Artigo de João Otávio Macedo – O CARNAVAL E OS REGIONALISMOS


“Foi no século XIX que ocorreram as primeiras manifestações do carnaval na então capital do império, o Rio de Janeiro”


Estamos na semana que antecede a festa mais popular do Brasil e milhares de pessoas já se preparam para cair na folia momesca; o carnaval é festa pertencente ao calendário cristão-ocidental, anterior ao período quaresmal e, acredita-se, tenha suas origens na França, aparecendo depois na península ibérica e daí se irradiando para boa parte do mundo, inclusive para o nosso país.

Foi no século XIX que ocorreram as primeiras manifestações do carnaval na então capital do império, o Rio de Janeiro, com o “Entrudo”, uma soma de brincadeiras que causavam mais constrangimento do que propriamente alegria, mas já então davam-se os primeiros passos para uma transformação que ia se aperfeiçoando a cada ano, surgindo os blocos, as fantasias, as músicas e outras inovações, até chegarmos aos dias atuais, com manifestações totalmente diferentes daquelas do século XIX.

Diversas capitais e cidades brasileiras também passaram a comemorar o carnaval que, por sua vez, sofreu influências regionais, com algumas nuances que passaram a caracterizar o carnaval festejado nos vários pontos do país; o carnaval do Maranhão é centrado na figura e nas brincadeiras do boi-bumbá; em Recife, Olinda e outras cidades pernambucanas, é um carnaval de rua bastante prestigiado, com aqueles bonecos gigantes que imitam figuras bastante conhecidas no mundo da política, das artes, do esporte e os participantes dançando ao som e ao ritmo do frevo, que apresenta uma coreografia bastante característica, apresentada por foliões de várias gerações.

No nosso estado, que também apresenta um carnaval de rua muito festejado, tem a característica do trio elétrico, surgido no início dos anos cinquenta, comandando a folia e onde se apresentam os artistas que arrastam multidões.

Já no Rio de Janeiro, a eterna cidade maravilhosa, onde tudo começou, o ponto alto do carnaval é, sem dúvida alguma, o imponente desfile das escolas de samba, misto de luxo, beleza e cultura, contando a história do Brasil e do mundo através dos sambas-enredo; os blocos, os cordões continuam aparecendo, mas o que mais atrai turistas, daqui e do exterior, são as escolas de samba.

O carnaval tem um impacto muito grande na economia de muitas cidades, pois envolve artesãos de várias áreas, compositores, cantores e comerciantes variados, desde a confecção das fantasias e dos carros alegóricos até a data do desfile, quando a venda de alimentos e bebidas atinge o seu ponto alto.

O carnaval comemorado nos salões dos clubes já teve o seu ponto alto, mas foi perdendo terreno para o praticado nas ruas, porém em algumas cidades, os salões são o palco de muita animação, mormente para as crianças.

Com as mudanças regionais e as próprias modificações sofridas pela folia momesca, as famosas “marchinhas” perderam o seu brilho, alcançado entre os anos trinta e sessenta, na época de ouro do rádio, quando o povo começava a ouvir e a aprender a letra dessas “marchinhas” já no final do ano anterior ao carnaval. Nos blocos e, mais ainda, nos salões dos clubes, as marchinhas eram tocadas e cantadas e suas letras, se bem observadas, retratavam, fielmente, determinado período da história da capital da república e do resto do país.

Estamos, portando, entrando na alegria de um novo carnaval que se espera seja movimentado, muito participativo, apresentando as suas características regionais, mas tendo com fulcro, a alegria.