PMs que recebiam propina de traficantes são presos no Rio em megaoperação



Policiais civis estão por ruas do estado para prender PMs e traficantes (Foto: Fernanda Rouvenat/G1)

Polícia Civil realiza,segundo o G1, uma megaoperação na manhã desta quinta, 29, para prender policiais militares e traficantes suspeitos de integrarem um esquema criminoso em São Gonçalo, Região Metropolitana do estado.

Quase uma centena de policiais que já esteve, e está, nas fileiras do efetivo do 7º BPM (São Gonçalo) é acusada pela polícia de fazer parte de um esquema de recebimento de propina que rendia, mais ou menos, R$ 1 milhão por mês aos militares.

Ainda segunda o G1, a operação para prender os envolvidos, batizada de Calabar, contou com 800 agentes e 110 delegados, que deixaram a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte da cidade, às 5h. Por volta das 6h30, já havia policiais militares presos. A ação é, segundo a polícia, a maior da história relativa a casos de corrupção envolvendo PMs e traficantes.

Os policiais que forem presos irão responder por organização criminosa e corrupção passiva. Já os bandidos respondem por tráfico, organização criminosa e corrupção ativa. O nome Calabar é uma referência a Domingos Fernandes Calabar, considerado o maior traidor da história do país.

A investigação, como informa o G1, mostra que os PMs atuavam como “varejistas do crime” e chegavam a ofertar serviços diversos a traficantes. Por exemplo, os militares escoltavam os chamados “bondes” de criminosos de um local a outro, e até alugavam armas da corporação, incluindo fuzis, aos traficantes.

Uma das conclusões do inquérito é que todas as semanas, de quinta-feira a domingo, as viaturas do batalhão circulavam por ruas de São Gonçalo exclusivamente para recolher o “arrêgo” pago pelo tráfico. O valor cobrado pelos PMs variava entre R$ 1,5 mil e R$ 2,5 mil para cada equipe de policiais que estava de plantão.

Ainda de acordo com a investigação, entre outros crimes, 96 militares são acusados pela polícia de receber bons pagamentos para não atrapalhar os negócios de bandidos, o que, no jargão, é conhecido como “arrêgo”.

O esquema foi descoberto há quase um ano pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). A primeira pista do esquema surgiu a partir da prisão de um dos suspeitos apontado como responsável por recolher a propina para os policiais.
O resultado só foi possível graças ao trabalho de escuta de agentes, que identificou dois mil diálogos entre PMs e traficantes considerados “chaves” pela polícia para elaborar o inquérito e indiciar os suspeitos. Para chegar ao resultado, policiais da especializada interceptaram mais de 250 mil ligações.
Início da infestigação
O trabalho de investigação, que também contou com o apoio do Gaeco do Ministério Público, foi iniciado a partir da morte de um policial reformado na Avenida do Contorno, em fevereiro de 2016.

Na ocasião, agentes da delegacia, que faziam um local de crime, desconfiaram de um veículo suspeito, que passou pelo viaduto diversas vezes. Após abordagem, foram apreendidos com o suspeito cerca de 28 mil reais em espécie, relativos ao pagamento de propina de traficantes a policiais do 7º BPM (São Gonçalo).

O suspeito aderiu à delação premiada (algo inédito no âmbito de segurança) e detalhou o esquema que envolvia centenas de policiais em mais de 50 comunidades do município. A principal testemunha foi incluída no sistema de proteção à vítima e testemunha.