O protagonismo que o esporte pode ter no interior


Em meio a esse princípio de uma “nova era” dos esportes na região, o que será que podemos fazer para nos consolidarmos?


Por Igor Lucas*

Nós da região sul da Bahia sempre fomos acostumados a ter que ir para as grandes cidades para poder prestigiar um grande evento de esporte e grandes atletas em ação. Mas nos últimos anos as coisas estão começando a mudar e o nosso protagonismo está começando a surgir.
Se você esteve por fora, num recente final de semana o Centro de Treinamento CT M10, de Ilhéus, recebeu uma etapa nacional do Circuito Brasileiro de Futevôlei, com a presença dos melhores atletas do país e com a exclusividade ser a única cidade além das capitais que recebeu esse evento.

A conquista da oportunidade de sediar um evento desse porte reflete o momento de evidência da nossa região no esporte, e que o investimento vale a pena ser feito. Nesse mês de setembro, Porto Seguro recebeu a etapa nacional da elite do skate brasileiro, no mês passado Ilhéus recebeu mais uma edição da etapa nacional do Triathlon, e nos últimos anos vimos Itacaré diversas vezes receber eventos do surfe.

Em meio a esse princípio de uma “nova era” dos esportes na região, o que será que podemos fazer para nos consolidarmos? Na minha opinião, a resposta está em 2 pontos: a primeira (obviamente) é um apelo maior aos nossos governantes por mais investimento nos esportes na cidade tanto em eventos como em infraestrutura, e a segunda é investirmos e valorizarmos mais os nossos atletas locais.

Sobre o primeiro ponto, hoje felizmente podemos encontrar bem mais estruturas e locais para praticar mais modalidades que antigamente, como o skate, futevôlei, beach tennis, lutas, fisiculturismo, entre outros. Porém, essa estrutura ainda é muito restrita para poucas pessoas, seja por terem poder aquisitivo maior, ou seja pelos pequenos empreendimentos ainda não terem condições de suportar tanta demanda…

Nesse papel o investimento de prefeitura e governo (que reconhecidamente cresceu nos últimos anos), tem que se tornar maior ainda, para que as pessoas de poder aquisitivo menor tenham a oportunidade de praticar os esportes, e os empreendedores que investem na área tenham o poder de crescer ainda mais o seu negócio que será revestido em saúde para a sociedade local…

Agora voltando ao segundo ponto, muitas pessoas quando algum atleta pede ajuda financeira, devem pensar: “porque eu ajudaria? Não vai dar em nada”. Pois bem, não é preciso de muito para termos um grande exemplo de onde um atleta do interior pode chegar, afinal saiu de Ubaitaba, o nosso medalhista olímpico (e um dos maiores atletas da história) Isaquias Queiroz.

Vindo de origem muito humilde, o atleta conseguiu se desenvolver e ter uma oportunidade graças ao Programa Segundo Tempo, desenvolvido pelo Ministério do Esporte em 2003. Assim como Isaquias, diversos jovens locais tem um grande potencial para o esporte, basta apenas terem a oportunidade e suporte para desenvolver seus talentos. O retorno que eles podem trazer em caso de sucesso pode beneficiar o país, a região, a cidade local, seus investidores, e além disso você pode estar salvando uma vida e uma família.
O esporte é uma ferramenta de transformação social, melhora nossa saúde e eleva a nossa cultura. Estamos vivendo um grande momento de ascensão local do esporte na região, porém é necessário que nós e nossos governantes façamos mais para que isso se mantenha constante e evolua cada vez mais. A “chama olímpica” da nossa região se acendeu, cabe agora nós corrermos a tempo antes que ela se apague.

Igor Lucas
26 anos, Comunicólogo formado na Universidade Estadual de Santa Cruz, amante de futebol, tecnologia e cultura geek.