Teatro de Pau Brasil viaja com peça para discutir racismo



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Arte e conscientização se misturam na Companhia de Teatro Negro Mário Gusmão

A Companhia de Teatro Negro Mário Gusmão, formada por jovens negros, indígenas, estudantes, militantes do MNU e assentados de Pau Brasil, já reúne efusivos aplausos e constantes convites, para mostrar a peça “Empoderaí!”. O espetáculo traz uma reflexão sobre o racismo e a próxima incursão será para o Teatro Municipal de Ilhéus, nesta sexta-feira (23).

Recentemente, a talentosa turma pôde mostrar um pouco do seu trabalho em Salvador. Os atores, convidados pelo escritor Nelson Maca, participaram do Sarau Bem Black, no Casarão do Lord, do cantor Magary Lord, no Pelourinho. Naquele palco, encenaram a peça.

Também puderam mergulhar na imensidão em que se transformou o bando de Teatro Olodum, no Teatro Vila Velha. A viagem incluiu, ainda, ida ao MAFRO (Museu Afro da Bahia) e visitas a terreiros da capital.

Os professores Josivaldo Felix Câmara, Joelma Andrade, Luzia da Costa Santos e Raimunda Lúcia, coordenadores da companhia, estão entusiasmos com o amadurecimento do grupo e as oportunidades que, aos poucos, vão aparecendo – além de agradecerem a ajuda da comunidade de Pau Brasil.

 

Empoderaí!

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O espetáculo “Empoderaí!” arranca aplausos por onde passa

Escrito pelo dramaturgo Chico Nascimento, dirigido por Claudeir de Amaral e Josivaldo Felix, o espetáculo “Empoderaí!” retrata um grupo de jovens revoltado com as diversas formas de manifestação do preconceito étnico-racial nas suas relações sociais. Para protestar, eles resolvem ocupar uma praça pública.

O texto, adaptado de Nelson Maca (Gramática da Irá), é desenvolvido numa linguagem simples, de fácil entendimento e pode ser adaptado a qualquer tipo de espaço. “Na busca por alertar a plateia para a gravidade do preconceito, inserimos o movimento da dança contemporânea na realização da montagem”, detalhou Josivaldo Felix. O designer gráfico Francisco Benevides cuida do aspecto visual do cenário e do figurino.

 

A companhia

A Companhia de Teatro Negro de Pau Brasil, que surgiu na Escola Centro Educacional Maria Santana, existe há oito anos. O grupo começou com o intuito de fazer valer as leis 10.639/03 e 11.645/08, que obrigam as escolas públicas e privadas a inserir em seu cotidiano o ensino de história e cultura afrobrasileira e indígena.

Com o passar do tempo, a companhia ultrapassa os muros da escola e ocupa espaços da comunidade de Pau Brasil e região, em parceria com o MNU (Movimento Negro Unificado) e o projeto de extensão da UESC intitulado “Interlocuções”.

A finalidade de tal iniciativa é aproximar as comunidades indígenas, escolas públicas e movimentos sociais para um diálogo de experiências bem-sucedidas, troca de conhecimentos a partir de um fortalecimento político que dê visibilidade a esses grupos étnicos.