Rui, Otto e a sucessão estadual



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Otto Alencar

* Marco Wense

O governador Rui Costa vem fazendo de tudo para tirar da cabeça do senador Otto Alencar qualquer pensamento em relação à sucessão de 2018.

Rui sabe que Otto mantém acesa a possibilidade de disputar o governo do Estado, principalmente depois do bom desempenho do PSD nas eleições municipais, conquistando 82 prefeituras. O PT foi quem mais perdeu, saiu de 93 para 39, uma redução de quase 60%.

“A gente vai decidir isso lá em março de 2018”, diz o presidente do PSD da Bahia, quando questionado sobre sua possível candidatura. Finaliza dizendo que “a pretensão é continuar na aliança com o governador Rui Costa e com os aliados”.

O PSD passa a ser prioridade na mudança que o chefe do Executivo pretende fazer no alto escalão. O afilhado político de Otto, José Muniz Rebouças, deve assumir a secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur). O comando da Conder pode também ir para o Partido Social Democrático.

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Rui Costa

A nomeação para cargos sempre foi o melhor caminho para evitar a rebeldia dos parceiros do poder. A sabedoria popular costuma dizer que nada melhor do que uma “boquinha” para colocar cada um no seu devido lugar.

Vale ressaltar que a conjuntura política e a situação econômica, em ano eminentemente político-eleitoral, podem fortalecer ou enfraquecer algumas candidaturas. Outro aspecto, considerado como explosivo, é o desenrolar da Operação Lava Jato. Os petistas, por exemplo, torcem para que ACM Neto apareça na delação da Odebrecht.

Outro detalhe, por enquanto restrito aos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, é que os governistas, pelo menos os mais lúcidos, sonham com ACM Neto candidato em 2018.

Se o alcaide soteropolitano não disputar a sucessão de Rui Costa, a candidatura do senador passa a ser uma exigência da cúpula nacional do PSD. ACM Neto apoiaria Otto em uma coligação envolvendo o DEM, PSDB, PMDB, PPS e alguns partidos de menor expressão.

ACM Neto só sairá candidato se enxergar alguma chance de ser eleito. Não vai arriscar deixar o Centro Administrativo de Salvador para ir atrás de uma aventura que lhe pode causar desgastes.

Vale lembrar que Rui Costa, candidatíssimo a um segundo mandato, está bem avaliado na capital. ACM Neto é prefeito só de Salvador, enquanto o petista é uma espécie de, digamos, “prefeito” de todas as cidades da Bahia.

Tem também o fator Lula. Se não barrarem a elegibilidade do ex-presidente, aí complica, o caldo engrossa. Sua popularidade volta à tona e, com ela, o poder da transferência do voto, principalmente no nordeste e, mais especificamente, na Bahia.

Portanto, é bom torcer para que ACM Neto saia candidato a governador na eleição de 2018, sob pena de Otto Alencar disputar o comando do cobiçado Palácio de Ondina como o candidato da oposição ao petismo.

Não tenho a menor dúvida de que Otto Alencar é mais adversário para Rui Costa do que o democrata (ou demista) ACM Neto.

 

Mangabeira

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Antônio Mangabeira

Depois de uma campanha assentada na ética, sem a preocupação de ganhar de qualquer jeito, sendo referência do PDT em todo o país, o médico Antônio França Mangabeira não quer disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado.

Membros do diretório municipal, na última reunião do partido, animados com a expressiva votação do então candidato a prefeito, defenderam o nome do doutor para concorrer a uma vaga no Parlamento estadual.

O pedetista, que não fez coligação com nenhum partido, teve quase 19 mil votos, dando poeira em figuras carimbadas da política de Itabuna, como Davidson Magalhães, Augusto Castro e os ex-prefeitos Geraldo Simões e José Azevedo.

Sem prometer nada, com um tempo de televisão de 23 segundos, com o slogan de campanha “Nossa Coligação é Com Você”, Mangabeira se transforma em uma grande liderança de Itabuna. Sem dúvida, o opositor-mor do governo FG. Antônio França Mangabeira faz parte da banda da política que ainda não apodreceu.

Para o militante Nilson Oliveira, mais conhecido como Nilson da Vendamax, a candidatura de Mangabeira “é uma boa opção para fortalecer a nossa desnutrida representação política”.

