* Marco Wense
Nada justifica a dilapidação do patrimônio público, que é meu, seu, de dona Maria, enfim, de todos os brasileiros, como forma de protestar.
As manifestações em Brasília terminaram reforçando o discurso de que o substituto do presidente Temer ocorra pela via indireta, com os votos dos senhores deputados e senadores.
O povo tem que ir para rua mesmo, mas de maneira pacífica. É assim que se conquista o apoio da sociedade e, como consequência, mais adesões.
O caminho não é o do quebra-quebra, da desordem e do vandalismo. O tiro termina saindo pela culatra e alimentando a pregação de que “esse pessoal não pode governar o país”.
Em relação à nota do Ministério da Defesa, a pedido do ainda presidente Temer, quero dizer que não existe maior desrespeito do que a roubalheira do dinheiro público.
A rebeldia do Coronel
Em decorrência dos escândalos apontados pela Operação Lava Jato, envolvendo muitos figurões da classe política, a declaração de Ângelo Coronel não teve a repercussão que se esperava.
“Meu pré-candidato ao governo é Otto Alencar”, disse o presidente do Parlamento estadual sem nenhum tipo de constrangimento ou coisa similar.
O PSD, partido do Coronel, integra a base aliada de apoio ao governo Rui Costa (PT). O senador Otto é comandante-mor da legenda na Bahia.
A candidatura de Rui a um segundo mandato, via instituto da reeleição, é irreversível. Favas contadas, como diz a sabedoria popular.
Raramente um político – e aí não se trata de um político comum e nem do baixo clero – faz uma declaração sem segundas intenções.
Ora, o Coronel sabe que o governador é candidato em 2018, que não vai abrir mão da disputa, então por que essa, digamos, alfinetada?
Só posso imaginar duas coisas: 1) algum problema no relacionamento entre o Executivo e o Legislativo. 2) o Coronel articula uma possível candidatura de Otto ao Palácio de Ondina com o apoio de ACM Neto.
Pulga atrás da orelha
Salvo engano, já é a segunda ou terceira vez que Everaldo Anunciação, presidente estadual do PT, desmente uma possível saída do governador Rui Costa da legenda.
A desnecessária preocupação de Anunciação, ex-vereador de Itabuna e ex-geraldista de carteirinha, termina criando certa dúvida, transformando o boato em “boato”.
É só aparecer o disse-me-disse que o ex-ceplaqueno se apressa para dizer que tudo não passa de uma invencionice da oposição.
Quanto mais se justifica, mostrando até sinais de irritação, vem à tona a sabedoria popular que diz “onde há fumaça há fogo”.
Rui Costa não vai sair do PT, caro Everaldo. Se preocupe com a difícil missão de resgatar a imagem do Partido dos Trabalhadores.
Everaldo Anunciação é um petista histórico. Sua atuação como edil evitou a primeira tentativa de privatizar a Emasa. Foi um bom vereador.
Rui Costa e os militares
O PT já discute a possibilidade de eleição indireta em uma eventual sucessão do presidente Michel Temer, cada vez mais enfraquecido, isolado e impopular.
Os governadores da legenda – Rui Costa (BA), Fernando Pimentel (MG), Tião Viana (AC) e Wellington Dias (PI) –, capitaneados por Lula, se reuniram para discutir o assunto.
Querem uma saída para a gravíssima crise política acima dos interesses partidários e eleitorais, com a participação do ex-presidente FHC e de governadores de outros partidos, inclusive do PSDB, mais especificamente de Geraldo Alckmin (SP).
Enquanto petistas e tucanos se engalfinham em todos os cantos do país, eles conversam de mãos dadas e sem nenhum tipo de constrangimento.
O que ficou no ar, sem uma devida e indispensável explicação, foi a declaração do governador Rui Costa: “Quem acaba com uma guerra é a diplomacia e não os militares”.
E aí cabe uma pergunta: A volta dos militares ao poder ainda é uma possibilidade viva, que assusta e não pode ser descartada?
Francamente, como diria o saudoso Leonel Brizola, não acredito nessa hipótese que ainda ronda o nebuloso e confuso cenário político.
As nossas instituições continuam firmes. O estado democrático de direito não vai permitir qualquer saída que não seja pela via constitucional.
A democracia tem suas falhas, mas ainda é, de longe, inquestionavelmente, o melhor dos regimes.
O PDT e Mangabeira
O PDT de Itabuna continua dividido em relação a uma candidatura do médico Antônio Mangabeira para deputado estadual na eleição de 2018.
Os que defendem que o ex-prefeiturável dispute uma vaga na Assembleia Legislativa usam o argumento de que seu nome deve ficar em evidência.
Os contrários são da opinião de que uma candidatura vai terminar levando a uma interpretação de que o pedetista busca o “carreirismo político”.
Mangabeira, que foi a surpresa positiva da sucessão de Claudevane Leite, com quase 19 mil votos, sem fazer nenhuma coligação e com um tempo no horário eleitoral de 23 segundos, só vai tomar uma decisão no início do ano eleitoral de 2018.
Por enquanto, não diz “sim” e nem “não”. Mas procura sempre ouvir os dois lados com a paciência e educação que lhe são intrínsecas.
Cartas marcadas
A oposição sabe, pelo menos os oposicionistas mais lúcidos, que a possibilidade de uma eleição direta para escolher o substituto de Temer é remotíssima.
O jogo é eminentemente político. Vai ser disputado no Congresso Nacional, com os senhores deputados e senadores votando de acordo com seus interesses e conveniências políticas.
Já está tudo acertado. O substituto de Temer será um parlamentar do PSDB com o apoio do PMDB, DEM e de outras legendas de menor expressão.
O mais cotado do tucanato é Tasso Jereissati, senador da República e ex-governador do Ceará. A seu favor o fato de não ter seu nome envolvido nos escândalos investigados pela Lava Jato.
E por falar em sucessão presidencial, comenta-se nos bastidores, ainda de maneira tímida, a formação de uma chapa com João Doria e Jair Bolsonaro ou vice-versa. Essa composição ficaria para 2018.