ANIVERSÁRIO E ALGUMAS HISTÓRIAS (II)


“A praça Olinto Leone nem sempre foi uma praça ou um jardim; naquela área já existiu o segundo cemitério da cidade”


Rio Cachoeira

Rio torto,

Rio magro

Rio triste.

Parece que chora,

Sente dor…

Parece que fala em lamentos

Dos afogados que engoliu,

Das flores que já levou

O remorso, Cachoeira,

O remorso te entortou

 

Na edição passada iniciamos uma conversa sobre a nossa Itabuna, que se prolongará até o dia 28 de julho e, hoje, damos continuação, citando os versos da poetisa itabunense Valdelice Soares Pinheiro; e assim vamos falando sobre a cidade e enaltecendo os seus poetas.

Abordaremos algumas ruas e praças da cidade, já que não dá para citar todas; o povoado que seria chamado de Tabocas teve seu início em ambas as margens do Cachoeira, primeiramente, à direita, no local chamado de Marimbeta, onde Félix Severino de Oliveira, segundo o relato de nossos historiadores, ergueu a primeira casa; posteriormente, o mesmo viria a acontecer na margem esquerda, surgindo a rua da Areia, o primeiro arruado que nascia e que daria início ao crescimento do futuro núcleo urbano; a rua da Areia englobaria o local onde hoje ergue-se o edifício Módulo Center e seguiria em direção à hoje rua Miguel Calmon. A praça Olinto Leone nem sempre foi uma praça ou um jardim; naquela área já existiu o segundo cemitério da cidade, posteriormente um campo de futebol até que, em 1924, sendo administrador da cidade Laudelino Lorens, foi transformada em jardim, quando, também, foi construída uma amurada à margem esquerda do Cachoeira, que existiu até o final dos anos sessenta. Anos depois, em 1931, o jardim da praça Olinto Leone sofreu sua primeira remodelação, por iniciativa do então prefeito Glicério Esteves Lima, quando bonitas alamedas foram construídas, com árvores cortadas artesanalmente em forma de animais e de prédios e foi lamentável a segunda modificação do jardim, em 1958, na gestão do prefeito Francisco Ferreira da Silva, quando as alamedas e as árvores foram substituídas por bancos longos e introduzidas fontes luminosas; a última reforma ocorreu em 1995, na gestão do prefeito Geraldo Simões, mas mantendo, basicamente, o traçado de 1958.

Por muitos e muitos anos foi o Jardim da Praça Olinto Leone, conhecido pela juventude como o Jardim da Prefeitura, pois aí se encontrava o prédio – que se encontra até hoje – que servia como Prefeitura Municipal e sede da Câmara de Vereadores. Também aí se erguia o Itabuna Clube, marco importante na realização de atividades esportivas e festas por mais de três décadas.

Os jovens frequentavam a praça Olinto Leone para bater papo, para namorar (naquele tempo ainda se namorava), para participar das concorridas festas do Itabuna Club, onde também se disputavam jogos de basquete; enquanto os jogos ou as festas não começavam, fazia-se o “footing” pelos amplos passeios; também durante o dia, grupos de estudantes que saíam do Divina Providência ou da Ação Fraternal, principalmente os do turno vespertino, sempre encontravam um pretexto para dar uma “voltinha pelo Jardim da Prefeitura”.

Nos anos cinquenta e sessenta, havia o matadouro no local onde hoje ergue-se o IMEAM e a boiada vinha dos sertões passando por Bananeiras, Burundanga, Berilo, rua da Jaqueira e, a partir do ponto onde hoje encontra-se a ponte do Marabá, havia um caminho, mais abaixo do nível da rua, por onde a boiada seguia até o matadouro; pois bem, vez por outra um enfezado boi resolvia deixar a manada e se danava pelas ruas e pelo jardim, botando muita gente para correr; certa feita, um boi “fujão” foi parar no pátio da Ação Fraternal, isso depois de meter medo a muita gente.

A praça Olinto Leone, o Jardim da Prefeitura, como era carinhosamente chamado, marcou uma época dourada na história de nossa Itabuna. É bem verdade que a população era bem menor, o número de veículos também era pequeno; não havia televisão nem internet; não se falava em tóxico e a juventude gostava mesmo, durante esses momentos de lazer, era de “paquerar”, discutir futebol e amenidades e respirar o ar de liberdade e o vigor da mocidade.

Ah tempos bons que não voltam mais!