Artigo de João Otávio Macedo – COM A ARTE E COM O ESPORTE


“governos deveriam incentivar e ajudar essas áreas sensíveis, conduzindo a juventude para momentos sadios, de companheirismo, de respeito ao próximo e à sociedade”


Dados publicados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) mostram que houve um gasto de cerca de 15,8 bilhões de reais com as prisões no país, no ano de 2017 e, segundo publicação do Ministério da Justiça, havia 726 mil presos em junho daquele ano. Há quem diga que o número de presos é mais alto, embora o nosso Brasil não seja o que apresenta maior população carcerária, proporcionalmente à população, mas de qualquer modo, é um número elevado e melhor seria que estivéssemos com uma estatística bem diferente.

Que o nosso país é um dos mais injustos do mundo, em relação à distribuição da riqueza nacional, todos sabem, contudo, não é tarefa fácil apagar esse dado que nos envergonha, pois envolve vários pontos nevrálgicos, passando pelo alto índice de desemprego, evasão escolar, paternidade irresponsável, descumprimento das leis, avanço do tóxico, enfim, várias questões que se encontram envolvidas na gênese da violência que acaba tendo, como consequência, vários homens e mulheres nas prisões, principalmente jovens.

Os exemplos têm mostrado que o jovem que se envolve com as artes e com o esporte tem mais chance de escapar da marginalidade e os governos deveriam incentivar e ajudar essas áreas sensíveis, conduzindo a juventude para momentos sadios, de companheirismo, de respeito ao próximo e à sociedade. Exemplos não faltam de jovens que foram retirados do tóxico ao serem cooptados pelo esporte ou pela música. Incentivando o jovem escolar a aprender a tocar um instrumento e/ou praticar uma das várias modalidades de esporte já é meio caminho andado para não enveredar pelas drogas ilícitas e pela violência.

Recentemente vi, pela televisão, a apresentação da uma orquestra sinfônica da cidade fluminense de Barra Mansa, durante o festival de inverno de Campos de Jordão, formada, na maioria, por jovens, inclusive o maestro e fiquei imaginando por que não há um maior número dessas orquestras em nosso país. Tome-se o exemplo de nossa Itabuna que, muito antes de sua emancipação política, chegou a ter duas filarmônicas; hoje, os esforçados dirigentes da Sociedade Montepio dos Artistas, a quarta sociedade mais antiga de nossa terra, têm grande dificuldade para manter uma filarmônica, que já foi pujante e participava, ativamente, dos momentos cívicos de Itabuna.

Há outros exemplos, no campo da música, como o Coral da professora Zélia Lessa, do Coral da Escola Clave de Sol, da professora Mariângela Oliveira, oriunda de uma família de amantes da música e esse grande exemplo do músico Carlos Oliveira que, no bairro da Mangabinha, mantém uma escola musical para jovens, também com dificuldade na aquisição de instrumentos.

Infelizmente têm faltado a muitos dirigentes a devida sensibilidade e a vontade política de investir na juventude; lugar de jovem é na escola, mas dentro das tarefas que realizam no âmbito da escola, uma atenção às artes, à música e aos esportes. Quem sabe se o incentivo a essas atividades não estimularia o jovem estudante a nelas permanecer, a não se jogar no mundo cinzento e, na maioria das vezes, sem volta, das drogas e da criminalidade.