A tábua de salvação



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Eduardo Cunha

* Marco Wense

 

O “rsrsrsrs” e o “KKKKK”, tão assíduos no WhatsApp, ficaram agora mais famosos depois das mensagens de texto trocadas entre Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha, ambos do PMDB.

O KKKKK é uma gargalhada que pode ser atribuída a uma piada ou situação engraçada. Já o rsrsrsrs pode significar um sorriso simples, contido ou sarcástico.

Brasília - Ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima durante coletiva sobre a reunião dos líderes com o presidente interino, Michel Temer (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Geddel Vieira Lima

Geddel, ex-ministro do governo Lula e Michel Temer, vice da Caixa no então governo Dilma, enviou a Cunha a seguinte mensagem: “Tá resolvido. Vc tá pensando que eu sou esses ministros que vc indicou?”.

“Ok, rsrsrsrs”, respondeu Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, hoje engaiolado na prisão curitibana e, sem nenhuma dúvida, o segundo “homem bomba” da República, só perdendo para José Dirceu, ex-todo poderoso do lulismo.

A diferença de Cunha para Dirceu é só no quesito consideração. Ou seja, o petista vai continuar calado, mostrando aos seus “companheiros” que é leal. Já o peemedebista caminha para uma explosiva delação premiada.

Aliás, quem não ficar na fila como candidato a delator, corre o risco de não ter mais histórias para contar e, como consequência, ter que cumprir a pena na sua totalidade. Sem chororô.

“Vc tá pensando que eu sou esses ministros que vc indicou?”. Aí Geddel, o responsável pela liberação dos empréstimos da CEF, insinua, nas entrelinhas, que os indicados de Cunha são babacas.

A impressão que fica é que os apadrinhados de Cunha tremeram na base na hora da “onça beber água”, que fugiram do combinado como o diabo (ou satanás) da cruz. Foram amadores.

O “rsrsrsrs” de Cunha endossa o que Geddel pensa dos seus afilhados e demonstra um respeito embutido de inveja pela esperteza gedeliana em conduzir os negócios. Cunha se sente inferiorizado diante de um Geddel soberbo.

Salta aos olhos que a operação Cui Bono, que em latim quer dizer “a quem beneficia”, enfraquece a pretensão política de Geddel de ser candidato a senador na eleição de 2018.

A única bengala política que pode sustentar Geddel Vieira Lima, que caminhava para ser uma espécie de José Dirceu de Temer, é o PMDB com o invejável tempo que dispõe no horário eleitoral. Sua tábua de salvação.

Marmanjões e marmanjinhos

Até que ponto chegamos: como não bastassem os marmanjões do governo Michel Temer, a maioria sendo investigada pela Operação Lava Jato, temos também os marmanjinhos.

Pois é. O secretário nacional da Juventude, Francisco de Assis Costa Filho, foi denunciado pelo Ministério Público do Maranhão em um processo de improbidade administrativa.

O “marmanjinho” teve seus bens bloqueados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. O processo diz respeito a um suposto desvio de R$ 2,5 milhões da prefeitura de Pio XII para pagamentos a funcionários fantasmas.

Que coisa, hein! Vou terminar acreditando que a República Federativa do Brasil não tem jeito. O jeitinho brasileiro reforça a opinião de que o país é irrecuperável.

Em breve, O Busílis

Esse é o nome do novo blog de Itabuna, sendo mais uma opção de informação clara e direta, sem subterfúgios e arrodeios, simplificando a notícia, analisando os fatos e suas consequências. O Busílis é o cerne da questão.

ACM Neto e Geddel

Neto-SSA
ACM Neto

O prefeito de Salvador, ACM Neto, sem dúvida a maior liderança do DEM nacional, vem sendo questionado sobre a situação do aliado Geddel Vieira Lima no esquema dos empréstimos da CEF.

O chefe do Executivo soteropolitano fica torcendo para que os senhores repórteres e jornalistas esqueçam do assunto, evitando assim um constrangimento de ter que tomar uma posição em defesa do ex-ministro do governo Temer.

“Ninguém pode ser condenado por antecipação”, diz ACM Neto. Mas não foi o que os demistas fizeram com Dilma Vana Rousseff. Protagonizaram um pré-julgamento diário e implacável, como se existisse um TJD. Ou seja, um Tribunal de Justiça dos Democratas. Uma “justiça” pararela.

Pois é. Se fosse outro político qualquer, ACM Neto ficaria torcendo para ser indagado sobre o fato. Mas como se trata de Geddel, comandante-mor do PMDB baiano, aí é diferente. A sabedoria popular costuma dizer que “o buraco é mais em baixo”.

Alice e o DEM

Maria
Maria Alice

Maria Alice, experiente dirigente partidária, acostumada com os entraves da política e com os bastidores, sabe que a situação do DEM de Itabuna fica cada vez mais insustentável perante o comando estadual da legenda.

Mais cedo ou mais tarde, talvez ainda no primeiro trimestre de 2017, vão exigir da gerentona do diretório municipal uma posição em relação à sucessão estadual.

Fica difícil acreditar que a aguerrida e fiel escudeira do fernandismo irá contrariar o prefeito empossado. É bom lembrar que Maria Alice é secretária de Governo, portanto responsável pela parte política.

Dificilmente Fernando Gomes fará as pazes com ACM Neto, pré-candidato ao Palácio de Ondina na eleição de 2018. O processo político não comporta a dubiedade, o servir a dois senhores concomitantemente.

Os sobreviventes

Algumas poucas pessoas acreditam que o grupo dos 12 vereadores de Itabuna vai continuar firme na fiscalização das ações do Poder Executivo, cumprido assim a precípua e indispensável função. O escopo maior.

Outras apostam na cisão em decorrência não só de brigas internas como também pela tentação de alguns pelas benesses que serão oferecidas pelo governo de plantão.

Uma coisa é certa: os sobreviventes do grupo, continuando no caminho da oposição civilizada, se afastando do toma-lá-dá-cá, terão a contrapartida de uma reeleição com menos obstáculos.

Os olhos dos eleitores estão arregalados como os da coruja. É bom ressaltar que a coruja enxerga muito bem na calada da noite.