Os bancos digitais ultrapassaram, pela primeira vez no Brasil, os bancos tradicionais em número de downloads. Um estudo realizado pela UBS Evidence Lab, evidencia que os bancos digitais alcançaram 52% da fatia de mercado, contra 48% dos bancos tradicionais. Os números impressionam, pois em 2014, esse montante chegou a 99% de domínio dos brancos tradicionais. Em 2019, os números de downloads se aproximaram. Quem detinha a parcela de 52% eram as instituições que não eram digitais. Mas foi no ano passado, que o jogo virou.
A pandemia colaborou?
A pandemia com certeza acelerou este processo. Ainda segundo o estudo, os bancos digitais cresceram em um ano, em número de clientes, o que era esperado para crescer nos próximos três. Os novos costumes adquiridos pela população durante o home office ajudaram nessa participação dos bancos digitais no país, que são especializados em tecnologia e serviços por aplicativos. Enquanto empresas de outros setores tiveram que fechar as portas durante o período pandêmico, ao menos 40 instituições financeiras tiveram suas atividades iniciadas em 2020, segundo dados do Banco Central.
Apesar da dominância das instituições tradicionais, como: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, Itaú e Santander, novos personagens têm roubado a cena, como: Banco Inter, Neon, Nubank e C6 Bank. Sem nenhum tipo de tarifa ou agência bancária, alguns conseguiram dobrar a carteira de clientes e ganharam anos na corrida por uma maior presença no setor.
Os números apontam que quase 30% dos brasileiros possuem conta em banco digital. O número é expressivo, pois corresponde a mais de 60 milhões de pessoas. A faixa etária mais popular é a dos consumidores entre 18 e 34 anos.
Maior parte do dinheiro ainda está com os tradicionais
Mas ainda falta muito para os bancos digitais chegarem perto da grandiosidade dos bancos tradicionais. “Para se ter uma ideia, quando falamos apenas de segmento bancário, os cinco maiores do Brasil (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, Itaú e Santander) concentram 80,7% do mercado de crédito. Esse grupo também acumula uma parte considerável dos depósitos de clientes (conta corrente). São 77,6% de todo o sistema financeiro”, avalia Victor Oliveira, especialista em Finanças da plataforma de auxílio ao consumidor ReviewBox.
Bancos tradicionais reagem ao cenário digital
Mesmo assim, o cenário que até anos atrás era dominado pelas antigas instituições, mudou consideravelmente com a chegada dos bancos digitais. Por isso, atentos a esse rápido crescimento, os chamados “bancões” reagiram e também decidiram entrar nesse mercado digital.
O Bradesco, por exemplo, possui há três anos o Next. Você sabia? Hoje a plataforma possui mais de 4 milhões de contas. O serviço oferece tudo o que um banco digital pode oferecer: transferências gratuitas e ilimitadas para todos os bancos (a chegada do PIX pode atrapalhar um pouco este chamariz); saques gratuitos e ilimitados nos caixas eletrônicos das Redes Bradesco e Banco24Horas; opções de investimento; ofertas de cashback; meses grátis em aplicativos de streaming como Disney +; e até R$20,00 de desconto em uma viagem por mês no Uber.
“O seu gerente do Bradesco não te falou a respeito do Next, né? Pois então, eles não querem ficar de fora do jogo tradicional, mas também não querem deixar de ganhar com os novos mercados”, completa Victor.
O Itaú é outro que também está atuando nesta linha, através do iti. Um pouco diferente do Bradesco e do Next, o banco deixa claro que a nova modalidade é do Itaú, só que através de uma conta Digital. A iniciativa já possui três milhões de clientes.