“Adote um atleta” planeja semente de transformação com jiu-jítsu em Itabuna


Projeto, assinado pelo campeão mundial Mikéias Bezerra, busca começar com aulas para 40 crianças e adolescentes de escolas públicas


Mikéias Bezerra acredita nas artes marciais como caminho para transformação social

 O menino do bairro Santa Inês, em Itabuna, que pedia ajuda nos semáforos para ir às competições, hoje ostenta o título de Campeão Mundial de Judô. Faixa preta de jiu-jítsu e judô, educador físico, dono de uma academia e com 34 anos de idade, Mikéias Bezerra conta que decidiu, de certa forma, retribuir à cidade que abraçou os sonhos dele. É assim que enxerga o projeto “Adote um atleta”.

Inspirada em ações semelhantes em outros estados, a iniciativa tem como objetivo abrir caminho para outros meninos aprenderem aquela arte marcial e até fazerem dela uma profissão. Segundo o lutador, para implantar a proposta, fará uma pesquisa nas escolas, identificando crianças de baixa renda e com problemas comportamentais.

O plano é distribuir 40 alunos em duas turmas de 20. Uma delas com crianças de 8 a 10 anos e outra de 15 a 17 anos. “É tirar crianças da zona de vulnerabilidade onde moram e mostrar outra realidade; o atleta será subproduto de um trabalho bem executado”, planeja.

“Ferramenta de maturidade”

Mikéias luta desde 14 anos de idade e vê nas artes marciais um caminho em nome da disciplina, da cidadania e do compromisso perante a sociedade. Ele conta que pretende ir pessoalmente buscar apoios. Inclusive, pais de alunos da academia dele já se comprometeram a ajudar. Situado no bairro de Fátima, o estabelecimento treina três alunos num esboço do que será o “Adote um atleta”.

Ele se declara convicto dos benefícios do “esporte como ferramenta para a maturidade emocional das pessoas”, para aprenderem regras de comportamento a seguir e, sobretudo, para o respeito ao próximo. Mais que isso, vislumbra a possibilidade de contribuir para a formação de futuros professores e até competidores. ”O professor cria um link de confiança com o aluno. Já imaginou se eu conseguir formar 20 atletas bons?”, acrescenta.

 Arte para transformar

Questionado sobre a possibilidade de pessoas com pretensões político-partidárias se aproximarem do projeto, principalmente por se tratar de um ano eleitoral, ele avisa: “Toda ajuda é bem vista, mas o projeto não é de âmbito político”.

Olhando para a trajetória que prova o quão transformadoras foram as artes marciais na vida dele, Mikéias tem a mãe como inspiração, orgulha-se em dizer que vive e se mantém dando aulas de jiu-jítsu. Nas palestras e treinamentos de funcionários em empresas, ele dá um exemplo de como os treinamentos o afastaram de caminhos tortuosos: “Dos meus 40 colegas de infância, só quatro estão vivos, sendo que um deles está preso”.

Mais informações sobre o projeto “Adote um atleta” podem ser obtidas pelos telefones (73) 3215-5327 ou 99849-0906.