Professores repudiam vetor disciplinar durante audiência sobre Educação em Itabuna


Encontro deu sequência a captação de vozes da população pela reforma da Lei Orgânica do Município


Nomes da política e do controle social discutiram o quê pode ser alterado na Lei Orgânica de Itabuna

A última audiência pública para captar sugestões da comunidade no processo de atualização da Lei Orgânica do Município de Itabuna (LOMI) mostrou posicionamentos de dezenas de professores contrários à implantação do vetor disciplinar nas escolas da rede. Realizada quarta-feira (11), no plenário da Câmara de Vereadores, a reunião apontou itens a serem acrescentados e/ou suprimidos na verdadeira Constituição local.

A atual presidente do Conselho Municipal de Educação, Rosemary Santiago, alertou: “Na gestão compartilhada, com escolas cívico-militares, nossa autonomia está sendo colocada em risco; a pedagógica e a administrativa. O projeto de lei que chegou precisa ser visto com muito carinho. Quando coloca nas mãos dos Policiais Militares projetos que discutam cidadania, ética, onde estão os professores? O que cabe a nós dentro desse espaço?”, indagou.

Ela também manifestou preocupação caso deixem de ser obrigatórios os repasses federais de 25% do orçamento para a Educação. Pensando, inclusive, das crianças e adolescentes fora da sala de aula. Sobre a LOMI, disse que não se pode deixar de identificar tópicos a acrescentar. “Me preocupo com o que ainda não oferecemos, mesmo que nos pareça distante o que está na legislação. Ainda precisamos dar atenção à educação básica para a população rural; à educação de jovens e adultos, povos indígenas…”, enumerou.

Professores e conselhos integraram a maior parte da plateia

 Sobre Lei Orgânica

A presidente de honra do referido Conselho, Anorina Smith Lima, ressalvou que o projeto das escolas cívico-militares já tramita há anos em nível federal. Ela explanou detalhadamente sobre a legislação da Educação e considera que houve avanços consideráveis através de leis municipais. Mas criticou o movimento de muitos estados pelo fim do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). “É um contrassenso o fim do FUNDEB”, constatou.

O representante da Secretaria Municipal de Educação, Fábio Bittencourt, elencou artigos a serem modificados. Entre eles, para alfabetização de jovens, adultos e idosos, bem como para escolas a partir de mil alunos contarem com médico e dentista.

Como uma voz em favor da inclusão, o presidente da Associação de Surdos de Itabuna, Moabe Santos, com o auxílio da intérprete Roberta Brandão, defendeu: que a LOMI preveja meios para a acessibilidade nas escolas da rede municipal, através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

O presidente da comissão designada para acompanhar a reforma da LOMI, Júnior Brandão (PT), lembrou que até 16 de dezembro o site do legislativo (www.cmvitabuna.ba.gov.br) seguirá recebendo propostas para emendas. “A atual Lei Orgânica está no site da Câmara”, informou, deixando claro que a intenção da Casa é possibilitar o máximo de interação para a população participar da reforma da citada Lei..

A audiência também contou com a presença da coordenadora do Fórum Municipal de Educação, Maria Lúcia Bittar; vice-prefeito Fernando Vitta, vereador Ronaldão (PMN), além dos edis Beto Dourado (PSDB), relator da reforma; Jairo Araújo (PCdoB), relator-adjunto, e Enderson Guinho (PDT), vice-presidente.“Que a Lei Orgânica seja o espelho mais próximo da sociedade”, defendeu Jairo.

Ao fim de mais uma audiência, um flash que mostra presença do itabunense na construção da nova Lei Orgânica

Mais sobre vetor disciplinar

Ainda em relação à proposta de implantação do vetor disciplinar, junto às tantas manifestações, listamos mais algumas. Sérgio Oliveira entende ser uma saída contra a violência que também campeia nas escolas.

Em contrapartida, a professora Lilian Reichert, da UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia), assinalou: “A militarização é um decreto de falência da educação de Itabuna; regras de cima vêm cercear a liberdade dos professores”. Ela defendeu, ainda, a importância desse momento de rever a LOMI e, sobretudo, tê-la como norte. “A letra fria da lei deve ser esquentada pela nossa atuação”.