O MONSTRO CONTIDO


"É bem verdade que a inflação brasileira nunca atingiu valores estratosféricos como ocorreu em algumas nações, como a Alemanha, logo após a primeira guerra mundial"


Não deixa de ser um alento verificarmos que a inflação brasileira encontra-se contida e sem assombrar tanto como em anos atrás,quando atingiu níveis não compatíveis com uma nação civilizada. As novas gerações não conviveram com o fantasma diuturno de uma inflação incontrolável, que piorou entre 1988 e 1994,chegando a atingir, em 1993, 2.567,46 % ao ano. O donatário do Maranhão, que recebeu no colo o governo da república quando da morte de Tancredo Neves, ao deixar o governo, em 1990, “presenteou” o sucessor e o povo brasileiro, com uma inflação mensal de 80 %.

Vários planos foram elaborados tentando vencer o “monstro” da inflação que acabava, tal como uma nova Fênix, ressurgindo com mais força, deteriorando o já insuficiente salário da classe trabalhadora e aquelas “maquininhas”, com seu barulho característico, assinalavam que os preços estavam sendo remarcados, para cima; era uma loucura. O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, em artigo na revista VEJA, em 1992, assinalava que a “inflação atinge o padrão ético da sociedade”; os preços eram remarcados mais de uma vez, por dia e quem podia, comprava o máximo, para estocar, a fim de vencer aquela situação difícil. Os preços dobravam a cada 35 dias. É bem verdade que a inflação brasileira nunca atingiu valores estratosféricos como ocorreu em algumas nações, como a Alemanha, logo após a primeira guerra mundial, que atingiu 29.500 % ao mês e esse foi um dos fatores que propiciou a ascensão de Hitler e a ideologia nazista; mas nenhuma se igualou a da Hungria que, em 1946, atingiu 207 % ao dia, alcançando 41.900 quatrilhões por ano, sendo a mais alta hiperinflação já registrada.

A escalada inflacionário no nosso Brasil foi quebrada em 1995 quando do lançamento do plano Real que, a princípio, não mereceu muita fé do povo brasileiro, já escaldado com tantos planos anteriores que não deram certo.Mas o plano foi muito bem elaborado por uma equipe de brilhantes economistas, coordenado pelo então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso e, até o presente, o “monstro” encontra-se contido.

Nos últimos dias saiu o resultado da inflação de 2018 que ficou em 3,75 % e isso reflete, também, o trabalho do governo Temer, que conseguiu segurar a subida da inflação que se instalara no governo Dilma, governo também responsável pela queda na produção industrial do país, queda no comércio e nos níveis econômicos que atestam a solidez de um país. Michel Temer deixou o governo com níveis de popularidade lá embaixo, o que nos parece até certo ponto injusto, quando se observa o governo que herdou de sua sucessora.

Estamos com um novo governo que, já nos primeiros momentos, tem procurado cumprir o que prometeu durante a campanha e isso traz de volta, mesmo parcialmente, a credibilidade que a classe política perdeu. Não roubar e não deixar roubar; manter uma total transparência no trato da coisa pública e a vontade de trabalhar, podem recobrar o patrimônio perdido pelos políticos, principalmente diante daqueles escândalos que nos cansamos de ver e de ouvir e que enxovalhavam a classe política. Aguardemos os resultados.