Alice e o DEM

A cúpula estadual do DEM vai esperar uma definição política do prefeito eleito Fernando Gomes para tomar uma decisão em relação ao diretório do partido em Itabuna.

Já é dado como favas contadas a saída de FG do Democratas para uma legenda da base aliada do governador Rui Costa e, mais na frente, uma declaração de apoio à reeleição do petista.

As pessoas bem próximas do prefeito ACM Neto são da opinião de que o DEM de Itabuna não pode ficar sob o comando de Maria Alice, fiel escudeira de FG e secretária de Governo.

O saudoso jornalista Eduardo Anunciação, hoje em um lugar chamado de eternidade, dizia que na política não se serve a dois senhores, tem que ter lado. Ou Maria Alice é ACM Neto ou é Fernando Gomes.

Lava Jato versus Lula

Já disse aqui que a Operação Lava Jato, conduzida pelo juiz Sérgio Moro, pode se transformar em “cabo eleitoral” de Lula na sucessão presidencial de 2018. Ou seja, o tiro pode sair pela culatra.

Se não derem o mesmo duro tratamento aos outros envolvidos no maior escândalo da República, principalmente aos tucanos, obviamente do PSDB, vai ficar a impressão, ou melhor, a constatação de que tudo está sendo direcionado para pegar o PT e seu principal líder.

Portanto, para que não haja essa interpretação de que somente o petismo está sendo alvo de investigação, de perseguição, é preciso que um tucanão de plumas bem exóticas e bico brilhoso seja “engaiolado”, assim como foi José Dirceu e outros larápios do Partido dos Trabalhadores.

A Lava Jato pode acabar com Lula como pode ser o seu balão de oxigênio. E por falar no petista-mor, muita gente dizendo que o problema não é Lula e sim os filhos de Lula.

 

A melhor de 2016

Não vou aqui entrar no mérito da questão, se quem fala a verdade é Barack Obama ou Vladimir Putin. O presidente dos EUA, quando diz que houve ingerência do governo russo em favor do republicano Donald Trump no processo eleitoral e o presidente da Rússia, quando nega qualquer tipo de intromissão.

Entre as sanções impostas à Rússia pelos EUA, a que expulsou 35 diplomatas em Washington e São Francisco foi a que chamou mais atenção, a que deixou Putin mais irritado, puto da vida.

Uma guerra entre esses dois gigantes países seria uma tragédia para o mundo todo. Um caos. Somente um mentalmente desajustado, imbecil e idiota pode torcer para que os ânimos entre americanos e russos fiquem cada vez mais acirrados.

Portanto, a notícia de que o presidente Vladimir Putin não pretende retaliar os EUA foi, sem dúvida, a melhor manchete do último suspiro de 2016. O novo ano começa com a esperança de que os EUA e a Rússia vão se entender. É o que todos nós queremos.

O poste e o cachorro

O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), disse que vai processar, por calúnia e difamação, o deputado estadual Sargento Rodrigues. O parlamentar denunciou o uso de um helicóptero do estado para buscar o filho de Pimentel em uma festança num condomínio de luxo.

Não sei quem foi o autor da frase, mas ela se encaixou perfeitamente no caso em tela: “No Brasil, o poste sempre mija no cachorro”.

Pacto dos 12

O grupo dos 12, coincidentemente o número que representa o partido do doutor Mangabeira (PDT), que foi o maior adversário de Fernando Gomes, emplacou o presidente da Câmara de Vereadores, o edil Chico Reis. Sem dúvida, a primeira derrota política do prefeito empossado. Cabe agora aos 12 vereadores um pacto de união até o fim do mandato de Reis como autoridade maior do Legislativo. E o primeiro passo é não cair na tentação. Ou seja, não aceitar as benesses que serão oferecidas pelo governo de plantão, como, por exemplo, cargos para os amigos e familiares dos senhores representantes do povo.

A mesma coisa

Francamente, como diria o saudoso e inesquecível Leonel Brizola, não sei por que tanto espanto com o secretariado de Fernando Gomes. Ora, FG desafiou e venceu a Lei da Ficha Limpa, pelo menos no TRE. Agora vai peitar o Ministério Público em relação ao nepotismo. Qual é a novidade? Fernando continua o Fernando de sempre, aquele Fernando de priscas eras. O seu eleitorado também.