Quem é o candidato de FG?



É evidente que a pergunta que intitula o comentário de hoje não diz respeito à sucessão do cobiçado Palácio de Ondina, sede do governo da Bahia.

O prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, ainda sem partido depois que saiu do DEM, já declarou que vai fazer campanha para o segundo mandato do governador Rui Costa (PT).

O alcaide já disse que seu compromisso é só com a reeleição do chefe do Executivo, descartando votar em qualquer outro candidato do Partido dos Trabalhadores.

Se depender da vontade de Fernando Gomes, o PT não elege deputado estadual, federal, senador e presidente da República.

Em entrevista ao Diário Bahia, Maria Alice, secretária de Governo e fernandista histórica, mostrou que segue a mesma posição do seu líder político.

O comando estadual do PT, tendo na linha de frente Everaldo Anunciação, ex-vereador de Itabuna, vai tentar amenizar esse antipetismo enraizado no prefeito, principalmente em relação ao ex-governador Jaques Wagner, pré-candidato a senador.

Quanto ao Palácio do Planalto, o PT sabe que dificilmente o gestor votaria em um candidato da legenda, seja Lula ou outro, em decorrência de uma eventual inelegibilidade do ex-presidente.

Não se sabe a opinião de Jaques Wagner sobre essa repugnância de Fernando com sua candidatura. Wagner prefere o silêncio. Se comenta alguma coisa, só entre pessoas mais próximas.

E quem seria o nome de Fernando Gomes à presidência da República? A resposta só com o próprio Fernando. O enigma vai continuar.

Jair Bolsonaro é o mais citado, seguido pelo tucano Geraldo Alckmin. Rodrigo Maia, do DEM de ACM Neto, hoje inimigo político de FG, tem cotação bem baixa. Lula, Ciro e Marina não aparecem na bolsa de apostas.

As dificuldades de Alckmin

Dos presidenciáveis que são tidos como candidatos de verdade ao Palácio do Planalto, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é o que tem mais obstáculos pela frente.

É evidente que todos eles têm seus abacaxis para descascar, alguns mais, outros menos. Eleição para a presidência da República não é fácil.

O PT vive seu angustiante dilema em relação a Lula, se o líder petista vai disputar ou não a sucessão, em decorrência da sua condenação em órgão colegiado de segunda instância.

Pelo campo eminentemente político, o tucano Alckmin é o que tem mais problemas. Vejamos quais.

Problema 1 – O vice-governador Márcio França já insinuou a demissão de alguns secretários assim que assumir o lugar de Alckmin.

Problema 2 – Alckmin terá que deixar o cargo no mês de abril, se desincompatibilizar. Márcio França, que é do PSB, é pré-candidato ao governo do Estado.

Problema 3 – O tucanato, que governa São Paulo por muitos anos, corre o risco de entregar o Palácio dos Bandeirantes a um socialista, cujo partido pode ter seu presidenciável.

Problema 4 – O prefeito João Dória, da mesma legenda de Alckmin, o PSDB, quer agora ser candidato a governador de qualquer jeito.

Problema 5 – O colega de partido Arthur Virgílio, prefeito de Manaus, não abre mão de enfrentar Alckmin nas prévias para a indicação do candidato oficial do PSDB.

Problema 6 – A difícil missão de descolar o PSDB do MDB de Michel Temer, Geddel, Cabral, Moreira Franco, Renan Calheiros, Eunício Oliveira, Romero Jucá, Eduardo Cunha e companhia Ltda.

Problema 7 – Para ter o apoio de partidos que fazem parte do centrão, que são aliados do presidente Temer, como o PP e o PR, terá que defender um governo com uma impopularidade gigantesca.

Problema 8 – As pesquisas de intenções de voto. Alckmin não consegue deslanchar, ser o candidato com mais viabilidade eleitoral para enfrentar os adversários do campo progressista e da direita radical, representada por Jair Bolsonaro.

Problema 9 – O Nordeste. Sua votação nessa considerável fatia do eleitorado é quase nula. Não à toa que anda atrás de um político da região para ser o vice. O sonho é ter o prefeito ACM Neto (DEM) na chapa.

Problema 10 – O próprio Geraldo Alckmin. Por mais que o tucano se esforce, não consegue empolgar. Os adversários chamam o governador de “picolé de chuchu”.

