O sociólogo, autor do famoso artigo “Pobre região rica”, construiu uma trajetória de sucesso e reconhecimento no sul da Bahia
Por Celina Santos
Foto: Vanusa de Jesus
O eterno galã, o intelectual, o pesquisador e estatístico, o sociólogo com doutorado em Paris, o mineiro que adotou o sul da Bahia como morada e aqui conquistou reconhecimento e admiração. Em breves palavras, assim foi o professor Selem Rachid Asmar, de quem Itabuna se despediu na manhã de quinta-feira (3), diante de discursos emocionados e aplausos de representantes de toda a sociedade.
Ele faleceu na manhã do Dia de Finados (2), no Hospital Calixto Midlej Filho, aos 74 anos de idade, após lutar bravamente por quase dois anos contra um câncer no pâncreas. Íntimo do mundo das estatísticas (tinha a empresa Selem Sondagem de Opinião), ele sabia que a doença era de difícil tratamento, recebeu o prognóstico de três meses de vida, mas contrariou todas as expectativas negativas por longos meses.
Durante as ininterruptas sessões de quimioterapia, teve resultados que lhe animaram, manteve a coluna semanal no Diário Bahia e jamais se entregou. No último mês, porém, o quadro se agravou e passou dias internado – porém, consciente.
Ceplac e Uesc
Duas das maiores instituições da região, a Ceplac e a Uesc (Universidade Estadual de Santa Cruz), contaram com a contribuição brilhante de Selem Asmar. Foi por elas, inclusive, que ele se aposentou. Mas também teve uma passagem marcante como diretor da FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências), cuja chegada ele considerou como um dos pulmões de Itabuna. Afinal, a entidade plantou na cidade uma semente do polo de Educação que se tornou.
O sociólogo mineiro-grapiúna também colaborou em gestões municipais. Foi Secretário de Planejamento, em Ilhéus, e de Cultura, em Itabuna. Prestou assessoria no CNPC (Conselho Nacional dos Produtores de Cacau) e na Amurc (Associação dos Municípios do Sul e Extremo-Sul), entre outras experiências.
Como cidadão, Selem conquistou uma legião de amigos, sendo reconhecido pela generosidade, incentivo incansável para que as pessoas investissem na educação e por valorizar a vida, lutando contra todos os obstáculos que se colocaram no caminho. Ele se orgulhava das vitórias pessoais e profissionais que marcaram sua trajetória.
Selem deixa esposa, a artista plástica Kátia Hagge, e dois filhos: a fonoaudióloga Kaila Asmar e o médico Selem Asmar.