RUI E AS EXIGÊNCIAS DE BELLINTANI


É a novela do vai-não-vai, segundo o articulista itabunense Marco Wense


Guilherme Bellintani, presidente do Esporte Clube Bahia, não vai mais disputar o comando do Palácio Thomé de Souza. A novela do “vai não vai”, que passou um bom tempo sendo manchete no jornalismo político, terminou.

O último capítulo, com grande audiência na classe política, foi protagonizado pelo governador Rui Costa e o próprio Bellintani. Quem gostou do final da novela foi o prefeito soteropolitano ACM Neto, presidente nacional do DEM. O demismo comemorou efusivamente.

Se o petista-mor da Bahia aceita as imposições de Bellintani, a sucessão de Salvador ficaria mais acirrada e imprevisível. Teríamos o empolgante fato de ter três prefeituráveis oriundos do governo Neto: o vice-prefeito Bruno Reis, Leo Prates e Bellintani, respectivamente pelo DEM, PDT e PT (ou PSB), o que não deixa de ser a prova inconteste, o reconhecimento de que Neto faz um bom governo.

Estão jogando toda culpa da desistência de Bellintani no governador Rui Costa. Sequer uma porcentagem, por menor que seja, é atribuída ao dirigente do tricolor de aço. O morador mais ilustre do Palácio de Ondina está sendo taxado de péssimo articulador político, de inábil e outras adjetivações.

Ora, não é bem assim. As condições impostas por Bellintani para sair candidato terminaram levando Rui Costa para uma situação complicada. O ex-pré-candidato menosprezou o PT, exigiu do governador que articulasse sua ida para o PSB, e que o pastor Isidório fosse para o Partido dos Trabalhadores para ser seu vice.

Bellintani, assentado em pesquisas de intenções de voto, deve ter dito ao chefe do Executivo que a maioria do seu eleitorado não votaria nele se saísse pelo PT, cuja rejeição na capital, mais especificamente entre os chamados formadores de opinião, é gigantesca.

Agora fica os amigos de Bellintani dizendo que sua desistência decorre do amor e da responsabilidade que tem com o time do Bahia, que tudo não passou de uma brincadeirinha, de um faz de conta.

Até as freiras do convento das Carmelitas sabem que as arrumações de 2020 são projetadas para 2022, quando teremos eleições para deputado federal, estadual, Senado, governo dos Estados e, principalmente, à presidência da República. É, como diz a sabedoria popular, “um olho no padre, outro na missa”.

Deve ter passado pela cabeça do governador, que ainda sonha em ser o candidato do PT na sucessão de Bolsonaro, o acordo nacional envolvendo PDT e PSB, que tende a apoiar Ciro Gomes no próximo pleito presidencial. Por incrível que pareça, Rui acredita que pode enfrentar o ex-presidente Lula, que prefere novamente um “poste” do que ele como candidato. Sem falar em Gleisi Hoffamann, presidente do diretório nacional, que é uma cumpridora de ordens de Lula. É o manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Governador Rui Costa

Concluo dizendo que essa conversinha de que Guilherme Bellintani desistiu porque pensou no Bahia, que o tricolor de aço é prioridade, é blablablá para boi dormir. Se o governador Rui Costa aceitasse as exigências do ex-cobiçado prefeiturável, o amor pelo Bahia seria coisa do passado, de priscas eras.