Marcos Mendes dispara: Rui e ACM Neto fazem campanha um pro outro



O geólogo Marcos Mendes, filiado e um dos fundadores do PSOL na Bahia, foi o primeiro a lançar oficialmente neste 2017 – após votação interna – a pré-candidatura a governador. Ele participará do pleito pela terceira vez, sempre com um discurso veemente e que muitas vezes desconcerta os adversários, principalmente em embates na televisão. Um dos principais instrumentos de campanha, ele adianta, serão as redes sociais. Mendes é mestre em Geologia Ambiental, tem especialização em Gestão Pública, já foi professor universitário e atua como bancário há 28 anos. Para ele, Rui Costa e ACM Neto acabam fazendo campanha um pro outro, como estratégia para forçar uma polarização.

Marcos Mendes é tido como franco-atirador nos debates, colocando o “dedo na ferida” dos adversários. O que muda e o que fica igual em 2018, já que o senhor é pré-candidato a governador?

Nós buscamos algumas táticas. Como ninguém conhecia Marcos Mendes nem o PSOL ainda em 2010, analisamos todas as sujeiras de alguns candidatos, todos os indícios de corrupção e atacamos nesse sentido. Fizemos um mix de propostas para Saúde, Educação, Semiárido… Na segunda vez, com mais experiência, estudamos os candidatos tradicionais, mas também fizemos um estudo científico do estado como um todo. Fizemos um debate reconhecido por todos como qualificado. A gente apontava as feridas, que hoje estão sendo comprovadas; isso dá uma credibilidade muito grande à campanha do PSOL e à nossa campanha. Dessa vez, vamos continuar nessa pegada: de maneira científica, com ideias e propostas interessantes para a transformação da Bahia, e queremos quebrar esse sistema binário, que a gente chama de Ba-Vi. Agora, está o PT junto com PP e PSD; do outro lado, o DEM e o PSDB. Queremos que as pessoas enxerguem uma via alternativa.

Eleição, no final das contas, é matemática. Qual vai ser o primeiro argumento na busca de voto fora dessa sinalizada polarização Rui Costa versus ACM Neto?

Uma coisa interessante é o seguinte: eles acabam fazendo campanha um pro outro. ACM Neto faz campanha pra Rui e Rui faz campanha pra ACM Neto, para haver uma polarização e lá em cima disputar os dois. Isso é uma tática deles próprios. De maneira pedagógica, educativa, a primeira coisa que eu vou tentar é mostrar isso para a população. Que ela está fazendo parte de um jogo que eles tramam, para que não mude nada. Lá em cima, eles vão ser gerentes de um mesmo projeto político, sempre as empreiteiras se beneficiando. O que muda? Não muda nada. A população fica a ver navios; o dinheiro público, que deveria ser investido em políticas públicas, acaba dando retorno a esses empreiteiros que investiram nas campanhas deles. É o que a gente chama de agiotagem eleitoral. O segundo ponto que a gente tem como tática é que, na última vez, o número de votos nulos, abstenções e votos em branco ganharia pra Rui Costa.

E este será seu foco…

As pessoas que estão desencantadas com essa política precisam enxergar mais o trabalho que o PSOL vem fazendo nacionalmente. Porque no primeiro turno esses votos não resolvem nada; acabam sendo perdidos. E os votos válidos sempre elegem as pessoas que têm mais dinheiro, que fazem mais esquemas, mais alianças fisiológicas. Então, a gente vai fazer uma campanha tentando conscientizar essas pessoas que votam branco, nulo ou se abstêm. Se elas realmente votarem numa alternativa política, juntos a gente pode construir outro projeto para a Bahia.

Numa retrospectiva dos últimos quatro anos, a principal questão que piorou na Bahia foi …

Tem três. Eu acho que a segurança piorou muito; o índice de assassinatos aumentou substancialmente; se agravou o problema da saúde – a morte nos corredores dos hospitais, o abandono dos hospitais públicos aumentou – e a questão da educação. O atual governo tem atacado muito os servidores da área estadual; retirar direitos, como a licença-prêmio. Quem entrar agora não tem mais direito a essa licença, não pode mais vender uma parte das férias. Para se aposentar, demora no mínimo mais de um ano, mesmo tendo direito; está congelada a progressão. Quando o servidor não é bem tratado, automaticamente, o serviço não é bem prestado.

Na contramão disso, o que o senhor reconhece que melhorou?

Desde a última Copa do Mundo, houve um dinheiro federal para que a gente construísse algo para nossa mobilidade. Por exemplo, o metrô. Não é o metrô ideal, mas pelo menos ele saiu; isso é um ponto positivo para Salvador. Agora, a crítica que a gente faz é: nessa briguinha de ACM Neto com Rui Costa, ACM Neto cortou várias linhas de ônibus de uma hora para outra, demitiu muitos trabalhadores rodoviários e isso não é bom. Apesar de ter o metrô, ele é distante dos lugares onde as pessoas estão. Elas têm que andar muito, porque não tem outra saída, não tem os ônibus alternativos pra levá-las. Outra coisa: nesse metrô tem bicicletário, mas não funciona.

Uma palavra para definir Marcos Mendes.

Coerência.