Problema 11 – Luciano Huck. O candidato das Organizações Globo já conta com a simpatia do ex-presidente FHC, o tucano-mor, o pavão mais exótico do tucanato, das plumas mais coloridas.

Geraldo Alckmin, no entanto, em que pese todos esses problemas, que são inerentes ao processo político, é o melhor nome do PSDB.

Procurando um partido

Muitos políticos vão aproveitar a tal da “janela partidária”, que permite mudar de partido sem sofrer consequências, para debandar para outras legendas.

A tal da janela é mais um jeitinho brasileiro para que os senhores políticos façam seu jogo diante do emaranhado processo eleitoral, cada vez mais prostituído e putrefato.

O empresário Rafael Moreira, por exemplo, pré-candidato a deputado estadual, pode deixar o PSB de Itabuna, presidido pelo médico Renato Costa, a qualquer momento.

Coordenadores da campanha de Moreira acham que dificilmente ele consegue se eleger pelo PSB, já que vai precisar de milhares de votos para superar os concorrentes internos.

Comenta-se nos bastidores, mais especificamente do Centro Administrativo de Itabuna, que Maria Alice, secretária de Governo, pode assumir o comando de um partido no início de março.

Alice, que tem toda confiança do alcaide Fernando Gomes, vai, aos poucos, em doses homeopáticas, voltando a ser a “dama de ferro” do fernandismo.

A intenção da secretária é levar um bom número de vereadores para a nova sigla, que seria da base de apoio do governador Rui Costa (PT).

Depois do carnaval, lá no final de fevereiro, nos primeiros dias de março, as articulações ficarão mais transparentes, sem esse nevoeiro de hoje.

A candidatura de Huck

O padrinho político da candidatura do global Luciano Huck ao Palácio do Planalto é Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República.

FHC, como é abreviadamente chamado, é o tucano (PSDB) mais exótico do tucanato, sem dúvida o de plumas mais coloridas e bico reluzente.

O engraçado é que FHC dizia que o prefeito de São Paulo, João Doria, estava tendo um comportamento condenável em relação ao governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

Doria se autoproclamava presidenciável da legenda, querendo tomar o lugar do seu criador, daquele que foi responsável pela sua eleição para o Palácio do Anhangabaú.

Alckmin, mesmo contra algumas lideranças do partido, elege o “poste”, que logo é picado pela mosca azul e começa a sabotar a pré-candidatura presidencial do chefe do Executivo estadual.

FHC, percebendo a traição de Doria, aconselha Alckmin a assumir o comando nacional do PSDB, se fortalecendo para ser o nome da legenda na sucessão de Temer.

Agora, no maior cinismo do mundo, o tucano mais exótico, de plumas mais coloridas e bico reluzente, passa a ser o principal incentivador da candidatura de Luciano Huck.

Como o anzol da infidelidade partidária só pega peixes pequenos, os tubarões ficam isentos de qualquer questionamento. Não são taxados de ingratos, traidores e oportunistas de plantão.

Fernando Henrique Cardoso, também conhecido como o “Príncipe da Privataria”, é um, digamos, João Doria mais lapidado, mais traiçoeiro.

A candidatura de Luciano Huck é o sonho de FHC, que se dane o PSDB, Alckmin e todo o tucanato.

Um dia após o outro

Os petistas vivem a mesma expectativa dos mangaberistas em relação à Justiça. O pessoal do médico Antônio Mangabeira, ex-prefeiturável do PDT na sucessão de 2016, acreditava que Fernando Gomes não assumiria a prefeitura de Itabuna.

O PT acredita que Lula vai disputar a eleição presidencial, que a Lei da Ficha Limpa será abatida pelos tribunais superiores, mais especificamente pela Supremo Tribunal Federal (STF), instância máxima do Poder Judiciário.

E por falar no PDT, o deputado Félix Júnior, presidente estadual da legenda brizolista, vem a Itabuna no próximo dia 19 para uma reunião com o diretório municipal. Em pauta a pré-candidatura de Mangabeira a deputado federal.

O parlamentar vem com uma boa notícia: Mangabeira bem colocado nas pesquisas de intenções de voto, com uma boa diferença em relação ao segundo.