O PT e a Justiça



Já passou da hora do ex-presidente Lula começar a ouvir a ala do PT que não comunga com o desaconselhável enfrentamento da Justiça e a pregação da desobediência civil.

O pior caminho é desafiar o Poder Judiciário. A consequência imediata é o fortalecimento do corporativismo, com todos de mãos dadas na defesa dos seus pares e da instituição.

O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, ao confiscar o passaporte de Lula, considerou na sua decisão as “hostilidades” do petista ao Judiciário.

Aliás, o STF mandou o seguinte recado para o PT: “Se alguma chance existe de a Corte soltar Lula se ele for preso, ela pode desaparecer caso a legenda suba o tom de suas críticas”.

A advertência da instância máxima parece que surtiu efeito. A senadora Gleisi Hoffmann, mandatária-mor do PT nacional, já diz que “confia nas cortes superiores”.

É bom lembrar que Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, senador pelo Rio de Janeiro, são considerados como os principais protagonistas da insurgência contra o Judiciário.

Esse posicionamento de rebeldia termina fazendo com que os senhores magistrados proclamem suas sentenças levando em conta os ataques à instituição.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que condenou o ex-presidente a mais de 12 anos de prisão, já esvaziou todas as teses da defesa de Lula para outras ações penais.

Vale ressaltar que Luiz Inácio Lula da Silva tem outros processos. É réu em outras ações na área penal. Aconselha-se então um “puxão de orelha” nos insurgentes.

O Partido dos Trabalhadores, volto a repetir – salvo engano, pela terceira vez –, precisa fazer uma urgente e profunda reflexão. O PT não é a lei e nem Lula um Deus.

Bancada da Religião

Evangélicos e católicos vão se unir para aumentar suas bancadas no Congresso Nacional, deixando de lado as diferenças quanto às crenças e doutrinas.

Os evangélicos, que correspondem a 30% da população, já contam com 97 deputados e 3 senadores. Os católicos estão representados por 48 parlamentares.

A finalidade dessa união eleitoral é alcançar uma bancada com mais de 200 políticos, todos atuando contra os jogos de azar, o aborto, eutanásia e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

“Os nossos irmãos evangélicos não são nossos adversários e, na medida do possível, estaremos juntos na eleição”, diz Paulo Melo, do Movimento Católico Pró-Vida.

Melo, que é filiado ao PTN, descartou, sem nenhum tipo de constrangimento, alguns partidos: “Os nossos adversários são PT, PSOL, PSTU e PCdoB, que defendem agenda progressista”.

O empresário evangélico Flávio Rocha, dono da Riachuelo, já colocou seu nome para ser o candidato à presidência da República da junção religiosa.

Mais um “salvador da Pátria”. Vai usar o nome de Deus para convencer seus irmãos religiosos. Se o saudoso jornalista Eduardo Anunciação fosse vivo, diria “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém”.

Muitas saudades da irreverência, da polemicidade e da inquietude de Duda, como era carinhosamente chamado.

R$ 1,71 bilhões

É isso mesmo: a “bagatela” é de um bilhão, 700 milhões e 100 mil reais. É esse o total do chamado fundo público eleitoral destinado aos partidos políticos.

Se o fundo é público, obviamente o dinheiro vem dos cofres públicos para financiar as campanhas das senhoras e dos senhores candidatos na eleição de outubro.

Para evitar chiadeira, já que o dindin é “pouco”, tiraram R$ 70 milhões de verbas da saúde, como se o setor estivesse sem nenhum problema, funcionando como manda o figurino.

A saúde do povo que se dane, o que não pode é contrariar, aborrecer os partidos políticos e suas respectivas lideranças, ávidas por mais e mais dinheiro.

O PRB, PDT e o PR receberão a maior diferença em relação à eleição de 2014, respectivamente R$ 56,8 milhões, R$ 53,9 milhões e R$ 36,2 milhões a mais em 2018.

PT, MDB e PSDB são os mais riquinhos, os que vão receber a maior fatia do bolo, ou melhor, do bolão do fundo eleitoral.

Lula, Rui Costa e Fernando Gomes      

Comenta-se muito sobre as consequências da condenação de Luiz Inácio Lula da Silva nas sucessões dos Estados e, principalmente, na disputa presidencial.

No caso da Bahia, fica claro que o grande beneficiado foi o prefeito soteropolitano ACM Neto, pré-candidato a governador pelo DEM.

Neto vai aproveitar o inferno astral do líder petista, condenado a mais de 12 anos de prisão, para se aliançar com as legendas que integram o chamado centrão: PP, PR, PSD, PRB e o PTB.

