O Partido dos Trabalhadores vive sua maior crise de nomes com viabilidade eleitoral. É um Deus nos acuda para arrumar um petista que possa disputar a sucessão municipal com chance de se eleger.
Vai de um lado, do outro, mexe daqui, de lá, e nada. Como o PT detesta apoiar, mas adora receber apoio, passa a procurar, desesperadamente, uma opção fora do mundo político, o chamado candidato outsider, que logo se filia a legenda. O discurso para justificar o desprezo por um nome de outra sigla é o da renovação política.
Aconteceu em Salvador com Guilherme Bellintani. O governador Rui Costa, em detrimento dos prefeituráveis da base aliada, fez de tudo para convencer o presidente do Esporte Clube Bahia a disputar a sucessão de ACM Neto (DEM). Não teve êxito. A iniciativa terminou sendo denominada de “Operação Tabajara”.
Depois de Bellintani, a bola da vez é a major da Polícia Militar Denice Santiago, comandante da Ronda Maria da Penha. Postulantes da base aliada foram preteridos, como Olívia Santana, Lídice da Mata, deputado Bacelar e o senador Ângelo Coronel, respectivamente pré-candidatos ao Palácio Thomé de Souza pelo PCdoB, PSB, Podemos e PSD.
A mais dura reação partiu de Daniel Almeida, deputado federal pelo PCdoB. Ao ser questionado sobre a decisão do governador Rui Costa, disse que “a chance de Denice ser o polo de aglutinação das forças da base aliada é zero”. O senador Ângelo Coronel garantiu que sua candidatura será mantida, que comeu muito sal e poeira, se referindo a campanha da reeleição do chefe do Poder Executivo estadual.
Em São Paulo, acontece a mesma coisa. Como Fernando Haddad não quer disputar a sucessão de Bruno Covas (PSDB), se preservando para a eleição presidencial de 2022, o PT já convidou o jornalista e comentarista de futebol Juca Kfouri. Vale lembrar que Haddad já foi prefeito da capital e não conseguiu o segundo mandato consecutivo, sequer passou para o segundo turno.
O PT vive essa crise de nomes e a constatação de que o antipetismo continua forte e inabalável. Mas a grande preocupação diz respeito ao ex-presidente Lula, cada vez mais perdendo a capacidade de influenciar o voto do cidadão-eleitor-contribuinte, mais especificamente do nordeste.
Outro ponto é a inelegibilidade do petista-mor em decorrência da Lei da Ficha Limpa. A proibição de ter seu nome nas urnas eletrônicas tende a durar um bom tempo, o suficiente para dissuadi-lo de disputar mais um pleito para o cobiçado cargo de presidente da República em razão da idade avançada.