O que é compulsão?



 

Mariana Benedito*

 

Ações e pensamentos que se manifestam de maneira repetitiva e que se tornam um comportamento incômodo e exaustivo para o indivíduo; esse é basicamente o conceito de compulsão. Vivemos numa era em que a ansiedade, o estresse, a necessidade de aceitação e encaixe aos padrões são altíssimos, o que propicia a utilização de mecanismos das mais diversas naturezas para aliviar essas tensões emocionais e psíquicas.

As compulsões entram justamente nesse cenário, são válvulas de escape para alívio da ansiedade. Só que, como estamos conversando a respeito de comportamento humano, a máxima é sempre a mesma: o que difere uma ação de relaxamento, alívio de tensão para uma compulsão é a intensidade e se tal ação traz algum tipo de transtorno, prejuízo ou diminui a qualidade de vida de quem a pratica.

Em se tratando de compulsões, conscientemente a pessoa reprova a execução do ato que está praticando – sabe que tais atos prejudicam seu bem-estar mental, físico, emocional ou até mesmo convívio social – e, ao tentar resistir ou evitar executar o ato, entra em uma profunda angústia. Quando não consegue resistir, surge a sensação de incapacidade. Os pensamentos são recorrentes, repetitivos e excessivos; se desenvolve um ciclo: o pensamento vem, a necessidade de aliviar a tensão surge e é reforçada pela sensação de prazer ou alivio que vem depois de realizar o ato que o pensamento sugere e, quando se realiza o ato – depois desse ápice de alívio imediato – segue a angústia por não ter resistido ao impulso do pensamento lá atrás; mas, mesmo assim, a sensação de alívio permanece mais forte, o que desencadeia a repetição.

Existem diversos tipos de compulsão, desde os mais conhecidos e divulgados, como a alimentar, por limpeza e organização, por jogos, por compras. Mas novos tipos estão surgindo devido ao meio e à sociedade que muito cobra por padrões estéticos e de beleza, por felicidade, por sucesso. Há compulsão por atividade física, por tecnologia, por redes sociais, por trabalho, por sexo. Há compulsão caracterizada por passar horas pensando na própria imagem e sofrendo com a aparência, dúvidas obsessivas sobre a adequação de um relacionamento ou de um parceiro, necessidade e preocupação excessiva com a opinião e aceitação do outro.

Enfim, buscar aliviar nossas tensões, ter prazer em alguma atividade é plenamente normal e saudável; o que é preciso perceber é se essa busca se torna excessiva, com pensamentos recorrentes, de forma que seja difícil e doloroso resistir ou evitar o impulso. Quando qualquer tipo de comportamento se torna prejudicial à vida cotidiana, trazendo impedimentos ou incômodos, é necessário rever e, se for preciso, buscar auxílio e ajuda profissional.

Mais uma vez, auto-observação! Sempre!

 

*Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

E-mail: [email protected]