Olhar observador, jeito firme de se manifestar e até certa impaciência quando algo fere os princípios dele no que chama de “terreno selvagem da política”. Este é o vereador Babá Cearense, eleito pelo PHS, mas filiado ao PSL desde o último 12 de junho. A data remete ao Dia dos Namorados, mas o alvo do edil é a Prefeitura de Itabuna. O lançamento da pré-candidatura, inclusive, já está sendo preparado, com a presença da deputada federal Dayane Pimentel, líder da sigla na Bahia.
Aos 50 anos, batizado como José Erivanio Sobreira dos Santos, Babá mora na cidade há 20 e aqui chegou como “mascate” (embora prefira o termo crediarista) – profissão que abraçou aos 18 anos de idade. Pai de quatro filhas, tem um casamento de quase 34 anos e atende ao perfil do bom-moço. Em entrevista ao Diário Bahia, com chapéu de couro a postos, palavras sobre Câmara, relação com colegas vereadores, críticas ao prefeito Fernando Gomes e a visão sobre o presidente Jair Bolsonaro (agora correligionário dele).
Vários vereadores se colocam como pré-candidatos a prefeito de Itabuna. Por que o eleitor deve escolher Babá Cearense?
Primeiro, pelo comprometimento que eu tenho com a cidade. Isso eu já provei durante esse período como vereador. Tenho projeto para a cidade, que, naturalmente, vai se construir ouvindo as pessoas; não vou fazer um projeto de Babá Cearense; quero ouvir as pessoas. Do próximo mês até setembro, depois que a deputada [federal Dayane Pimentel] vier aqui fazer o lançamento da nossa pré-candidatura, nós vamos andar a cidade, ouvir o povo pra tentar elaborar um plano de governo que seja bom pra toda a população. E que eu possa botar em prática o plano de governo; porque vêm vários candidatos se apresentar como ‘salvador da Pátria’ – eu não quero ser ‘salvador da Pátria’ e não vou ser. Porque a gente sabe que Itabuna tem muitas dificuldades em várias áreas. Agora, vão ter um prefeito que realmente gosta da cidade e tem compromisso com a cidade.
O vereador de oposição tem o papel de estilingue; já o prefeito tem o de vidraça. Como o senhor vai encarar essa troca de papéis?
Isso é natural. Na democracia que a gente vive, tem que saber que tem a oposição e a situação. Agora, espero que eu sendo prefeito, a oposição que venha a acontecer, seja para a gestão; não à pessoa. Claro que eu faço oposição à gestão do atual prefeito; nunca fiz oposição a ele. Para você ter uma ideia, nunca fui pro lado pessoal, nunca fiz xingamento e é isso que eu espero numa eventual eleição minha: que os nossos opositores vejam a situação da cidade, mostrando os erros, para daqui a um tempo completar com os acertos.
Por falar em oposição, o quê o senhor encara como principal problema que o prefeito Fernando Gomes não conseguiu resolver?
São vários problemas. Primeiro, acho que ele não resolveu os problemas pela má gestão dele. Há uns 15 dias, eu denunciei uma situação de aumento de folha; se ele não tá conseguindo pagar a folha dos funcionários efetivos, pra que contratar, de um mês pra outro, 1.800 funcionários? Se diminuir essa quantidade, só aí vai sobrar quatro milhões de reais por mês. Esse vai dar pra fazer a infraestrutura que a cidade precisa. Por exemplo, o [bairro] Santa Clara. Fiz um projeto que no Santa Clara custa 4,5 milhões de reais; isso com drenagem, rede de esgoto, saneamento básico … Então, se diminuir a folha de Itabuna, vai sobrar dinheiro e conseguir fazer as intervenções que a cidade precisa. Sobre a situação do lixo: a gente paga 2 milhões e 60 mil; será que esse lixo não pode cair pra um milhão ou um milhão e 200 mil? É isso que eu vou fazer: um modo de gestão pra que sobre dinheiro pra fazer as intervenções na cidade.
Por falar em gestão, o senhor escolheu o PSL por causa do sucesso de Bolsonaro nas urnas?
Não! Não fui eu que escolhi o PSL; o PSL me escolheu. Eu recebi o convite do presidente do partido, [Binho Shalom], quero até agradecer, e aceitei por entender que é uma oportunidade única. É um partido grande, o partido do presidente da República, um partido que pode ajudar Itabuna. A deputada se prontificou a dar essa ajuda. É tanto que nós discutimos algumas emendas parlamentares pra Itabuna – só vamos divulgar quando realmente estiver tudo pronto, concretizado. Eu não fico fazendo oba-oba; chego pra resolver o problema e pronto. Você sabe que tem o partido do governo do estado e o do presidente; é claro que, se eu conseguir ser eleito, o presidente vai … Ele dá apoio pro país todo, mas claro que um prefeito do PSL se torna mais fácil pra angariar esses recursos.
Por falar nele, o que Babá Cearense tem de semelhante com o presidente?
Acho que palavra; tenho visto que o presidente tá tentando acertar, cumprir com as promessas de campanha dele. Essas características eu tenho.
Na contramão disso, em que o senhor é completamente diferente em relação ao que Jair Bolsonaro mostra publicamente?
Acho que só a questão do Twitter (risos contidos). No resto a gente é muito parecido.
Como fala de redes sociais, está aberto aos hábitos da juventude?
Com certeza! Eu assumindo, a primeira coisa que eu vou fazer é retornar a Secretaria de Esportes. Duas secretarias essenciais ao governo: Esporte e Planejamento. Se o atual governo está executando algumas obras de infraestrutura, é porque teve planejamento nos governos anteriores – de Vane e de Azevedo. Coisa que nós não vamos ter no próximo governo; vai ter que pegar do zero. Daí a importância de estar no partido do presidente; se não tiver, vai passar um ano ou dois para estruturar e conseguir os recursos.
O senhor pensa em seduzir algum dos vereadores pré-candidatos para ser seu vice?
Está muito cedo pra essa questão de composição de chapa; está todo mundo tentando cavar o seu lugar ao sol. Mas não tenho problema nenhum, inclusive, são todos meus amigos.
Qual o perfil de vice que o senhor não aceitaria de jeito nenhum?
O corrupto; seja de qual partido for. Primeiro tem que ter compromisso com a cidade, como eu tenho.
Uma palavra para definir Babá Cearense.
Autenticidade.