Aglomeração no Bradesco desafia toda prevenção contra Covid-19 em Itabuna


Enquanto caixas não funcionavam, filas amontoadas em frente à agência na Cinquentenário


Uns minutos no banco expõem os clientes ao extremo risco em tempos de Covid-19; agora, também H3N2 (Fotos: Celina Santos)
A espera do lado de fora sinaliza que o serviço dentro do banco não está no nível ideal

Longa espera, revolta, frustração, risco à vida, desrespeito …  Apenas algumas das muitas palavras cabíveis para as centenas de pessoas que precisaram da agência do Bradesco na manhã desta segunda-feira (10). Em plena avenida do Cinquentenário, há na entrada do banco cerca de 20 caixas eletrônicos que hoje eram, digamos, meros enfeites.

Enquanto isso, do lado de fora, três filas de pessoas bastante próximas, cuja paciência era testada à enésima voltagem. Um funcionário, com máscara do tipo face shield sobre o rosto, delimitava a quantidade de clientes que podia entrar por vez. Apenas dois! “A fila é essa em frente, senhor, senhora”, repetia.

A todo momento, alguém retrucava: “mas é só para usar o caixa eletrônico!” E ele explicava que a fila do meio era, sim, para quem iria usar sozinho uma das máquinas. Detalhe: no intervalo de almoço, funcionavam apenas quatro dos dez caixas do lado esquerdo. Ali era possível fazer depósitos e saques.

No sentido oposto, onde não é possível depositar, apenas dois caixas funcionavam em alguns momentos da manhã. Uma comerciária que trabalha por perto contou ao Diário Bahia que desistiu de esperar. Mas antes testemunhou uma cena, no mínimo, revoltante.

Um cadeirante pôde entrar na agência, porém, naquele momento nenhum caixa eletrônico estava funcionando para fazer o saque que precisava. “Ele entrou, mas não conseguiu sacar, porque as máquinas tudo com problema. Em plena segunda-feira!”, lamentou.

O número de caixas eletrônicos indisponíveis è proporcional ao tamanho da fila do lado de fora

E(lent)trônico

Ciente do anonimato, ela detalhou: “Você fica duas horas pra sacar num caixa rápido. De máquina em máquina; umas três sem dinheiro, as outras não faz leitura [do cartão], as que a gente está conseguindo sacar é a mesma de depósito. Tem gente de empresa depositando e leva meia hora, uma hora. Além disso, o sistema é lento”.

Nesta mesma manhã fatídica, ela também viveu momento de indignação, diante de um serviço não realizado. “Eu fui quatro vezes para [sacar] 700 reais. Não saiu o dinheiro, deu como saque e você não consegue falar com ninguém. Eu liguei pra a gerência e não teve retorno; saí. Vou ver se o dinheiro volta pra a conta, porque tem três [tentativas de] saques de 700”, relatou.

“Junto e misturado”

Lembra que falamos em três filas de pessoas próximas logo no lado de fora? Até tinha no chão aqueles traços amarelos, pintados no início da pandemia. Agora, um tanto desbotados. Mas a fila atendia àquela máxima do “tudo junto e misturado”. Quando estivemos por lá, só presenciamos uma estagiária pedindo que as pessoas não ultrapassassem a fita que dava acesso ao banco.

Ah! A fileira da esquerda era dos que buscavam serviços internos (quando vencem a espera e finalmente entram no local, ficam sentados e junto a mesas, para que sejam chamados pelos bancários). Contudo, ao que consta, não é cumprida a lei municipal que estabelece tempo máximo de 15 minutos até o atendimento.

Ufa! Já a fila do lado direito, é reservada para aposentados serem atendidos na parte interna, nos mais variados serviços. Vale lembrar que aquele rol também não tinha nada de distanciamento. A maioria nesta, assim como nas demais filas, estava de máscara. Embora flagramos aquele descuido de deixar o adereço abaixo do queixo.

Com quantas aglomerações se multiplica uma pandemia?

Outro vírus

Ah! Falamos tanto na doença causada pelo coronavírus, mas não podemos esquecer o H3N2 (subtipo do vírus da gripe), que também está lotando as unidades hospitalares na cidade. Incluindo a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro Monte Cristo.

Entre boletins mostrando o número crescente de infectados; quantidade decrescente de vagas disponíveis na UTI; sucessivos decretos com ocupação máxima nos eventos, seguimos rogando por um dia histórico: que a OMS (Organização Mundial da Saúde) identifique o FIM da maldita pandemia. Amém!