Água doce já chega a cerca de 80% das residências em Itabuna



@água com as chuvas
A captação em Castelo Novo melhorou com as chuvas

Por Evellin Portugal

 

Por conta da maior estiagem enfrentada pelo sul da Bahia em 50 anos, desde novembro do ano passado a população de Itabuna não sabia o que era receber água doce nas torneiras. Este cenário, no entanto, já começou a mudar. As chuvas que caíram na região durante as últimas semanas melhoraram a situação dos mananciais. Com isso, cerca de 80% dos itabunenses já estão recebendo água com índices de salinidade consideravelmente mais baixos, segundo a assessoria da Empresa Municipal de Águas e Saneamento (Emasa).

A cidade tem mais de 62 mil ligações, entre casas e estabelecimentos comerciais. Apenas os bairros Califórnia, Fátima, Loteamento Tupinambá, Novo Horizonte e parte do Santo Antônio ainda não foram totalmente abastecidos pela água com o menor teor de cloreto. Ainda de acordo com a Emasa, o fornecimento completo de água doce nesses locais deve ocorrer nos próximos 10 dias ou, no máximo, até o fim deste mês.

 

Vazão

A chuva também colaborou com o aumento momentâneo da capacidade das estações que abastecem Itabuna. A Emasa já está captando, a cada segundo, 250 litros em Castelo Novo, 100 litros em Rio do Braço e 60 em Nova Ferradas. Somando as três estações, a vazão é de 410 litros por segundo. No auge da crise hídrica, esse número foi reduzido drasticamente, chegando a apenas 250 litros por segundo. Antes da crise, no entanto, a captação já era insuficiente. A vazão ideal para abastecer Itabuna seria de 1.400 litros, mas só era possível captar de 850 a 900 litros por segundo.

O abastecimento via Castelo Novo sofre influência da maré, mas há bem menos salinidade, já que, com o retoro das chuvas, a invasão do mar no Rio Almada diminuiu. Ainda ocorre uma mistura com a água captada em Rio do Braço, que é totalmente doce.

Porém, mesmo com a melhora, a Emasa alerta que ainda não foi autorizado o consumo humano. Conforme informou a assessoria da empresa, é necessário aguardar análises feitas pelo departamento de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde. O setor, por sua vez, deve esperar chover um pouco mais para fazer as avaliações, já que se a estiagem voltar, há o risco de Itabuna receber água salgada novamente.

 

Alegria da população

@Isaías
Isaías Vitor é morador do bairro Banco Raso

Enquanto a nova água cai, os itabunenses comemoram. Morador do bairro Banco Raso, o vendedor Isaías Vitor Silva afirma que ter água doce novamente é um alívio, inclusive para o bolso. “Todo mundo estava gastando muito dinheiro, porque tinha que comprar água mineral até para cozinhar. E quem não tem tanta condição, estava sentindo o bolso pesar, já que não dá para ficar sem água. É um bem essencial”.

Além da mineral, a família de Isaías ainda tinha que ajustar o orçamento para comprar água potável, já que o bairro deles chegou a passar mais de 20 dias sem ser abastecido. “Na minha casa moram cinco pessoas, incluindo o meu avô, que é acamado. Então precisamos de muita água, principalmente para higienização. Aí a gente tinha que comprar por fora, porque mesmo salgada, demorava muito para chegar. As coisas já são apertadas e esse gasto a mais acabava influenciando nos planos familiares”, revelou.

@Renilda
Renilda do Amparo está feliz com a água que tem recebido em casa

Outra habitante do Banco Raso, Renilda do Amparo destaca a diferença da água que tem recebido ultimamente. “Antes estava um transtorno, os talheres, torneiras, pias, tudo enferrujando. Eu também não podia tomar banho de chuveiro, porque ficava me coçando. Aí tinha que pegar água todos os dias no tanque que a Emasa colocou aqui no bairro. Mas agora a gente já vê essa melhora. Eu já posso tomar banho com a água que chega, tranquilamente”, contou.

A dona de casa ainda relata que o abastecimento tem sido mais frequente, fazendo com que os moradores não dependam tanto do reservatório comunitário. “O tanque fica em frente a minha casa e nós já presenciamos muitas brigas, pois era muita gente e pouca água. Como toda a população estava passando por essa dificuldade, todo mundo queria pegar. Uns pegavam mais, outros menos, então dava muita confusão. Ainda bem que a situação está sendo normalizada, porque eu já estava vendo a hora de acontecer algo pior”, comemorou.

Além da quantidade insuficiente para atender todo o bairro, às vezes os carros-pipas chegavam quando ainda era madrugada. “Já chegou 3, 4 horas da manhã e a gente tinha que acordar nesse horário mesmo para garantir, ou então ficava sem água. Agora não tem mais esse sacrifício. As filas diminuíram bastante e a água que acabava em pouco tempo, agora fica até de um dia para o outro. Está maravilhoso”, finalizou.