Rui, Gleisi e a sucessão presidencial



Rui Costa

O governador Rui Costa tem uma posição diferente da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, quando o assunto é a eleição para o Palácio do Planalto.

O chefe do Executivo baiano está pessimista em relação ao julgamento de Lula no Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4), com sede no Rio Grande do Sul.

A parlamentar, acusada pela Procuradoria-Geral da República de ter recebido R$ 1 milhão em propina para a sua campanha ao Senado, aposta na candidatura de Lula.

Gleisi descarta o Plano B, a substituição de Lula por outro nome do PT, em decorrência de uma eventual condenação e, como consequência, a inelegibilidade do petista-mor.

“Mesmo que seja condenado, o PT não vai recuar da decisão de lançar Lula como candidato. Estamos trabalhando com o Plano Lula”, diz Hoffmann, desafiando a Lei da Ficha Limpa.

“O governador terá um candidato para a presidência da República, e no momento exato nós iremos definir esse candidato”, diz Rui.

Nas entrelinhas, Rui Costa, que vai disputar o segundo mandato, aconselha o PT a pensar no plano B, seja com Jaques Wagner ou Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.

Só resta agora esperar a decisão do Tribunal, que caminha para dar uma sentença desfavorável ao ex-presidente, o primeiro colocado em todas as pesquisas de intenções de voto.

Poucos se salvam

Deixando de fora os bons homens públicos, infelizmente uma minoria dentro de um gigantesco lamaçal, o título acima diz respeito aos valores éticos e morais.

É evidente que não se trata de dinheiro, patrimônio, privilégios, mordomias, enfim, tudo relacionado com as benesses inerentes ao poder.

Perderam a vergonha. E esse “não tô nem aí” decorre da certeza de que o eleitorado, na sua grande maioria, tem memória curta, esquece facilmente das malandragens dos políticos.

E eles, os políticos, terminam assassinando moralmente uns aos outros quando admitem que fariam a mesma imundice se estivessem no lugar do colega.

É impressionante como agem, se comportam e fazem suas estripulias sem receio de nada e sem nenhum tipo de constrangimento.

A disputa entre Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, e Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, vai terminar jogando mais lama no já apodrecido processo político.

Maia (DEM) e Meirelles (PSD) querem ser o representante do chamado campo ideológico de centro-direita na sucessão presidencial.

O deputado Danilo Forte, do DEM cearense, já deu sua primeira estocada em Meirelles: “Como ele quer ter uma política fiscal eficiente e fazer parte do balcão de negócios da política?”

Pois é. Pelo menos o parlamentar não está mentindo. A política virou mesmo um toma-lá-dá-cá vergonhoso, uma nojeira cada vez mais fétida.

A prostituta entrega o corpo em troca do pagamento, até mesmo para sobreviver. Os políticos vendem a dignidade e, muitas vezes, com o dinheiro dos cofres públicos.

Querem se prostituir? Tudo bem. Problema de cada um. Mas faça com o dinheiro particular, não com o do povo brasileiro.

Ou juntos ou engolidos  

Alice Portugal, Félix Júnior, Lídice da Mata

É incrível como o PT, com o aval do governador Rui Costa, trata os aliados PSB, PCdoB e PDT. Parece que essas legendas não tiveram nenhuma importância na eleição do chefe do Executivo.

O morador mais ilustre do Palácio de Ondina não perde a oportunidade de desdenhar de socialistas, comunistas e pedetistas.

Quando o assunto é a composição da chapa majoritária, a frieza do petista-mor com os “companheiros” fica evidente, salta aos olhos.

Essa indiferença de Rui já é conversa obrigatória nos bastidores do PSB, PCdoB e PDT. A revolta dos “patinhos feios” é cada vez mais intensa.

A prioridade do petismo é satisfazer os interesses do PSD do senador Otto Alencar, do PP de João Leão e se aproximar do PR do deputado Ronaldo Carletto. O resto que se dane.

Só tem um caminho para o PDT de Félix Júnior, o PCdoB de Alice Portugal e o PSB de Lídice da Mata: se juntar e tomar as decisões em conjunto.

O que é inaceitável são três importantes e históricas agremiações partidárias serem humilhadas e menosprezadas, jogadas na sarjeta nas negociações para compor a majoritária.

Ou se unem ou serão engolidas. Depois não adianta chorar o leite derramado.

A incoerência do PT

Ninguém entende o PT. Faz de tudo para associar o MDB dos irmãos Vieira Lima ao prefeito ACM Neto (DEM). Agora, de olho no tempo de televisão, quer se aproximar da legenda.

Os petistas vibraram com a declaração do vice-governador João Leão (PP) de que pode procurar o MDB para ajudar na campanha da reeleição de Rui Costa.

Na sucessão presidencial, o PT, com o aval de Lula, já conversa com o MDB de Alagoas, sob a batuta do senador Renan Calheiros, e com o do Ceará, sob o comando de Eunício Oliveira, presidente do Senado.

Ambos, Calheiros e Oliveira, foram os principais protagonistas do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. De “golpistas” viraram aliados. Aliás, o tal do “golpe” já é coisa do passado.

A bola da vez é o MDB da Bahia, o MDB de Geddel Vieira Lima, do “bunker” de R$ 51 milhões, do mais ilustre preso da Papuda. O MDB de Temer, Moreira Franco, Eduardo Cunha, Jucá e outros.

Esse PT! Esse PT! Cada vez mais incoerente e adepto fervoroso do ensinamento maquiavélico de que “os meios justificam os fins”.