórnia, foi descoberto aos 10 anos e logo chamado para a base do Santos Futebol Clube.

Pelos mistérios do tal destino, o mesmo time que projetou para o mundo Pelé (até hoje o maior) e Neymar (um dos mais caros do momento). O Diário Bahia conheceu o berço dessa história e revela dribles inesquecíveis do craque grapiúna.

Filho do ex-jogador Carlos Alberto Oliveira Góes, conhecido como Nenenzinho, e da vendedora Adriana Gonçalves Santos, Sandry alcançou as primeiras vitórias graças a um time invencível: família e amigos.

Acompanhava o pai nos treinos, ainda criança, e ali aprendeu as primeiras lições na escola do futebol. Após o aprendizado de casa, passou pelo Ciso, depois AABB de Itabuna e foi descoberto por um olheiro do Bahia. A idade, porém, não permitia que ele fosse para o clube.

“Desde cedo, eu via meu pai jogar e observava. Quando eu comecei a jogar, sempre quis buscar a bola. Desde cedo, acho que eu sempre tive atitude, sabe? Sempre jogava com os caras de categoria acima. Com 10, jogava com os de 15”, recorda Sandry, na sala de casa, sob os olhares e sorrisos felizes dos pais, do avô Valter José Cavalcante, da tia-avó Marizete e da prima Jéssica.

Internet como vitrine

A família inteira vibra com a coleção de conquistas do craque grapiúna

Um mutirão se formou na família, em nome do talento de Sandry. A mãe filmava o seu menino jogando; Jéssica cortava os lances e fez uma espécie de clipe dos melhores momentos dele. Jogou na imensidão da internet, através do Youtube, e bingo: um telefonema foi recebido, com a proposta para o pequeno grande jogador ser avaliado no Santos.

“Fico feliz, porque era o sonho dele. Desde pequeno, a gente via que ele tinha muito talento. Então, a gente tem que apoiar mesmo”, afirma a prima. O avô, com o sorriso largo típico naquela família, completa: “Desejo que ele tenha muito sucesso e suba mesmo, porque ele merece. Desde sempre, todo mundo abraçou e está aí esperando o melhor”.

Na sala de casa, onde estivemos no Califórnia, boas recordações. Lembraram que até a saída foi difícil. Mas os amigos também abraçaram a causa. Entre esses parceiros, que também recebem agradecimentos, Eduardo e Vladstone Menezes Cunha. Graças à soma de esforços, pai e filho foram ao clube paulista, para um teste, em 2013. Quando ele foi aprovado, partiram pra lá a mãe e a irmã do jogador, Alice Kelly.

Nesses cinco anos, o brilho rege as jogadas do jovem volante. Venceu um campeonato nos Estados Unidos, representando a Seleção Brasileira Sub-15, e também representou o Santos na Copa São Paulo de Futebol Júnior (sub-20) e Copa do Brasil Sub-17. Agora, só aguarda o chamado para uma próxima temporada.

De pai pra filho

Os pais, Nenenzinho e Adriana, não contêm o orgulho do filhote

Sandry tem como referência o brasileiro Casemiro, que joga no Real Madrid. Mas deixa claro que a inspiração veio de casa, com Nenenzinho. O orgulhoso papai teve uma carreira de 15 anos, período em que passou pelo Itabuna Esporte Clube e Grapiúna Tênis Clube, Camaçariense, Serrano, além de times de São Paulo, Paraná e Espírito Santo, até pendurar a chuteira, aos 35 anos.

Dentro de casa, porém, marcou um dos maiores gols. Ensinou ao filho Sandry os primeiros dribles, cobrava, corrigia posturas e hoje só vibra. “Fico feliz em vê-lo falar que eu sou um espelho pra ele. É sinal que eu construí alguma coisa que hoje está servindo pra ele. E dizer que a base de tudo é o Senhor. E a família é o porto-seguro, porque nessa caminhada é muito difícil. Tanto difícil pra chegar como pra se manter no clube”, diz, emocionado.

A mãe, que deixou Itabuna para trabalhar num shopping em Santos, demonstra igual alegria. “Era um sonho; é um orgulho imenso. A família sempre acreditou nele. Meu coração de mãe dizia que isso ia acontecer com ele. Quando ele foi convocado pra a Seleção, era uma alegria que não cabia em mim”, conta.

Assim como em campo não desiste de nenhum lance, Sandry mostra todas as credenciais para realizar o sonho de todo jogador de futebol: chegar a uma Copa do Mundo. Depois de um passe com tamanha ascensão, só nos resta sentenciar: 2022 vem aí!