Juvenal Maynart aponta cenário de um “novo negócio cacau”


Pela 1ª vez, Brasil sedia em outubro evento da Fundação Mundial do Cacau


Juvenal Maynart responde por duas das principais cadeiras da Ceplac

 

Ao longo de sua gestão à frente das duas principais cadeiras da Ceplac – a Superintendência Bahia e a Direção Brasília –, Juvenal Maynart sempre insistiu na mudança de paradigmas na cacauicultura. Como órgão indutor, a Ceplac deveria também transformar-se, para que não fosse atropelada pelos acontecimentos. “Os novos paradigmas são inevitáveis, basta ver o que está a ocorrer no mundo, no Brasil, em todas as áreas”, dizia, citando o pensador Gilles Deleuze.

Pois essa tal pós-modernidade chegou. A Ceplac virou “Centro de Excelência das Políticas para Lavoura Cacaueira”, sob o paradigma dos sistemas agroflorestais (SAFs), hoje em evidência no Ministério da Agricultura. Como cacau e Ceplac remetem à mesma ideia – desenvolvimento sustentável –, o negócio cacau também se renova, a partir de uma nova mentalidade que leva antigos produtores a repensarem a forma bicentenária de produzir amêndoas, e passam – acompanhando o novo paradigma introduzido pela nova geração – a beneficiar a matéria-prima, produzindo chocolates finos e gourmets.

Juvenal comemora o que considera outra de suas previsões: “haverá uma mudança de narrativa”, dizia, nas reuniões e nos corredores da Superintendência, há 5 anos. “A missão provar – por meio da cadeia produtiva – uma meta de duplicar a produção nacional em 10 anos e colocar novamente o Brasil no cenário mundial do cacau é mais que uma nova narrativa, é um atestado de capacidade ao produtor brasileiro. O mundo hoje acredita”.

Há até pouco tempo, a narrativa era outra, o trinômio dívida-crédito-vassoura. Juvenal diz que tudo isso ainda é importante, e a Ceplac trabalha em cima dos três problemas, que são um grande impeditivo para o desenvolvimento da cacauicultura baiana, principalmente. “Mas esses problemas deixaram de ser uma cantilena, embora persistam, e os produtores passaram a acreditar no cacau, no negócio, numa visão ampliada”.

Evento mundial

Para ele, a confirmação do novo momento é a realização, pela primeira vez na América Latina, de evento da Fundação Mundial do Cacau (WCF), nos dias 24 e 25 de outubro, em São Paulo. Nesses dias estará no Brasil toda a cadeia produtiva mundial, discutindo o negócio cacau. “São ações que garantem o crescimento da atividade, com certeza”, observa Maynart.

Em outra frente, 7 mil famílias de assentados serão atendidas com o primeiro financiamento produtivo em SAF-Cacau. Esse processo, junto com o projeto Rotas do Cacau, acordo de cooperação Incra-Ceplac, são as garantias de desenvolvimento local. “Projetos de PSA – pagamentos por serviços ambientais – são novos desafios da realidade de SAFs em planejamento por bacias hidrográficas.

Ainda no entendimento dele, há grandes desafios, que não invalidam o que diz sobre o momento atual. “A lavoura na Bahia precisa desatar o nó do manejo da Cabruca e equacionar o endividamento do não-resoluto Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira da Bahia. Parafraseando Padre Antônio Vieira: ‘os produtores não estão a pedir pedindo, mas protestando e exigindo, pois não estão a pedir favor, e sim, justiça’”.