ARTIGO DE JOÃO OTÁVIO MACEDO – OS APUROS DE BOLSONARO


"Nas últimas eleições ocorreu um fenômeno novo, a utilização das chamadas “redes sociais"


Passada a euforia pela vitória nas últimas eleições ocorreu, como sempre, aquela fase de “lua de mel”, entre o resultado eleitoral e a posse, quando os futuros deputados e senadores ainda não foram empossados e, como se diz, “tudo são flores”. Ocorre que esse período dura pouco e, de repente, os problemas começam a surgir.

Nas últimas eleições ocorreu um fenômeno novo, a utilização das chamadas “redes sociais”, tirando, da televisão aberta, a primazia do contacto entre os candidatos e os eleitores; pela primeira vez, após tantos anos, os “marqueteiros” não deram o tom da campanha nem comandaram a vitória de um candidato, o que nos parece um avanço democrático, pois o candidato passou a dialogar diretamente com o seu eleitorado, sem a interposição de indivíduos inteligentes e muito sagazes, todos ávidos por muito dinheiro. Na recente historia eleitoral do Brasil tivemos inúmeros exemplos.

E eis que chega o Jair Bolsonaro ao poder, o que a muitos parecia coisa irrealizável, prometendo um duro combate à corrupção e dizendo que daria uma nova feição ao dia a dia da política, acabando com aquele famigerado e duradouro esquema do “toma lá dá cá”, que vinha imperando no mundo da política já há algumas décadas; desde o início da campanha prometeu que iria encaminhar ao Congresso Nacional, tão logo tomasse posse, a reforma da previdência que, justiça se faça, Michel Temer também tentou, mas não conseguiu; não é fácil mexer no “vespeiro” dos privilégios; aos afortunados que “mamam nas tetas do poder,” pouco importa se a formidável massa de aposentados, a maioria, ganha pouco, justamente para compensar as polpudas e injustas aposentadorias que desequilibram as contas públicas; a discussão já se encontra no Congresso Nacional e vamos ver o que vai dar.

O presidente tem, nos seus calcanhares, uma oposição que “não lhe dará trégua”, como ouvi de um deputado petista e setores importantes da comunicação, Rede Globo à frente, mostrando, diariamente, algumas irregularidades que teriam sido cometidas por seus filhos, todos com mandato no legislativo, federal e municipal; por outro lado, o presidente, que parece ser bom de briga, também fustiga adversários e membros da comunicação, na sua área favorita, as redes sociais; e assim, quase diariamente, há uma confusão em Brasília, o que também já ocorreu em governos passados mas que não havia, como agora, a participação das citadas redes sociais.

Na democracia é assim mesmo; o parlamento é para debates embora os senhores deputados e senadores não devem perder  a compostura, procurando manter a discussão em alto nível; a população está de olho na atuação de seus eleitos e, mais do que antigamente, cobrará o que foi prometido nas campanhas.

O país precisa dessa reforma da previdência pois, segundo ouvimos de figuras sérias e bem entendidas no assunto, caso não seja realizada, o rombo nas contas públicas não terá fim, inviabilizando  o que necessita ser feito, com urgências, em áreas sensíveis como a infra-estrutura, a saúde e a segurança.