Parece não terminar essas crises que se abatem sobre o mundo complexo da política mormente depois do aparecimento da operação Lava Jato que, a cada dia, fornece dados novos e intrigantes da teia de corrupção que tomou conta do país.
Acho interessante o argumento de algumas pessoas, principalmente integrantes do governo passado, de que sempre foi assim, sempre houve corrupção e nada de novo sob o sol. Efetivamente, corrupção não é fato novo, ocorreu no passado e, certamente, ocorrerá no futuro, pois faz parte da fragilidade humana, com as suas virtudes e os seus defeitos, Na década de cinquenta, ouvia-se falar no “mar de lama” que existiria nos porões do palácio do Catete e Carlos Lacerda empunhava a sua “metralhadora giratória” contra o governo de Vargas, que acabou suicidando; no final, viu-se que era coisa pequena, principalmente comparando-se com o que ocorre presentemente; no governo de Juscelino Kubitschek, o mesmo Carlos Lacerda e outros próceres da UDN, denunciavam corrupção no governo do mineiro de Diamantina que, ao morrer, mostrou que não possuía fortuna alguma embora houvesse ocorrido corrupção em várias obras do governo, principalmente na construção de Brasília; também coisa pequena, quando se compara com a atual.
A partir de 2005, com a eclosão de chamado “mensalão”, foi que passamos a tomar conhecimento do volume da corrupção que se instalara no país e, de lá para cá, denúncias e mais denúncias apareceram e o “mensalão” acabou caindo no esquecimento, substituído por um bem maior, as denúncias contidas na operação Lava Jato; foi quando se viu o assalto ao erário público, principalmente o que ocorreu na Petrobrás, envolvendo dirigentes da estatal e um número considerável de políticos, de vários partidos. Pouco a pouco foram aparecendo as grandes empreiteiras do país, num triunvirato formado por elas, as empreiteiras e mais as empresas estatais e os políticos, mobilizando bilhões de reais; a cada dia, novas denúncias, novos nomes e a indignação geral da população brasileira.
O noticiário repete e mostra novos nomes da política, apontados como grandes corruptos, o que é verdade, entretanto, é bom não esquecer de que não existe corrupto sem corruptor; esses grandes empresários, que já ganham muito, não precisariam enveredar pela corrupção, caso respeitassem as leis do país e não fossem movidos por uma desenfreada ganância. A operação Lavo Jato tem mostrado esse lado tenebroso da nossa história e tudo isso poderá ter um valor muito grande, principalmente para a juventude brasileira, caso haja a devida punição para todos os envolvidos. É isso que a parte séria da população brasileira deseja.
João Otavio Macedo.