Os cinco partidos apoiam o governo Temer. O PRB e o PTB já são aliados do alcaide. O PR e o PP caminham a passos largos para desgrudar do PT.

O PSD, do senador Otto Alencar, parece firme com Rui Costa, em que pese as declarações do deputado Ângelo Coronel, presidente da Assembleia Legislativa, colocando em dúvida o apoio à reeleição do governador.

Rui sabe que as articulações vêm da cúpula nacional dos partidos. O receio do isolamento já provoca uma melhor atenção com os aliados PCdoB, PDT e PSB. Comunistas, pedetistas e socialistas passam a ter outro tratamento.

E onde entra o prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, agora aliado de Rui Costa, nesse comentário? É que a condenação de Lula foi efusivamente festejada pelo fernandismo anti-PT.

Aliás, Fernando já disse, por mais de uma vez, que não quer saber do PT, nem de Jaques Wagner, Geraldo Simões e companhia Ltda, que seu compromisso é com Rui Costa.

Calcula-se que ACM Neto tenha 80% dos votos dos fernandistas, incluindo aí os secretários e os que exercem cargos de confiança no Centro Administrativo Firmino Alves.

Não se sabe qual a opinião do ex-governador Jaques Wagner, eventual substituto de Lula na sucessão do Palácio do Planalto, sobre esse “chega pra lá” do prefeito Fernando Gomes.

Bolsonaro, as pesquisas e os debates

A pesquisa do Datafolha causou preocupação nas hostes do bolsonarismo. Esperava-se um melhor desempenho do presidenciável Jair Bolsonaro.

Em um cada vez mais provável segundo turno, as simulações apontam que Bolsonaro não ganha para nenhum adversário, seja do campo da direita, centro ou da esquerda.

Com Lula – se o petista disputar a eleição –, Bolsonaro perde com uma diferença de 17 pontos percentuais: 49% versus 32%. Enfrentando Marina Silva, o placar é de 42% x 32%. Seu melhor desempenho é com o tucano Geraldo Alckmin, 35% x 33%.

No quesito rejeição, Bolsonaro é o quarto mais refutado, com 29%. Em primeiro lugar o atual presidente Michel Temer, com 60%; Fernando Collor, 44%, e Lula, 40%.

O problema maior, segundo os próprios bolsonaristas, ainda está para acontecer. Ou seja, o início dos debates entre os postulantes ao Palácio do Planalto.

Os concorrentes apostam que Bolsonaro vai perder preciosos pontos assim que começar as contendas. Tem até os que acham que o deputado ficará fora do segundo round.

Pois é. O definhamento de Jair Bolsonaro na corrida sucessória é só uma questão de tempo. E o tempo, além de ser inexorável, é o senhor da razão.

Lídice e a majoritária

Plenário do Senado

A senadora Lídice da Mata, presidente estadual do PSB, continua lutando para integrar a chapa majoritária encabeçada pelo governador Rui Costa (PT-reeleição).

Sabe que a missão é difícil. O chefe do Executivo já deu diversos sinais de que não há espaço para PSB, PCdoB e PDT na composição da majoritária.

Rui tornou a dizer que a prioridade é do PP do vice-governador João Leão, que pode até escolher entre ser novamente candidato a vice ou a senador, e do PSD de Otto Alencar, que ficaria com uma vaga para o Senado. A outra é de Jaques Wagner.

O Partido Socialista Brasileiro, no entanto, e com toda razão, acha que a defenestração da parlamentar é inaceitável, um desrespeito ao seu mandato.

“Lídice é a candidata de Lula ao Senado”, diz Fátima Mendonça, ex-primeira-dama do Estado, esposa do ex-governador Jaques Wagner.

Essa nova “cabo eleitoral” não vai conseguir mudar o rumo das articulações, mesmo citando o ex-presidente Lula, alheio aos problemas regionais em decorrência dos imbróglios com a Justiça.

A esperança de assumir o lugar de Jaques Wagner, que seria o presidenciável de Lula em caso de uma eventual inelegibilidade do ex-presidente, escafedeu-se.

Wagner ratificou – de maneira incisiva e por duas vezes – que será candidato ao Senado da República, empurrando o chamado plano B para Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.

Assim, pelo andar da carruagem, só resta a Lídice dois caminhos: buscar sua reeleição com uma candidatura avulsa ou sair para deputada federal.

Nos bastidores, o que se comenta é que a cúpula nacional do PSB vai usar essa indiferença com Lídice como um dos motivos para não se aproximar do PT na sucessão do Palácio do Planalto.