* Marco Wense
Um escancarado pessimismo tomou conta do staff fernandista assim que Geddel Vieira Lima deixou de ser ministro de Temer. Sem dúvida, a prova inconteste de que o ex-lulista era o braço direito de Fernando Gomes nas suas andanças por Brasília.
Pessoas bem próximas do ex-alcaide chegaram até a comentar que “as coisas” ficariam complicadas sem Geddel por perto, obviamente se referindo as pendências jurídicas de FG na capital federal do Brasil.
Ali no tradicional Café Pomar, onde se misturam políticos de todos os partidos, era comum o comentário de que a saída de Geddel da secretaria de Governo poderia dificultar o caminho de Fernando rumo à elegibilidade.
Enquanto homem forte do governo Temer, o presidente estadual do PMDB foi muito atencioso com o candidato do DEM ao centro administrativo Firmino Alves, não lhe negando apoio toda vez que solicitado.
Não se contentando com um braço direito, Fernando procurou um “esquerdo” protagonizado por Josías Gomes, secretário de Relações Institucionais do governador Rui Costa (PT).
Coloquei aspas na palavra “esquerdo” porque essa dicotomia de esquerda e direita é coisa do passado. O balaio de gato é um só. Tudo movido por interesses pessoais em detrimento do coletivo. Farinha pouca meu pirão primeiro.
Aliás, a disputa hoje, com as raríssimas exceções, é pelo trofeu de quem roubou menos, quem menos surrupiou o dinheiro público, o dinheiro meu, seu, de dona Maria, senhor José, enfim, de todos nós eleitores-cidadãos-contribuintes.
Josías, deputado federal licenciado, aproveitando a birra entre Fernando e ACM Neto, virou um ferrenho defensor da elegibilidade do ex-prefeito, que, como contrapartida, deve sair do DEM para se filiar a um partido da base aliada do governo Rui.
Sem nenhum tipo de constrangimento, agindo de maneira silenciosa e sorrateira, Josías transformou-se em um neofernandista de carteirinha, mais entusiasmado do que Raimundo Vieira, sem dúvida o fernandista-mor, o mais fiel de todos.
Não sei qual a posição de Geddel em relação a essa inusitada aproximação entre Fernando Gomes e o PT. Alguns peemedebistas de Itabuna acham que o ex-ministro não vai ficar calado diante de tamanha ingratidão e inominável traição.
E o que pensa o deputado federal José Carlos Aleluia, presidente estadual do Democratas, sobre toda essa articulação? É bom lembrar que Aleluia sempre foi correto com Fernando Gomes. Fez questão de ficar do seu lado no imbróglio entre o ex-alcaide, ACM Neto e Augusto Castro.
Setores do demismo soteropolitano, chateados com o namoro entre Fernando e o PT, já defendem o uso do instituto da fidelidade partidária como instrumento para provocar a perda do seu mandato de prefeito.
A resolução do TSE, de número 22.610/07, diz que “o partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação de perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa”.
A única justa causa que Fernando poderia alegar é a de que foi alvo de segregação por parte do partido, já que o DEM não lhe deu a devida atenção na sucessão municipal.
Se Geddel estivesse ainda no Palácio do Planalto, esse chega-chega entre Fernando Gomes e o PT não teria acontecido, salvo se o peemedebista desse o seu aval em decorrência da delicada situação de inelegibilidade do candidato do DEM.
Outro questionamento em relação a todo esse emaranhado político é sobre o posicionamento do diretório do PT de Itabuna diante do novo companheiro de palanque, que pode ir para o PSL, legenda de Thiago Feitosa, filho de Geraldo Simões, petista histórico e adversário de priscas eras do fernandismo. Com efeito, o silêncio de GS é ensurdecedor.
É evidente que a conversa entre Josías e Fernando – ambos Gomes, mas sem parentesco nenhum – não ficou restrita a uma mudança de agremiação partidária. Outros pontos devem ter sido acordados, como, por exemplo, o apoio de FG à reeleição do petista para o parlamento federal.
Não sei também como fica Maria Alice, presidente do DEM municipal. Vai acompanhar o seu líder maior na ida para outra legenda aliada ao petismo? ACM Neto vai aceitar essa dubiedade do demismo local, sendo candidatíssimo ao governo do Estado em 2018?
Pois é. Fernando Gomes, Geddel Vieira Lima, PT, DEM, PMDB, Josías e ACM Neto. Confusão, confusão, confusão, diria o polêmico radialista Roberto Souza no programa Resenha da Cidade.